Olá amigos!
Quando vamos planejar o futuro, é fundamental questionar: “O que eu quero?” ou “O que eu desejo?” Começar por estas perguntas, sobre o nosso objetivo, meta ou alvo, pode ser angustiante. Afinal, às vezes não sabemos bem o que queremos… Na parte profissional, a indecisão surge por se querer resultados contraditórias, mas o mais comum é não saber ao certo o que se quer.
Se perguntamos, o que você quer da sua profissão ou de uma profissão considerada interessante, ouviremos muitas respostas. Dinheiro, status, reconhecimento público, poder e a lista continua. Se continuarmos perguntando:
– O que você quer com dinheiro? Ou do dinheiro?
– O que você quer com o status? Ou do status?
– O que você quer com o reconhecimento público? Ou do reconhecimento?
– O que você quer com o poder? Ou do poder?
É bem provável que encontremos a resposta: ser feliz, ter paz, ter tranquilidade ou um sentimento, uma sensação prazerosa. É incrível constatar como nossas escolhas acabam sendo, em última instância, ligadas aos sentimentos que atribuímos à dor ou ao prazer. Em outras palavras, o modo como ligamos o prazer a e dor a cada comportamento, vai determinando lentamento o nosso caminho.
Por exemplo, alguém pode achar lindo ter um corpo definido na academia. O esforço de treinar várias vezes na semana, porém, pode ser sentido como terrível, um desprazer insuportável e impedir que a pessoa consiga atingir o ideal imaginado. Ou, esta dor ir sendo substituída pelo prazer dos pequenos resultados e da sensação de bem estar ao final de cada malhação.
Este é um exemplo simples – e até banal – de como a sensação de dor ou de prazer vai moldando a nossa vida e o nosso futuro. Se utilizarmos a mesma lógica e pensarmos no estudo, o resultado é também interessante. Alguém pode sentir prazer em estudar. Alguém pode detestar estudar ou detestar estudar uma matéria. Se o desprazer é sentido como intransponível, pode ser o que vai conduzir o sucesso ou o fracasso no vestibular, no Enem, ou nas provas e avaliações de uma faculdade…
Mas o que eu gostaria de abordar neste texto é a respeito do trabalho. Acho brilhante a frase do Sr. Madruga: “Ruim não é ter trabalho, ruim é ter que trabalhar”… e o que me fez escrever este texto foi o pensamento de Maria Rahme: “Em vez de ficar torcendo para chegar o feriado ou o final de semana, porque você não arranja uma vida da qual você não precise fugir?
Esperando o final de semana, o feriado, as férias
Nos últimos dez dias, eu fui duas vezes até a cidade de São Paulo (moro no interior de Minas). Na época que morava em São José dos Campos, uma grande cidade próxima a São Paulo, tinha a sensação cotidiana que tive novamente nestas duas viagens rápidas até a capital financeira do país. Olhando para os rostos das pessoas, difícil é encontrar alguém com o semblante feliz. Tirando os insones, sobram milhares de estressados, irritados, ansiosos, tristes, fóbicos…
Claro que esta é a impressão de um momento, um flash de uma vida no metrô ou nas ruas das grandes cidades – o que não quer dizer que milhões e milhões de pessoas tenham estes problemas. Mas repito: é muito difícil ver alguém sorrindo ou com um ar de felicidade por estar vivendo. E eu sempre me pergunto: então porque não mudar? Porque não encontrar uma saída, uma vida da qual não se precise fugir?
Um dos professores do meu doutorado, que morou oito anos na Alemanha, dizia que lá o projetos para as cidades tentavam limitar o número máximo de habitantes através de políticas públicas, com a ideia de que uma cidade com mais de um milhão de pessoas torna-se ingovernável. Não entendo de política alemã, mas entendo que esta diretiva se justifica pelo bem estar que cada pessoa pode ter morando em um megalópole ou em uma cidade do interior.
Evidentemente, cada pessoa tem o seu valor e alguns conseguem associar o cheiro do rio Tietê e do rio Pinheiros com a sensação de estar voltando para a casa…
Mas voltando ao assunto do texto, quando chegamos a um nível de realização financeira, percebemos que mais importante do que o dinheiro, mais importante do que o que os outros pensam de nós, mais importante do que o poder, a glória, a vaidade é o tempo.
O tempo, como sabemos desde Santo Agostinho, é difícil de definir, embora todos saibam o que é. A questão é que vivemos como se fôssemos eternos, mas e se soubéssemos que temos mais 10 anos de vida? Mais 20? Enfim, e se passarmos a perceber que o nosso tempo de vida não é infinito, que temos que fazer escolhas aqui e agora, que vão ter consequências para o nosso futuro? Mas, acima de tudo, que a nossa avaliação sobre o nosso futuro profissional possa estar um pouco desfocada?
Steve Jobs dizia que não queria ser o homem mais rico do cemitério e encontramos uma relação com a frase do Dalai Lama: “Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer… e morrem como se nunca tivessem vivido”.
Enfim, todas estas perguntas e indagações surgem da clínica e da experiência pessoal. Afinal, de que adianta ganhar milhares de dólares e não ter tempo para viver? Adiar a felicidade para a velhice? Esquecer do que realmente importa para acumular cifrões na conta bancária? Porque não inverter a lógica e ter dois dias de trabalho e cinco de final de semana? É a proposta do livro “Trabalhe 4 horas por semana“
Neste livro, podemos ver Ferris, o autor perguntar: que sentido há em viver uma vida infeliz? Esperar as folgas (feriados, férias e finais de semana) para se sentir livre da prisão de um trabalho? Sei que as justificativas virão: mas tenho contas a pagar, tenho filhos ou família, não tenho outras oportunidades… mas, eu, particularmente e sinceramente, duvido. Estas desculpas acabam sendo desculpas para justificar e jogar a culpa fora de si, nos outros, nas circunstâncias, no destino ou no que for que não dependa da própria atitude.
E, no final das contas, ninguém vai agradecer alguém por ser infeliz… ou por ser feliz apenas nos finais de semana, feriados e férias…
Comecei a acompanhar o site ontem e hoje já recebo um e-mail com o texto que cita minha terra natal, São José dos Campos. Faço diariamente a viagem São José x SP e lendo sua obervação sobre as pessoas, me fez relembrar minha primeira semana de SP. As pessoas caíndo pelos cantos de sono no metrô, uma correria, uma urgência transformada em falta de educação…lembro de comentar isso com os amigos e famíliares na época. Hoje seis anos depois, sou parte desse cenário, dessas pessoas e não fosse seu texto para me relembrar, nem pensaria que um dia isso já foi estranho pra mim!
Bom texto para refletir no feriado!
Abraço
Simone
Olá Simone,
Morei em São José em 2007 e tenho parentes próximos morando aí até hoje.
É uma cidade ótima, excelente mesmo. Porém, ao menos na época, não foi interessante para mim, por uma série de motivos pessoais que não vem ao caso, rsrs.
De qualquer forma, as multidões me fascinam ao mesmo tempo que me intrigam. Não posso deixar de ter a impressão de que todas aquelas pessoas não estão felizes e que, se perguntarmos, escutaremos que elas preferiam estar em outro lugar.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Já morei no interior de minas por três anos e nos dois primeiros anos já estava completamente cansado, exausto de morar em uma cidade pequena.
Sentia tanta falta da minha cidade natal São Paulo que até entrei em depressão.
São Paulo é uma loucura ,mas tenho grande amor por esta cidade não a trocaria por nenhuma outra cidade. Acho a vida em cidade pequena monótona, repetitiva e cansativa. Provavelmente essas pessoas que vc viu amarguradas e não sorridentes são de outras cidades, para amar São Paulo precisa ser ou melhor ter nascido aqui. Ahh como amo a cidade de São Paulo….o cheiro do rio tiete com certeza não nos faz lembrar que estamos perto ou chegando em casa,mas sim o descaso e a ignorância do ser humano.
Felipe acredito que você seja um excelente psicologo…. o caos pode ser silencioso como pode ser barulhento…
Olá Nina,
Bem, parece que este trecho do texto realmente chamou a atenção! rsrs
E o texto nem é especificamente sobre o tema.
Até reli de novo para ver se tinha falado alguma bobagem ou feito alguma generalização.
Analiso que esta imagem da multidão infeliz me veio pela proximidade das viagens e por ser uma imagem forte.
A psicologia clínica nos deixa com um olhar apurado sobre os sentimentos alheios. Ao menos nestes momentos, 99% das pessoas me pareciam não estar bem. O que não quer dizer que em cidades pequenas a situação seja melhor.
Acho que a minha indignação vem do fato de que podemos mudar, podemos ficar bem, podemos ser felizes – assim como você fez. Vendo que o interior não era adequado para ti, você voltou a São Paulo e é ótimo que você ame a cidade em que vive! No final, esta era a intenção do texto, fazer uma reflexão sobre o que não estamos querendo, como fugir em finais de semana, feriados e férias, para uma outra vida.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Alex,
Obrigado!
Bem, como comentei acima, e no próprio texto, cada um cria e convive com seus próprios valores. É certo que alguém pode ser feliz em uma cidade caótica. O que tentei apontar é que, caso a felicidade não seja encontrada (no lugar, no trabalho, no estudo) é possível tomar um outro rumo.
Atenciosamente,
Felipe de Souza