São bastante conhecidas as cinco fases do luto: negação, barganha, tristeza, raiva e aceitação – não necessariamente nesta ordem. Ou seja, as fases não são sequencias ou sucessivas. Podemos ir e voltar entre elas nesse processo que chamamos de luto. Mais recentemente, tem surgido a perspectiva de uma sexta fase do luto. Esta fase apareceria mais ao final e representaria uma espécie de resolução: a sexta fase é chamada de esperança (no inglês, hope).
Os cinco processos do luto lidam com a perda e com o passado. A esperança aponta para a vida futura, a vida que fica e continua. Um ponto fundamental para entender a esperança é o processo de honrar a vida que se foi com a vida que fica.
Em outras palavras, ao perdermos um ente querido – e após as cinco fases – passamos a ter a consciência de que a vida segue, e será melhor seguir se pudermos homenagear e honrar a pessoa que se foi, de forma a trazer para os nossos comportamentos e ações os valores da pessoa querida que nos deixou.
Valores e vida
A vida de cada pessoa, é claro, é única, individual, insubstituível. Os valores que cada um de nós concretiza, em vida, entretanto, podem ser considerados universais. Por exemplo, ser uma pessoa generosa, praticando atos de generosidade no dia a dia, é um valor que não se restringe, obviamente, a uma única pessoa.
Ao perdermos uma pessoa querida, perdemos a sua individualidade, o seu ser único. O que esta sexta fase do luto aponta é a possibilidade de, ao admirarmos as qualidades deste ser, podermos fazer escolhas condizentes com estas qualidades compartilhadas e valores conjuntos.
Deste modo, em meio à dor e ao sofrimento, vamos encontrando um norte para continuar vivendo, motivações para seguir adiante.
Perguntas para encontrar os valores
Essencialmente, podemos pensar em duas perguntas para os valores:
1) O que eu admiro nesta pessoa?
2) Como eu posso concretizar o que eu admiro, mesmo que de vez em quando, aos poucos, no meu dia a dia?
Por exemplo, se eu admiro a coragem, a determinação, como posso incluir um pouquinho mais de coragem e determinação no meu cotidiano?
Se a admiração se refere à alegria, como trazer mais alegria para algumas atividades?
Se eu admiro a compaixão, como viver mais a compaixão pelos outros – e por mim – na minha rotina?
Conclusão
Vivendo um certo tempo de vida, parece inevitável passar por lutos, desde perdas ligadas a objetos, posses, animais de estimação até a pessoas muito próximas, amigos, parceiros, entes queridos.
Alguns lutos parecem ser mais fáceis do que outros, embora todos possam causar sofrimento e dor. Não existe uma fórmula sobre como viver o luto, a não ser dar tempo ao tempo e entender que é um processo com muitos altos e baixos.
A sexta fase do luto nos traz um entendimento a mais: de que a força para continuar pode ser encontrada no que nos faz admirar os outros, ou seja, os valores.
PS: Lembrando que, mesmo sendo um processo totalmente natural, podemos buscar ajuda de um profissional da psicologia no luto.
Dúvidas, sugestões, comentários, escreva abaixo.
Boa noite!
Dr. e no caso de suicídio? as fases são as mesmas?
Perdi um filho vitima de suicidio em 2020, extremamente difícil .
Boa noite! Sinto muito Elisabete por sua perda.
Respondendo a sua pergunta: teoricamente sim, as fases sao as mesmas. Mas é importante salientar que neste caso a ajuda psicológica pode ser um pouco diferente, caso a pessoa enlutada busque ajuda de psicoterapia. Como digo no texto, os lutos são diferentes e algo que gostaria de frisar é que é possível contar com a ajuda de um profissional da psicologia também nestes contextos, ok?
Abraços