A psicologia clínica avançou muito nas últimas décadas. Temos evidências científicas da sua eficácia e efetividade. O modelo predominante até aqui foi de criar protocolos de tratamento para cada transtorno mental. Agora, vemos o início de um modelo novo: a terapia baseada em processos.

Em certo sentido, não é propriamente uma nova terapia. É uma nova maneira de organizar os conhecimentos da psicologia baseada em evidências para a prática clínica. Assim, a terapia baseada em processos pergunta:

“Que processos biopsicossociais nucleares devem ser focados com este cliente, considerando este objetivo nesta situação, e como eles podem ser mudados mais eficiente e efetivamente?”

Antes de entrarmos na definição de processos de mudança, vamos traçar um breve histórico do modelo anterior: protocolos para síndromes.

Protocolos para síndromes

As pessoas sempre procuraram fazer psicoterapia devido a algum tipo de sofrimento. Podemos pegar como exemplo um paciente que está se sentindo deprimido. A pergunta que deu início a este modelo de pesquisa na psicologia clínica foi:

“Que tratamento, realizado por quem, é o mais efetivo para este indivíduo com esse problema específico, em que conjunto de circunstâncias, e como ele se dá?” (Paul, 1969; p. 44).

Em outras palavras, como podemos saber que um tratamento é útil para um paciente deprimido? Será psicanálise, psicologia humanista, terapia comportamental ou outro tipo de tratamento?

Utilizando o modelo psicobiológico, ou seja, que faz uso de pressupostos da medicina para os transtornos mentais (como o DSM, Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais criado pela Associação Psiquiátrica Americana), é estabelecido um diagnóstico do que é e do que não é depressão – como uma lista de sinais e sintomas.

Se este paciente deprimido fosse participar de uma pesquisa de eficácia de um determinado tratamento, ele seria incluído em um grupo, de forma randomizada. Com outros pacientes diagnosticados da mesma forma, ele iria para um de dois grupos. Por exemplo, receber psicoterapia cognitivo-comportamental ou iria para o grupo placebo. Outro desenho de pesquisa seria comparar a psicoterapia com um medicamento.

Após a realização da pesquisa e análise dos resultados por métodos estatísticos, seria feita uma comparação de um grupo de intervenção com o outro, gerando dados sobre a eficácia do tratamento.

Este tipo de pesquisa foi feita exaustivamente para depressão e para todos os outros transtornos listados no DSM. Por isso podemos dizer que temos evidências mais que suficientes de que a psicoterapia funciona (várias formas de psicoterapia para vários tipos de sofrimento).

Existem, entretanto, alguns problemas com este método de pesquisa. Vamos focar aqui em 3 problemas:

  • As evidências sobre os tratamentos não vêm melhorando com o tempo. Ou seja, o campo da psicologia clínica não tem conseguido avançar, melhorando os resultados com este tipo de pesquisa
  • Perdemos muitos dados da individualidade dos pacientes ao colocá-los em grupos e utilizamos apenas certos métodos estatísticos. Deixamos de saber porque e como funciona para um paciente específico.
  • Foram criados centenas de protocolos. Fica inviável para o profissional da psicologia clínica aprender todos eles.

Para quem, como eu, já aprendeu vários protocolos para diversos transtornos, um dado chama a atenção: muitas técnicas estão presentes em muitos protocolos, quer dizer, encontramos técnicas que são comuns entre os protocolos. Por exemplo, a técnica de exposição é comum para transtornos de ansiedade, estresse pós-traumático e transtorno obsessivo compulsivo.

E é nesse sentido que surge a terapia baseada em processos. Repetindo a pergunta:

“Que processos biopsicossociais nucleares devem ser focados com este cliente, considerando este objetivo nesta situação, e como eles podem ser mudados mais eficiente e efetivamente?”

A ideia não vai ser de que este tratamento X funciona para o paciente Y (infelizmente nem sempre funciona), mas sim quais os processos que podemos focar com este paciente individual, neste momento particular, para ter os melhores resultados.

Definição de processos de mudança

“Definimos processos de mudança terapêutica como mudanças ou mecanismos baseados na teoria, dinâmicos, progressivos, vinculados ao contexto, modificáveis e multinível que ocorrem em sequências previsíveis, empiricamente estabelecidas e que podem ser usados para produzir resultados desejáveis”

Gostaria de focar neste texto no multinível. São, portanto, processos que os terapeutas vão fomentar para cada paciente em uma situação contextual de vida específica que visam modificações em:

Design de Felipe Luis Melo Souza

Na imagem podemos ver os níveis de afeto (ou emoções e sentimentos), cognitivo (pensamentos, memórias), comportamento, atenção, self (como eu me vejo e penso sobre mim mesmo), motivação, biofisológico (corpo), sociocultural e o contexto.

Em cada um destes níveis já sabemos formas de intervir que vem da psicologia baseada em evidências.

O livro que vamos estudar aborda este novo modelo em detalhes.

Grupo de Estudos

O grupo de estudos acontece aos sábados, das 14:00 às 15:30 e os encontros ficam gravados e podem ser acessados a qualquer momento depois em nosso site de cursos.

Estudaremos o livro Aprendendo a Terapia Baseada em Processos: Treinamento de Habilidades para a Mudança Psicológica na Prática Clínica, de Steven Hayes e Stefan Hoffman. 

Inclui resumos dos capítulos, slides e a apresentação que farei no início de cada encontro com os principais pontos do texto. Em seguida, abrimos para perguntas e comentários. Também teremos grupo no WhatsApp para trocas e Telegram para arquivos.

Tive a oportunidade de fazer cursos com os autores do livro e será um enorme prazer compartilhar o que aprendi diretamente com eles!

Valor: 210 reais (podendo dividir em 3 vezes pelo Pix ou em mais vezes pelo PagSeguro no cartão)

Inscrições

Por este link do PagSeguro

Ou por Whatsapp e Telegram – 11984156913

Email – psicologiamsn@gmail.com

Cronograma

04/03

1 Repensando a ciência e a prática clínica

11/03

2 Abordagem de rede

18/03

3 O metamodelo evolucionário estendido

25/03

4 As dimensões cognitiva, afetiva e atencional

01/04

5 As dimensões do self, motivacional e comportamental

08/04

6 Os níveis biofisiológico e sociocultural

15/04

7 Sensibilidade ao contexto e retenção

8 Um olhar mais atento aos processos

29/04

9 Interferindo no sistema

10 Núcleos de tratamento

06/05

11 Curso do tratamento

12 Dos problemas à prosperidade: mantendo e expandindo os ganhos

13/05

13 Usando as ferramentas da PBT na prática