Olá! Estou iniciando agora a pós em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) na PUCRS. Vou compartilhar o que for aprendendo também aqui com vocês!
Embora falemos em TCC no singular, quando vamos estudando mais vemos que existem várias abordagens dentro dessa grande abordagem. Por isso, surge a pergunta sobre o que pode ser incluído dentro da TCC e o que não deveria ser incluído.
Para responder à pergunta do título, utilizo aqui o livro Inovações em Terapia Cognitivo Comportamental, de Amy Wenzel.
1. A cognição medeia o comportamento
Em resumo, isso significa que a cognição é utilizada como um conceito central para explicar porquê alguém age como age, ou deixa de agir. Isso não quer dizer que o ambiente externo não seja levado em consideração. Mas a ênfase maior da análise recai na cognição: como uma pessoa pensa, o que acredita, seus pressupostos sobre si mesma e o mundo. Alterando a cognição, portanto, o comportamento muda.
2. Os alvos da mudança: cognição e comportamento
O objetivo da TCC é a alteração de cognições e comportamentos disfuncionais, ou seja, que causam sofrimento e afastam de uma vida significativa e com propósito.
Ter a ênfase na cognição como central na explicação não quer dizer que a mudança do comportamento “externo” seja excluída. Em outras palavras, na TCC, o agir, o se comportar no mundo, tanto quanto a cognição, é um alvo no processo de mudança.
3. Ênfase no autocontrole
Um pressuposto importante é que, ao final do processo, a pessoa tenha autonomia para continuar mudando por si mesma. Autocontrole significa também que o controle do próprio comportamento é não só possível como desejável (de outro modo seríamos influenciados totalmente pelos outros).
4. O tempo de tratamento
Geralmente, as terapias da TCC possuem um número limitado de sessões. Dependendo das dificuldades iniciais (depressão por exemplo), o terapeuta informa o número total – ou uma estimativa próxima – do número de sessões para a remissão dos sintomas.
5. A natureza focal no problema
Este princípio significa que há um foco específico em cada tratamento. Robert Leahy, que é um autor da TCC reconhecido internacionalmente, escreveu um livro sobre como lidar com o ciúme e outro sobre como lidar com o desemprego. Na terapia, o foco então vai estar no problema e em encontrar estratégias de mudança cognitiva e comportamental para solucionar o que está acontecendo nessa fase da vida.
6. A estrutura
Diferente de outras abordagens psicoterapeuticas, a TCC é uma abordagem na qual há uma estrutura definida para as sessões. Evidentemente, essa estrutura é modificada dependendo de particularidades de cada caso. É notável a estrutura inclusive do início e final das sessões.
7. A psicoeducação
Outro componente importante da TCC é a psicoeducação, que são explicações sobre a dificuldade para a qual a pessoa buscou tratamento. Por exemplo, para o tratamento de insônia e problemas do sono, uma parte do tratamento é dedicado para explicar a fisiologia do sono e como o sono funciona. Em atendimentos online, mais recentemente, a psicoeducação muitas vezes é feita com vídeos gravados.
8. O papel central das tarefas de casa
Outra característica marcante da TCC é a sugestão de tarefas de casa para serem feitas entre as sessões, tarefas estas que são muito variadas como, por exemplo, registro de pensamentos automáticos em situações que geram ansiedade ou o convite para ir, aos poucos, se abrindo para novas experiências a fim de diminuir o comportamento evitativo.
9. O empirismo colaborativo
Há, na relação terapêutica, a colaboração entre o paciente o terapeuta para extrair conclusões com base em evidências de situações reais. Em outras palavras, o terapeuta tem um papel ativo no sentido de ajudar o paciente a lidar com a realidade de forma mais realista. Um medo pode ser confrontado com a realidade que o despertou, ou seja, pode ser retirada uma conclusão de que a situação em si não era de fato perigosa, se olhada de maneira mais racional na sessão.
10. O ecletismo técnico
Como falamos no início, podemos pensar em abordagens variadas dentro de uma grande abordagem chamada TCC. A terapia do esquema, de Young e colaboradores, inclui técnicas psicodinâmicas e da Gestalt. A terapia dialética de Lineham inclui, entre outras técnicas, técnicas de Mindfulness.
Em resumo, nas várias abordagens nota-se a inclusão de técnicas também variadas, pois a ideia é que um tipo de dificuldade deve ser endereçado de forma específica.
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Dúvidas, sugestões e críticas, deixe um comentário.
Teria como explicar a diferença entre a Gestalt e a TCC, por exemplo?
A Gestalt utliza outras bases teóricas e técnicas como psicanálise, psicodrama, teoria da Gestalt clássica.
A TCC tem suas bases na comportamental, primeiro, e tanto em pesquisas clínicas experimentais do Aaron Beck e também do trabalho de Albert Ellis. Algumas vertentes mais recentes da TCC, como a Terapia Focada nas Emoções e a Terapia do Esquema usam algumas técnicas parecidas com a Gestalt para casos ou sessões específicas.
Excelente abordagem! Cursei TCC como disciplina optativa na universidade e gostei. Hoje estou me especializando nela, por ser objetiva e bem estruturada. Belo texto! Psicólogo Maroel Bispo, CRP 03/22235.
Obrigado!
Há a possibilidade de ser analista junguiano e utilizar-se de técnicas da TCC?
Teoricamente sim Bia. Nada impede que possamos usar técnicas de outras abordagens. Existem linhas da TCC que usam psicodrama, por exemplo, ou Mindfulness.
Muito bom. Parabéns!