Na Orientação Profissional, na psicologia, sabemos que a insatisfação no trabalho é um problema significativo. Muitas pessoas relatam não terem satisfação e não estarem engajadas (as estatísticas no mundo apontam até 70% dos funcionários). Mas uma pergunta importante a se fazer é: o que constitui um bom trabalho?
3 características de um bom trabalho
Howard Gardner, autor do livro Inteligências Múltiplas, pesquisou este tema e chegou à conclusão que são 3 os fatores que podem trazer a sensação de estar em um trabalho muito satisfatório.
1) Valores e propósitos
O trabalho traz para nós uma remuneração, um salário. Entretanto, mesmo salários incrivelmente altos com bônus anuais podem, com o passar dos anos, trazer consigo uma ausência de sentido, de propósito. Portanto, ter propósito e sentido é muito importante para ter satisfação. E, obviamente, os valores, propósitos e sentido são pessoais, são intransferíveis.
Somente eu sei o que é importante para mim! Se eu sinto e penso que o meu trabalho tem valor, eu terei muito mais probabilidade de enfrentar as dificuldades. Chegarei em casa à noite e me sentirei feliz por ter feito o que fiz. No domingo à noite, não terei a “síndrome da segunda-feira” de ficar mal por ter que trabalhar no dia seguinte.
2) Competência
A segunda característica está relacionada com se sentir capaz de realizar o que é esperado. Em outras palavras, seria ter a sensação “eu sou bom nisso”. Essa característica está ligada à auto-eficácia, à percepção de que a sou capaz, posso fazer isso e, se for algo novo, posso aprender.
Em empresas, um funcionário se sente competente se o líder traça um objetivo e dá liberdade para a execução. O chamado micro-gerenciamento fere a autonomia, como se a liderança não confiasse que o funcionário vai conseguir realizar o que foi pedido.
Assim, a competência, o fato de considerar que somos bons nisso é um dos fatores a serem levados em conta para um bom trabalho.
3) Apreciar o trabalho
Gardner chegou à conclusão de que o terceiro componente é ter apreço, gostar do que se faz. Afinal, podemos ser competentes e até ver sentido em uma atividade, mas se não apreciamos as ações relacionadas, como seria possível ter satisfação?
Por exemplo, eu posso valorizar a área de programação, saber programar, mas, se eu não apreciar passar o dia programando, este seria um trabalho para mim, mas não um bom trabalho.
Um bom trabalho
Estamos falando aqui da busca por um bom trabalho. Evidentemente, em algumas fases da vida o mais importante será ter um trabalho, se sustentar. Porém, quando pensamos no longo prazo, no que podemos fazer para aumentar a chance de encontrar um bom trabalho, podemos lembrar de Gardner e as 3 características: valores, competência e apreciação.
Se alinharmos estas três características, poderemos aumentar a nossa satisfação no trabalho. O interessante é que isso também pode ser feito mudando a nossa forma de ver o trabalho atual (que talvez ainda não seja tão bom).
- Valores e sentido: o que esse trabalho cria para a sociedade? De que forma, ainda que possa ser indiretamente, esse trabalho enriquece a vida das pessoas?
- Competência: Quais atividades neste trabalho me dão a sensação de ser competente? Como posso estudar ou aprender de modo a me sentir mais competente?
- Apreciação: poderia talvez tentar fazer mais do que gosto? Pedir para aumentar as atividades que tenho apreço? Mudar para uma área que tenha mais atividades que eu gosto?
Estas perguntas podem ajudar, então, a aumentar a satisfação no trabalho. No de agora e também a refletir sobre os trabalhos que virão no futuro
Sugestão de leitura:
Howard Gardner – livro Inteligências Múltiplas