A raiva é uma emoção humana básica. Todos nós podemos sentir raiva de vez em quando, até o sujeito mais calmo e zen. A diferença entre uma pessoa consumida pela raiva – e que está prestes de fazer algo que vai se arrepender depois – e a pessoa que consegue estar consciente de suas emoções está na capacidade de prestar atenção ao próprio corpo, às suas sensações, e pensamentos.
Costumo dizer que aprendemos muitas informações e conhecimentos sobre as coisas e sobre o mundo, e em comparação, muito pouco sobre nós mesmos, sobre o que acontece dentro. Razão pela qual é mais comum que não saibamos o que fazer com as nossas emoções, sendo a raiva um exemplo típico.
Então surge a pergunta sobre como lidar com a raiva. Existe uma técnica da psicologia que poderia ajudar neste sentido?
A resposta é sim! Existem várias técnicas e possibilidades. A psicoterapia, a analise, ao trazer para pessoa mais autoconhecimento também abre espaço para agir com mais liberdade e não ser refém das emoções e de comportamentos inadequados que só pioram a situação. Por isso, sempre recomendamos procurar um profissional da psicologia e fazer terapia.
Além da terapia, existem técnicas e métodos que podem ajudar também. Neste texto, vou apresentar uma das alternativas, a partir da psicologia da atenção plena (Mindfulness).
Como lidar com a raiva com a psicologia da atenção plena
Façamos juntos um pequeno exercício. Pense por alguns instantes sobre um acontecimento que despertou raiva em você. Pode ser recente ou mais antigo. Faça de conta que você está contando o que aconteceu para outra pessoa. Ou então escreva sobre.
Faça isso por alguns minutos.
Agora, faça a prática de Mindfulness de 3 minutos.
…
Se você fez o exercício, é provável que a raiva tenha ressurgido ou emoções negativas próximas. Observe que a situação não esta acontecendo neste instante e, portanto, você está seguro.
Consegue perceber que a emoção está em seu próprio corpo? Que a raiva aparece em algumas partes, como talvez o acelerar dos batimentos cardíacos, o rubor (o sangue sobe à cabeça), e talvez você contraia alguns músculos na fazem na testa, o punho.
Quando estamos com raiva, lutamos contra estas sensações que estão dentro do corpo. Queremos que estas sensações passem mudando o que está fora.
Por exemplo, se você está no trânsito, e você sente raiva, você quer mudar a circunstância. É normal pensar que a raiva não existiria, se não houvesse trânsito. Ou seja, surge o pensamento mágico de que não deveria haver trânsito.
O trânsito é só um exemplo. Poderia ser uma briga com uma pessoa próxima ou um outro tipo de problema. Assim, nós atribuímos a raiva a um evento externo e, depois de agir com base na raiva, culpamos a situação e não nos responsabilizamos por ter feito como fizemos.
O que esta prática de Mindfulness faz é dar um espaço maior para que a reação seja melhor. Uma versão mais curta dela é respirar profundamente contando até 10. Também pode ajudar, no caso de uma briga com alguém próximo só responder depois de 24 horas.
Conclusão
A psicologia da atenção plena (Mindfulness) nos ajuda a ter mais atenção ao momento presente e observar o momento como ele é. Muitas vezes sentimos raiva por situações que estão fora do nosso controle (como o trânsito ou o comportamento de outra pessoa).
Porém, ao invés de resolver ou melhorar, a raiva tende a fazer com que nos comportemos sem pensar, com pouca consciência e liberdade.
Evidentemente, fazer uma única vez a técnica dos 3 minutos de atenção plena não vai resolver a situação de uma vez por todas. Também não vai significar – ainda que você pratique Mindfulness todos os dias – que você estará livre de ter emoções e sentimentos negativos.
Como disse, a questão não é evitar ter a emoção ou não ter nunca mais e sim saber lidar com ela, entendendo que as sensações corporais passam. São transitórias assim como são os problemas que nos irritam.
Dúvidas, sugestões, comentários, por favor, escreva abaixo.
Excelente texto professor Felipe, eu sei porque me sinto assim e demorei muitos anos pra perceber essa sensação no meu corpo. Eu sei quando estou com raiva e o que acontece comigo nesses momentos (explosões). É bem difícil essas situações. Esses sentimentos são muito ruins e fazê-los parar não é uma tarefa fácil, mas também não é impossível.
Abraço.
Caro Doutor Felipe
Obrigado por mais este excelente texto! Este “cai como uma luva” em mim. Por isto, reitero meu muito obrigado. Preciso tanto conhecer mais técnicas e possibilidades semelhantes a estas! Se você puder escrever mais a respeito, agradeço. “Sem querer lhe explorar e já lhe explorando”.
Abraços,
Luís Monteiro Oliveira.
Obrigada Felipe pelos textos , dicas que nos oferece
sempre!!!
Felipe… Parabéns pelo texto. Acompanho seu blog, e a ciência psicologia, mesmo não trabalhando na área, com objetivo de autoconhecimento.
Gostei muito da experiência rápida de Mindfullness. Vc tem gravações maiores? Existem aplicativos em português de qualidade? Se não, está na hora de vc montar um app.
COnheço alguns em inglês, e apesar de entender um pouco, não é a mesma coisa.
Obrigado.
Lucas,
Dá uma olhada em nosso Canal – http://www.youtube.com/user/felipedesouzapsi
E nosso site só sobre Mindfulness – http://www.felipedesouza.com.br
É uma ideia sim fazermos um App. Creio que o pessoal da Mente Aberta Unifesp deve fazer em breve.