Um dos nossos vídeos no YouTube mais acessados trata o tema da superação da preguiça: como superar a preguiça com a psicologia comportamental (veja abaixo). Neste texto, gostaria de compartilhar com vocês algumas reflexões de como a preguiça pode ser pensada, para além do que já estamos acostumados.
1) A preguiça como indolência
Esta é a definição básica de preguiça. Acordamos em uma segunda-feira querendo que fosse domingo porque não sentimos vontade de fazer o que quer que devemos fazer: ir à escola, trabalhar, comparecer em um compromisso…
Assim, nesse sentido, ter preguiça é sinônimo de não se comportar conforme o dever ou não ter desejo ou vontade de fazer até o que em geral gostamos de fazer. Afinal, também podemos ter preguiça de ir ao cinema no final de semana ou sair com os amigos.
2) A preguiça como crença limitante
O segundo tipo de preguiça é acreditar que não se é capaz. Ter e manter a ideia de que não vai dar certo, que não vai ser possível, que não há capacidade suficiente. É uma preguiça porque não há ação, não há a vontade de tentar nem a força para superar os obstáculos. É como uma preguiça mental, uma preguiça do pensamento.
Se pararmos para pensar, não temos como saber o limite do que podemos fazer. Por exemplo, eu não sei fazer um cálculo de derivadas, mas isso significa que eu não consiga? Não, apenas significa que ainda não tentei. Se tentar – e me esforçar e estudar – posso conseguir. É algo lógico: não consigo ainda, mas se quiser, posso conseguir. Agora, se tiver preguiça, posso dizer que não consigo, que isso não é pra mim.
3) A preguiça como fazer em excesso
Um dos argumentos fundamentais da minha tese de doutorado é que a nossa psique, o nosso funcionamento, ocorre na oscilação de polaridades, de opostos. É curioso pensar que a preguiça também aparece no seu oposto: fazer demais.
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Fica mais fácil de entender se pensarmos no conceito de inércia: um objeto parado tende a permanecer parado e um objeto em movimento – se não houver uma força contrária – tende a permanecer em movimento. Permanecer em movimento, inconscientemente, também é uma forma de preguiça. Bastante sutil, mas é.
Imagine uma pessoa que, para não lidar com os seus problemas familiares, transforma-se um um workaholic, uma pessoa viciada em trabalho. Há ação, no trabalho, mas é uma ação sem consciência, um continuar fazendo o que sempre foi feito porque é deste modo que as coisas são.
Conclusão
Aristoteles, em seu famoso Ética à Nicomaco, disse que a felicidade (eudaimonia) relaciona-se intimamente com a mediania, o caminho do meio. Ficar sem fazer nada ou fazer em excesso, os dois lados da inércia, são formas de preguiça. Também é interessante pensar na preguiça como uma desculpa sobre as próprias capacidades.
No fundo, analisar estes três tipos de preguiça possui o sentido de uma reflexão e não de culpa. Por que estamos deixando de fazer o que temos ou queremos fazer? Por que estamos fazendo determinadas coisas por hábito, rotina ou porque disseram que esse era o único jeito?
E, por fim, não é fantástico imaginar que não sabemos de verdade o limite do nosso potencial? Que podemos superar as nossas crenças limitantes e realizar muito mais ?