A psicologia positiva é descrita como a ciência (psicologia) da felicidade (positiva) ou como o estudo científico do bem estar ou do funcionamento ótimo do ser humano. Neste texto, vamos falar sobre dicas simples e prática que podem ser implementadas sem grande dificuldade e que, segundo diversos estudos acadêmicos, aumentam o nível de felicidade.
Tal Ben-Shahar, professor de psicologia positiva em Harvard explica o sucesso da psicologia positiva por ela estar ocupando um espaço antes totalmente dominado pelo movimento de autoajuda. Em uma de suas palestras ele afirma: “O objetivo da psicologia positiva é unir o rigor da pesquisa acadêmica com a acessibilidade do movimento de autoajuda”. Em outras palavras, a psicologia positiva busca trazer o que há de substancial nas pesquisas empíricas das grandes universidades com uma linguagem acessível a todos.
De fato, as dicas deste texto são baseadas nas palestras deste grande autor.
Dicas para ser mais feliz daqui para frente
1) A permissão para ser humano
Quando começamos a estudar felicidade – ou tudo o que está relacionado com o ótimo bem estar – é comum imaginar que, com os conhecimentos e com a aplicação destes conhecimentos, encontraríamos um estado permanente de felicidade ou de boas emoções.
Na verdade, a primeira informação que temos que entender é que a busca pela felicidade não exclui sentimentos e emoções desagradáveis. Se procuramos excluir o que é julgado como “negativo” também estaremos excluindo o oposto. Como, no final das contas, será impossível excluir tudo o que é “negativo”, poderemos passar a nos sentir culpados ou incompetentes, como se não fossemos capazes de ser feliz o tempo todo.
Segundo Ben-Shahar, somente duas pessoas não sentem emoções desagraveis: os psicopatas e os mortos. Ele diz como uma brincadeira, mas é importante levar isso em conta quando situações ou circunstâncias externas aparecerem. O caminho para superar um momento difícil passa pela aceitação e pela permissão de sermos humanos.
2) Simplificar a vida
É comum ouvir das pessoas que elas estão se sentindo estressadas, sobrecarregadas, com falta de tempo. Além da correria do dia a dia, trânsito e outros fatores, temos também, com o advento de novas tecnologias, sido expostos à constante necessidade de estar disponível no celular, nas redes sociais, etc.
É claro que talvez não seja viável diminuir certas atividades, se estão relacionados com a família, o trabalho ou o estudo, mas é comprovado que simplificar a vida aumenta a percepção da felicidade.
A regra, nesse caso, é fazer menos, mas com mais qualidade. Uma forma de pensar é:
a) o que eu posso parar de fazer e que vai me dar mais tempo livre?
b) o que eu posso fazer com mais qualidade, em vez de quantidade? (por exemplo, parar de checar emails ou as redes sociais de 5 em 5 minutos)
c) como eu posso diminuir o comportamento de ser multi-tarefa e fazer uma única coisa por vez? (por exemplo, criando espaços definidos, avisando os outros da indisponibilidade naquele horário, etc).
3) Tempo vale mais que dinheiro
Para a psicologia positiva, o dizer “tempo é dinheiro” não é correto. Tempo vale muito mais que dinheiro, se estivermos fazendo a relação com o nível de felicidade. Evidentemente, não ter o mínimo para sobreviver (estar abaixo de miséria) afeta enormemente a felicidade. Mas depois que há o básico para sobreviver – ter comida, roupa, acomodação – os níveis de felicidade variam muito pouco.
Isso significa que ganhar X por mês ou ganhar 3X ou 10X não vai fazer com que a felicidade aumente proporcionalmente. O que as pesquisas indicam é que o tempo, a sensação de ter tempo para simplesmente estar presente e viver, é muito mais importante do que a quantidade de bens adquiridos. Ou seja, não só ter tempo livre, finais de semana e férias, mas também a sensação de não ter que buscar o que não está aqui ou fugir do que está ocorrendo no instante.
Portanto, podemos aumentar a nossa sensação de ter tempo e, consequentemente aumentar o nosso nível de felicidade, dando-nos tempo em três níveis:
a) micro: tirando pausas de 5 a 15 minutos para ligar para pessoas queridas, para meditar ou para ouvir um música que gostamos.
b) médio: tirando uma boa noite de sono (um dos fatores muito significativos para aumentar o bem-estar) ou um dia de folga, como no final de semana.
b) macro: tirar algumas semanas ou um mês de férias. Alguns preferem tirar uma semana de folga a cada 3 meses. É uma ideia a se pensar, dentro dos limites do trabalho de cada um. Outros e nós, culturalmente, pensamos em 1 mês seguido a cada ano.
4) Praticar exercícios físicos
A velha questão filosófica sobre a separação mente-corpo ofusca a relação e destaca a suposta separação destas duas entidades. Porém, para a psicologia positiva devemos entender a inter-relação. Isso é resumido na famosa frase dos gregos: “mente sã em corpo são”. E é fácil de notar esta verdade quando ficamos doentes. As sensações físicas da dor e do desconforto tendem a afetar o nosso estado mental e emocional. Portanto, antes de tudo temos que pensar na união mente-corpo.
No que tange à felicidade e ao bem-estar, é comprovado que praticar com regularidade exercícios físicos aumenta a felicidade. Dados indicam que as gerações anteriores caminhavam por volta de 10 quilômetros em média por dia. Se compararmos com o quanto geralmente andamos, veremos o nosso grau de sedentarismo.
De toda forma, iniciar uma atividade física regular, especialmente uma atividade aeróbica, é, então, comprovadamente uma forma de elevar o nosso bem-estar.
5) Mindfulness
A palavra mindfulness vem sendo traduzida como atenção plena. Entendemos mindfulness como estar atento ao momento presente, em uma atitude de abertura e aceitação, sem julgamentos assim como intitulamos certas práticas – meditativas ou não – com práticas mindfulness, práticas essas que visam aumentar o estado de atenção plena.
Mindfulness se relaciona com o aumento da sensação de felicidade porque, se estamos mindful, se estamos atentos de verdade ao momento presente, poderemos finalmente vivê-lo com intensidade. Além disso, passamos a deixar de lado as multi-tarefas, aumentamos a sensação de ter tempo, bem como passamos a respirar melhor.
E, igualmente, as práticas de Mindfulness não tem relação com fazer certo ou errado. Não existe uma prática de mindfulness que foi feita com equívoco. Em um dia que a nossa mente está agitada, está agitada. Em um dia que estamos com raiva ou medo, estamos com raiva ou medo – o que nos traz de volta ao ponto de que temos que nos dar permissão para ser humanos.
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Conclusão
Quando vamos recomendar a prática de exercícios ou mindfulness, não raro ouvimos que isso representaria mais uma atividade em um dia já agitado, o que iria contra o 2 passo, de simplificar a vida. Porém, todos estes pontos possuem em comum a ideia – que também é trabalhada nos Programas de Mindfulness – que é a autocompaixão, ou seja, reconhecer a nossa natureza humana e desenvolver mais o autocuidado, o cuidar-de-si.
Para superar esta crítica de que isso representaria mais coisas, mais tarefas, podemos incluir ao menos um destes 5 itens em uma semana ou em um mês. Em um mês, podemos começar a praticar um exercício, no mês seguinte, praticar mindfulness, no outro, simplificar e minimalizar as necessidades e assim por diante.
Dúvidas, sugestões, comentários, por favor, escreva abaixo!
Olá, tenho tido pouco tempo para ler os excelentes textos que nos envia. Mas depois de ler este, com certeza vou começar a rever muito comportamento meu que vem me desagradando a tempos e que ainda não tive coragem de mudar. Obrigada por compartilhar tantas coisas boas conosco. Abraço