“A vitalidade aparece não apenas na habilidade de persistir, mas também na habilidade de começar de novo” (F. Scott Fitzgerald)
Olá amigos!
Nesta lição do nosso Curso de Psicologia Positiva Grátis, vamos estudar a virtude da vitalidade, a última das virtudes na categoria da coragem.
Definição de Vitalidade
Segundo Seligman: “A vitalidade descreve um aspecto dinâmico do bem estar marcado pela experiência subjetiva de energia e estar vivendo”. Está ligada a dois aspectos: somático (corpo) e psicológico:
“No nível somático, a vitalidade está ligada à saúde física e ao funcionamento corporal, assim como estar livre da fadiga e da doença. No nível psicológico, a vitalidade reflete a experiência da vontade, da efetividade, e integração do self tanto no nível intrapessoal como no nível interpessoal. Tensões psicológicas, conflitos e estressores impedem a experiência da vitalidade” (SELIGMAN, p. 274).
Frases como as seguintes são típicas de indivíduos com a virtude da vitalidade:
Eu me sinto vivo e com vitalidade.
Eu tenho energia e espírito.
Eu sempre me sinto acordado e alerta.
Eu me sinto energizado.
Eu raramente me sinto cansado.
Um outro sinônimo para vitalidade é vigor físico e mental. A palavra vitalidade, por sua vez, é derivada da palavra latina vita que significa “vida”.
É preciso salientar que a vitalidade como virtude na psicologia positiva deve ser distinguida da mera energia, pois esta pode ser utilizada também para fins negativos ou em estados psíquicos em que há desintegração ou conflito. Por exemplo, uma pessoa que está tensa ou com raiva talvez perceba a si mesma e seja percebida pelos demais como estando com muita energia. Entretanto, segundo o conceito de vitalidade, ela não estará vivenciado a vitalidade, já que este estado pressupõe a ausência de tensão interna, como sensação corpórea ou como confusão ou conflito mental.
Também é necessário separar a vitalidade da felicidade, pois a felicidade inclui estados psíquicos que não são ativos como o contentamento, o prazer e a satisfação. E, igualmente, a vitalidade não deve ser associada com energia calórica, pois em certos momentos a diminuição das calorias no corpo é vivenciada como vitalidade e o consumo excessivo de calorias frequentemente diminui a vitalidade (razão pela qual precisamos descansar depois de comer muito).
Concepções históricas
Seligman cita algumas tradições orientais e os seus conceitos de vitalidade que teriam impacto direto no corpo e na psique: a ideia chinesa de chi (em Tai chi chuan, 太極拳) e a ideia de ki, no Japão, são semelhantes à ideia encontrada em Bali de bayu ou o prana na Índia.
O conceito de libido, na psicanálise, e a estrutura psicodinâmica da psique – a saúde psíquica estando relacionada com ausência de conflito entre as forças presentes no sistema – também expressariam a importância da vitalidade como uma virtude humana. Diz Seligman:
“Embora Jung, Reich, Winnicott, Perls, e outros teóricos psicodinânimcos tenham diferido nos detalhes dos seus modelos energéticos, todos eles convergem na ideia de que a resolução do conflito psicológico e a integração estão conectados a uma maior possibilidade de uso de energia pelo self – ou vitalidade – e, ao contrário, a repressão, o estresse e o conflito afastam essa possibilidade” (SELIGMAN, p. 275).
Pesquisas sobre vitalidade
De acordo com Seligman, que se baseou em diversas pesquisas empíricas sobre a vitalidade, existem algumas questões que precisam ser entendidas quando vamos estudar esta virtude.
Primeiro, a vitalidade está diretamente relacionada com a saúde. Quando estamos doentes ou com o sistema imunológico com problemas ou com algum tipo de problema físico (como uma perna quebrada) certamente notaremos uma diminuição da vitalidade.
Segundo, ainda que a saúde física esteja ok e todos os exames o confirmem, o estilo de vida, a rotina, o dia a dia interferem na vitalidade. Em outras palavras, quem fuma, come mal e é sedentário também experiencia uma vitalidade diminuída.
Terceiro, a vitalidade – psicológica – está associada com a autonomia, com a eficácia e com relacionamentos. Ou seja, quando percebemos que temos autonomia para decidir e para agir, para modificar o mundo ao redor; quando sentimos que conseguimos fazer o que queremos fazer e quando nos relacionamos mais com as pessoas, também perceberemos que estamos com um nível de vitalidade maior.
E finalmente, contradizendo um pouco o que foi dito nos quesitos anteriores, a vitalidade é determinada por muitos fatores e, por isso, suas causas são complexas. Embora indivíduos com doenças ou problemas físicos normalmente relatem menos vitalidade em pesquisas empíricas, nada indica que esta relação seja totalmente necessária. Afinal, não vemos centenas de pessoas que, apesar de suas dificuldades de locomoção, por exemplo, praticam exercícios e até ganham medalhas?
Outro dado significativo é que a dor em si não afeta a vitalidade, mas o medo de sentir dor, sim. O motivo é que a resiliência à dor pode ser sentida como vitalidade, como superação e autonomia, enquanto que a pessoa que teme sentir dor se sentirá limitada e constrangida, com pouca autonomia, portanto.
Conclusão
Para concluir, é importante notar que não existe correlação entre vitalidade e idade. Consequentemente, a ideia de que a vitalidade vai diminuindo com a idade é errônea e mistificadora. Na verdade, quanto mais vitalidade uma pessoa sente e consegue vivenciar através da prática moderada de exercícios físicos, boa alimentação e sentimento de autonomia, mais ela tenderá a viver e mais ela tenderá a viver uma vida positiva e saudável.
O conceito de vitalidade, com uma das virtudes da coragem, significa desta maneira um fator importante para predizer o tempo de vida mas igualmente o modo como este tempo de vida será vivido. É interessante refletir sobre a vitalidade como vida.
Consegue se lembrar de um momento em que você se sentiu excessivamente vivo?
Talvez depois de se recuperar de uma gripe…ou depois de praticar um exercício…ou depois de sentir que você é capaz de fazer…ou que você é livre para fazer…
muito bom Dr. obrigada pela informação
Olá Prof. Felipe. Gosto muito dos seus textos, são excelentes . Sempre que posso, acompanho o curso Psicologia Positiva e tenho me identificado e interessado com esta “nova” linha da Psicologia. O Seligman está certo, precisamos mesmo de uma abordagem mais preventiva e menos centrada no patológico. Parabéns pelo site, e por nos manter mais informados e atualizados,
Parabéns Professor Felipe!
Pelo excelente assunto “Definição de Vitalidade”.
Sou estudante de psicologia e gosto muito de psicanálise, ainda não vi a Positiva no curso (estou indo para o 4) mas adorei o texto. Parabéns!