“Todos nós nascemos originais e morremos cópias” (JUNG)… a não ser que sejamos íntegros!
Olá amigos!
Nesta nova lição do nosso Curso de Psicologia Positiva Grátis, nós vamos aprender mais uma virtude ligada à coragem. Além da bravura, perseverança e vitalidade ou energia, temos a virtude da integridade. É curioso porque alguns sinônimos para a palavra integridade são: honestidade, autenticidade, veracidade. O que nos leva à questão:
– “É preciso ter coragem para ser íntegro(a)? Para ser quem somos?”
Definição de Integridade
Segundo o Via Institute:
“A integridade inclui autenticidade e honestidade. O indivíduo que fala a verdade é honesto, mas os autores encaram esta força em termos mais amplos. Inclui veracidade mas também assumir responsabilidade por sentimentos e ações. Inclui a apresentação genuína de si próprio a outros (que poderia ser definida como sinceridade ou autenticidade), bem como o sentido interno de que se é um ser moralmente coerente (que poderia ser definido como integridade ou unidade), ou seja, ser uma “pessoa verdadeira” consigo mesma e com os outros.
Frases típicas:
É mais importante ser eu mesmo do que ser popular.
Não gosto das pessoas falsas que fingem ser o que não são.
Meu código de valores guia e dá sentido à minha vida”.
De acordo com Martin Seligman, a palavra integridade vem do latim integritas, que significa completude, completo, inteiro, intocado. Na acepção moderna da psicologia positiva, os seguintes aspectos comportamentais são necessários para uma definição mais clara:
– um padrão de comportamento que é consistente com os valores adotados – praticando o que se prega
– defesa pública das convicções morais, ainda que estas concepções não sejam populares
– ajuda às pessoas que precisam ou a sensibilidade para perceber as necessidades dos outros. (SELIGMAN, p. 250).
O último tópico parece desvinculado dos demais, mas se consideramos que uma pessoa que é sincera e honesta consigo mesmo também terá a habilidade necessária de ver as outras pessoas como elas são e o que elas precisam, veremos a ligação.
Apesar do crescente individualismo a partir do século XV no Ocidente, o conceito de self (eu) foi constantemente rechaçado por tradições religiosas e, já mais perto de nós, por tradições das ciências, como a biologia (Darwin), psicanálise (Freud), psicologia comportamental (no início) e na sociologia.
Afinal, para falarmos de uma pessoa íntegra, de um ser humano completo e inteiro a noção positiva de self tem que ser elaborada. Para tanto, Seligman cita autores como Jung, Winnicott, Kernberg, na psicologia. Na filosofia, ele menciona o trabalho de Heidegger e dos existencialistas, para os quais a ideia de autenticidade é fundamental.
Mas o autor mais importante para o desenvolvimento da integridade psicológica, para Seligman, foi Carl Rogers:
“Carl Rogers (1961) fez da integridade (ou congruência) a pedra fundante de sua teoria, definindo como: os sentimentos que a pessoa está experienciando estão disponíveis para ela, disponíveis para a sua consciência, e ela é capaz de viver estes sentimentos, ser eles, e é capaz de comunicá-los apropriadamente” (SELIGMAN, p. 252).
Exemplo de integridade
No início do capítulo do livro Character Strenghts and Virtues, Seligman cita o exemplo de Sojourner Truth (1797-1883). Veja abaixo:
“Sojourner Truth nasceu Isabella Baumfree, uma escrava, em New York em 1797 e foi liberta por uma lei estadual em 1827. Ela mudou o seu nome após uma visão religiosa. Ela se tornou uma pregadora itinerante, ativista anti-escravidão e defensora dos direitos da mulher.
Ela trabalhou incansavelmente para ajudar os escravos recém-libertos e inclusive fez petições ao Congresso para a doação de terras para eles. Embora fosse iletrada, Sojourner Truth era uma poderosa oradora e utilizava o seu nome escolhido para ênfases retóricas. Ela falava sobre a autoridade das suas convicções, sob risco de morte, e evidenciava o poder da verdade: ‘Eu não carrego nenhuma arma, o Senhor vai preservar-me sem armas; eu me sinto segura no meio dos meus inimigos, porque a verdade é forte e prevalecerá'”. (SELIGMAN, p. 249).
O exemplo escolhido por Seligman é bastante pertinente por envolver todos os aspectos da integridade. Podemos ver que ela é autêntica. Em um meio hostil (ainda escravocrata, sexista e racista), ela defende as suas posições. E é este aspecto da integridade – que normalmente vamos associar à verdade, honestidade e autenticidade – que liga esta virtude com a coragem, junto da bravura, persistência e vitalidade (ou energia).
Não é interessante? Precisamos ter coragem para ser honestos! Para sermos autênticos, íntegros. E coragem nas duas direções: dentro e fora, pois é preciso ter coragem para aceitar quem se é e o que se sente e é preciso ter coragem para ser quem se é face a outros, nem sempre amigáveis e abertos.
Conclusão
O famoso livro de Bronnie Ware, Os 5 maiores arrependimentos antes de morrer – saiba mais aqui – menciona um dos maiores arrependimentos:
“Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida verdadeira para mim mesmo, não a vida que os outros esperaram de mim”
Não é uma excelente definição para integridade? Ter uma vida verdadeira. Uma vida verdadeira para mim mesmo, não a vida que os outros queriam, quiseram ou querem que eu viva.
Como trabalho bastante com Orientação Profissional e Coaching de Carreira, vejo que muitas pessoas tem dificuldade de assumir o que querem. Ainda hoje é frequente que uma pessoa faça uma faculdade para agradar os pais… ou diga o tempo todo sim para solicitações e pedidos quando o que deseja, de verdade, é dizer não.
Para concluir, gostaria de deixar aqui duas frases:
“Se não estabelecermos prioridade, alguém fará isso por nós” (Greg McKeown). Ou seja, se não definirmos o que vem primeiro para nós, alguém vai inevitavelmente procurar fazer para nós. Pode ser a família, a namorada ou namorado, o esposo ou a esposa, o chefe ou quem quer que seja. Então, que possamos encontrar a nossa verdade, a nossa autenticidade para não nos arrependermos no final da vida.
“Com integridade, você não tem nada a temer, já que você não tem o que esconder. Com integridade, você vai fazer a coisa certa, então você não terá nenhuma culpa” (Zig Ziglar).
Dúvidas, sugestões, comentários, por favor, escreva abaixo.
Olá, Felipe! Ótimo tema. A integridade é tudo que persigo. Não é fácil ser íntegro, pois há situações que a hipocrisia parece falar mais alto. Não sei se a opinião do outro tem sempre mais peso em minha vida. Mas não gostaria de ser hipócrita. O problema é ser sincero de mais. Vc se torna insuportável. As pessoas não conseguem conviver com tanta verdade já que vivemos de máscaras. E quando essas máscaras caem ficamos sem chão. Como devemos fazer para ser verdadeiro sem machucar o “outro”?
Boa noite professor!
“Com integridade, você não tem nada a temer, já que você não tem o que esconder. Com integridade, você vai fazer a coisa certa, então você não terá nenhuma culpa” (Zig Ziglar). Com relação a essa frase a questão “culpa” refere-se de não a possuir pois foi um desejo do Ego ou por que foi um desejo da autoconsciência . E caso seja da autoconsciência como podemos identificar sua legitimidade?
Um grande abraço.
Sergio.
Olá Zípora,
Recomendo este texto:
https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/2014/01/saber-calar-sinceridade-demais-ou-de-menos.html
Olá Sérgio,
Na psicologia e na psicanálise, temos modelos de “partes” da psique. Por exemplo, Id, Ego e Superego. No sentido do texto, ainda que pudéssemos falar de partes da psique, o conceito de integridade supõe a sua união ou harmonia. Portanto, uma pessoa íntegra teria todas as partes relacionadas em uma completude.
É legal saber que em alemão, culpa (Schuld) também tem relação com dívida, erro e com desculpa (Entschuldigung).
Se tudo está íntegro não há dívida (não foi feito nada errado) e não há o que se desculpar ou ter culpa.
Atenciosamente,
Felipe de Souza