Questões fundamentais para entender a importância da Orientação Profissional.
Olá amigos!
É com grande prazer que publico uma entrevista dada para o Guia do Estudante da Abril. Como vocês certamente devem saber, o Guia do Estudante é uma publicação (em revista e site) de referência sobre faculdades, cursos e pós-graduações.
Veja a entrevista concedida por mim, psicólogo Felipe de Souza, abaixo:
1) Muitas pessoas são aprovadas antes dos 20 anos. Como o estudante pode mapear seus interesses e definir seu curso, mesmo sendo muito jovem?
As grandes decisões, como a escolha de uma faculdade, são necessariamente um pouco angustiantes. O que pode tirar um pouco deste peso da escolha é saber que é possível mudar de caminho depois. Entretanto, evidente que é mais adequado já escolher bem da primeira vez e ter foco.
Para começar a seleção dos cursos, é preciso avaliar três quesitos básicos: o que temos interesse de estudar, o que temos interesse de trabalhar e, então, pesquisar quais cursos encaixam nos nossos interesses.
Veja – Dicas fundamentais para escolher a faculdade certa pra você
2) O que deve ser levado em conta na hora de decidir por um curso? A graduação, a faculdade em que irá fazer, o salário, as matérias que gosta na escola?
Todos estas questões são importantes e devem ser consideradas. O que gostamos de estudar na escola pode ser visto como uma tendência do que gostaríamos de estudar nos anos seguintes; as possibilidades de remuneração também devem ser pesquisadas (embora não devam ser o critério mais importante). Quanto à faculdade, penso que embora o meio influencie, é o aluno o maior responsável por sua aprendizagem, já que estamos falando de adultos.
3) Existem sinais que podem ajudar o estudante a perceber se fez a escolha errada de curso, caso ele ainda não tenha certeza?
Sim, o principal deles é a falta de motivação. Até a graduação, não temos muita escolha do que vamos estudar. Com a graduação, podemos escolher se vamos estudar isso ou aquilo. Se foi realizada uma pesquisa aprofundada da grade curricular, é de se esperar que o aluno já saiba de antemão o conteúdo que vai aprender no curso. Portanto, se não há motivação para estudar aquele conteúdo, este pode ser um sinal de alerta para refletir se algo não está bem.
Importante notar, porém, que os primeiros semestres – como são mais gerais – talvez captem menos a atenção do que os seguintes. Agora, se passados os primeiros semestres não há vontade alguma de estudar e nem de trabalhar naquela área, é quase certo que a escolha inicial foi equivocada.
4) Muitas vezes, a sensação de decepção com a graduação é normal e não significa que a decisão por aquele curso foi errada. Qual é o conselho que se deve dar ao jovem que se decepcionou, mas não sabe se é muito cedo para desistir? Como ele pode distinguir se sua escolha foi errada ou se a insatisfação é só uma fase que pode passar com o tempo?
Como a graduação dura alguns anos (de 3 a 6 anos), é comum passarmos por fases em que estamos mais motivados e fases em que estamos menos motivados. A expectativa pelo futuro profissional pode influir na sensação de decepção. Por exemplo, ao ouvir que o mercado está competitivo ou que não existem mais bons salários, o aluno pode vir a se decepcionar.
Como mencionamos antes, a escolha de uma carreira envolve diversos fatores. Para saber com certeza que aquele não é o curso, é preciso se autoconhecer e saber que não há realmente qualquer vontade de estudar aqueles conteúdos e muito menos trabalhar depois com os mesmos.
5) Muitas vezes, o estudante acaba sendo influenciado pela vontade da família na escolha de curso. Se, depois de passar, ele sente vontade de largar o curso, como explicar e convencer os pais de sua decisão?
Muitos pais querem influenciar nesta escolha e acreditam que estão fazendo o melhor para os seus filhos. Se todas as profissões tivessem os mesmos salários, a avaliação seria sobre qual profissão daria o maior status social. Se todas dessem o mesmo status e salário, provavelmente, não haveria muito sentido de influenciar na escolha.
Portanto, a preocupação paterna e materna geralmente envolve as finanças futuras dos filhos depois de formados e o olhar da sociedade para aquela dada formação.
Porém, no longo prazo, a satisfação profissional – a vontade de acordar e trabalhar sabendo que estamos fazendo a diferença – acaba se tornando mais importante do que o montante de dinheiro e a opinião alheia sobre o que fazemos. É isso que deve ser entendido por pais e estudantes frustrados com a escolha.
Assim, devemos fazer uma avaliação completa dos nossos valores pessoais (que variam de indivíduo para indivíduo). Na psicologia e no Coach, podemos realizar este levantamento de forma adequada. Com o conhecimentos dos valores pessoais, poderemos mostrar o porquê de estarmos fazendo as escolhas do modo como estamos fazendo.
Leia = Meus pais e minha família não querem que eu faça psicologia (texto válido para outras faculdades também).
6) Grande parte dos alunos se dedica muito para passar, especialmente quando almeja uma universidade pública. Se ele passa e se decepciona, como lidar com os sentimentos de frustração e fracasso quando pensa em desistir do curso?
Normalmente, nestes casos, há a sensação de perda. Em nossa cultura, aprendemos a não perder, ou pelo menos, a não querer perder. Porém, é preciso fazer uma avaliação aprofundada para saber se perder uma vaga conquistada agora será melhor (ou não) do que continuar. Nem sempre perder é o pior. Continuar e perder ainda mais uns bons anos para depois engavetar o diploma pode ser ainda pior.
Saiba mais – E quando é melhor desistir?
7) O estudante está decidido a sair e tentar outra graduação. Quais conselhos podem ser dados para que ele, dessa vez, opte por um curso mais correto? Quais passos ele deve seguir agora?
Basicamente, podemos dizer que a avaliação deve levar em conta o currículo da faculdade, as possibilidades de atuação e o conhecimento da própria personalidade. Pois estes são os três erros mais comuns nas escolhas dos estudantes. 1) Não saber direito o que se estuda. Por exemplo, escolher ciência da computação achando que vai estudar games; 2) Não saber direito o que se pode fazer depois da faculdade. Por exemplo, formar em Letras e perceber que a maior fatia do mercado é voltada para dar aulas (e não querer dar aulas); 3) Confundir um gosto pessoal com a atuação profissional e, portanto, não saber muito sobre si mesmo e sobre o mercado. Por exemplo, gostar de cozinhar é diferente de ser um chef de cozinha.
Veja também – Por que você deve (ou não) desistir da faculdade na metade