Olá amigos!
Estamos chegando ao final do nosso Curso Grátis sobre a obra de Adler, A Ciência da Natureza Humana. Na última lição, vamos falar sobre sentimentos e emoções. Como viemos falando ao longo do Curso, encontramos alguns princípios fundamentais na Psicologia Individual.
Em primeiro lugar, Adler defende que todos nascem e crescem na primeira e segunda infância dependendo do cuidado e atenção de outras pessoas. Isso cria no psiquismo um sentimento de inferioridade, que pode ser compensado de maneira positiva ou negativa, de acordo com as tendências de cada indivíduo e das respostas que obtém do ambiente em que vive.
A partir das respostas, cria-se o caráter: um tipo de padrão de comportamento que tende a se repetir no futuro. Por exemplo, alguém que tenha feito birra e ficado triste por não conseguir alguma coisa dos pais, pode passar a aprender que ao chorar e ficar triste conquista mais atenção, carinho ou o que quer que for que esteja querendo.
Ao aprender, portanto, que a tristeza lhe é positiva (o que chamamos de ganho secundário na psicanálise), há a tendência de se repetir o procedimento ao longo da vida.
Definição de Emoção e Sentimento
Adler define do seguinte modo: “a afetividade e a emoção são estados intensos daquilo a que chamamos traços de caráter (…) Podemos denominá-los manifestações psíquicas limitadas no tempo. Os estados afetivos – as paixões – não são fenômenos misteriosos que desafiam a interpretação; sobrevêm sempre que são apropriados a dado estilo da vida e a predeterminado padrão de procedimento do indivíduo. Seus objetivos são modificar a situação do indivíduo em que ocorreram para o seu benefício. São os intensos e veementes movimentos de alma de um indivíduo que perdeu outros meios de atingir a meta, ou que perdeu a fé em outras possibilidades de atingi-la” (ADLER, 1961, p. 255).
A definição coloca que os sentimentos e emoções (os afetos ou paixões) surgem em momentos em que outras vias foram esgotadas. Quando alguém pede para um funcionário realizar determinada ação e não é correspondido e tem um ataque de raiva (cólera), está fazendo uso de um meio, quando o meio anterior – o pedido – não foi atendido.
Podemos notar as emoções e os afetos através das modificações fisiológicas visíveis: “os fenômenos fisiológicos que acompanham a manifestação das paixões e emoções, são indicados por várias alterações nos vasos sanguíneos e no aparelho respiratório, como se nota pelo rubor, a palidez e a aceleração do pulso e dos movimentos respiratórios” (ADLER, 1961, p. 256).
Atualmente, conseguimos também observar o que acontece no corpo de um indivíduo através das modernas técnicas de neuroimagem.
Depois da definição, Adler escolhe algumas das principais emoções humanas para o debate:
A cólera (raiva)
E começa com a cólera ou raiva: “a cólera é um estado afetivo, ou uma paixão, que constitui a verdadeira súmula da luta pelo poder e dominação” (ADLER, 1961, p. 256).
A ideia é que a cólera sobrevém quando o senso de poder de um sujeito é ferido. Se uma pessoa que tem em si forte o desejo de superioridade vai até um restaurante e ao fazer o seu pedido não é escutado ou se a ordem demora para ser anotada, pode ter uma acesso de cólera. Seria como se a pessoa dissesse: “Como você ousa demorar para me atender?“
Se a cólera e a raiva forem constantes na vida, a pessoa então transparece sempre estar em conflito com o mundo. Afinal, no cotidiano é inevitável o surgimento de contrariedades e problemas. Quando isso ou aquilo ou aquilo outro acontece, a pessoa explode. E surge o mesmo tipo de pensamento: “Quem é você para me afrontar e não fazer o que eu quero que seja feito?”
Por isso, Adler diz: “a paixão da cólera significa a negação quase absoluta do senso de sociabilidade” (ADLER, 1961, p. 258). A lógica consiste no fato de que o senso de sociabilidade se sustenta no respeito e empatia pelo outro. Em ver não só o próprio umbigo como também perceber as necessidades e desejos alheios.
Adler também escreve: “nenhum homem consciente de suas próprias forças tem necessidade de se exibir em atitudes agressivas e violentas. Nunca devemos olvidar esse fato” (ADLER, 1961, p. 258).
E, por fim, menciona a relação da raiva e da cólera com o uso e abuso do álcool:
“O álcool é um dos mais importantes fatores para facilitar a manifestação da cólera. Basta pequena quantidade, às vezes, para produzir este efeito. É bem sabido que a ação do álcool amortece ou suprime as inibições da civilização. Um ébrio procede como se nunca tivesse sido civilizado. Perde o domínio de si e a consideração pelos outros. O alcoólatra, quando não está embriagado, consegue às custas de grandes esforços ocultar sua hostilidade pelo gênero humano e inibir suas tendências antagonistas. Apenas se ache sob a ação da bebida, aparece seu verdadeiro caráter. Não se trata de uma circunstância casual o fato de serem os indivíduos que não estão em harmonia com a vida os primeiros a habituar-se ao álcool. Esses indivíduos encontram na bebida uma certa consolação e esquecimento, assim como uma desculpa para o fato de não terem atingido seus objetivos” (ADLER, 1961, p. 259).
A tristeza
A tristeza, conforme já mencionei no início, também está relacionada com as contrariedades naturais da vida. É um modo de reação parecida com a cólera (na finalidade de querer dominar o ambiente). Segundo Adler: “A paixão da tristeza se manifesta quando alguém não se consola de uma perda ou privação. A tristeza, assim como outras paixões, é uma compensação de um sentimento de desprazer ou fraqueza, e importa na tentativa para conseguir melhor situação. A este respeito, é igual a uma explosão de cólera” (ADLER, 1961, p. 259).
Mais a frente, o criador da Psicologia Individual complementa: “na cólera, um indivíduo procura elevar sua autoestima e rebaixar a do seu contrário. Sua fúria é dirigida contra um opositor. A tristeza se equipara a um esquivar-se da frente psíquica de combate; depois de ter assim desertado, o indivíduo, por meio da tristeza, consegue sua elevação e satisfação pessoais” (ADLER, 1961, p. 260).
A metáfora aqui é dos tipos de reações instintivos: lutar ou fugir. A luta estaria ligada à raiva e à cólera, enquanto a fuga estaria relacionada à tristeza. Porém, é preciso lembrar que a tristeza, apesar de ser um esquivar-se, talvez consiga um benefício para o sujeito. Assim, “quanto mais o queixoso exige e consegue de seu ambiente para consolo da sua tristeza, tanto mais transparente se torna o seu poder” (ADLER, 1961, p. 260).
Em outras palavras, a tristeza – e no seu extremo de depressão – esconde em seu fundamento a finalidade de um desejo de superioridade.
Por exemplo, em um relacionamento amoroso, após uma briga, a pessoa se afasta e passa dias chorando. Diz até que pretende acabar com a própria vida. Se a outra pessoa se comove e a consola, sem querer está reforçando uma atitude, na qual a tristeza, o choro, a ameaça de acabar com a própria vida é tão somente um desejo de controlar a relação e obter do outro o que se quer.
No sub-capítulo, “O abuso das emoções”, Adler escreve: “quando uma criança aprendeu que pode tiranizar o seu ambiente por meio da cólera, da tristeza, ou do pranto, despertados pela sensação de ser desprezada, ela recorrerá repetidamente a esse meio de dominação (ADLER, 1961, p. 260). Deste modo cria um padrão de procedimento, uma típica resposta emocional que tende a ser reproduzida diversas vezes ao longo da vida.
Como conclusão sobre a tristeza e a cólera, ele diz: “apesar de provocar em vários graus a nossa simpatia, a cólera e a tristeza não deixam de ser emoções dissociativas ou desagregadoras. Não servem para incentivar a aproximação humana” (ADLER, 1961, p. 262).
Ou seja, enquanto existem outras emoções associativas (que promovem a associação com os demais), estes dois tipos de emoção são dissociativos, afastam quem os tiver da sociedade.
Sentimentos associativos
Como exemplo de um sentimento associativo, Adler menciona a alegria:
“A alegria é a emoção ou sentimento que mais intensamente suprime as distâncias entre os homens. A alegria não tolera o isolamento. Nas pessoas que gostam de brincar juntas, de ficar reunidas ou de fruir em comum algum prazer, produzem-se manifestações de felicidade que se exprimem com o procurar-se a companhia de outrem, com abraços amistosos etc. Essa atitude é associativa. Equivale, por assim dizer, a estender-se a mão a um semelhante. Parece que se dá certa irradiação de cordialidade entre uma pessoa e outra. Todos os elementos congregadores se acham presentes neste sentimento” (ADLER, 1961, p. 265).
Conclusão
Chegamos aqui ao final do nosso Curso de Introdução à Psicologia Individual de Adler. Na medida em que a obra deste autor é pouquissimamente estudada mesmo nas faculdades de Psicologia, o nosso objetivo foi apresentar alguns dos principais conceitos, tomando por base o seu livro A Ciência da Natureza Humana, um dos raros livros dele que foram traduzidos para o português.
Esperamos assim ter contribuído com a divulgação da Psicologia Individual e ter despertado o interesse para maiores aprofundamentos nesta abordagem.
Até o próximo Curso!
Gostaria de um curso que m espicificasse em aplicar testes psicologico , ja tenho psicologia a distancia pela venezuela , o que vc pode me oferecer para eu ter conhecimenro em testes para eu trabalhar em RH , auto escola essas coisas quero me profinalisar em testes psicologicos
Felipe, muito interessante essa abordagem. Quanto mais eu leio mais interessada eu fico em compreender determinados assuntos.
Muitas vezes o tema que você publica faz lembrar de pessoas, é tão real que chego a pensar, será que o Felipe conhece essa pessoa? rsrsr
Abs,
Olá Maristela,
Por enquanto, não temos em vista um curso sobre testes psicológicos (especificamente falando).
Mas temos o Curso Tipos Psicológicos de Jung, que é a base para o MBTI e QUATI – https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/produto/curso-jung-tipos-psicologicos
Oi Raquel!
É engraçado isso mesmo! rsrs
O bom é que dai conseguimos ilustrar com exemplos, não é?
Felipe,gostei muito desse estudo, interessante essa abordagem. Quanto mais eu leio mais interessada eu fico em compreender o assuntos e me aprofundar no estudo,gosto de psicologia e quero aprende mais e tentar entender o ser humano.
olá, Sou estudante de Psicologia no 3º periodo ainda e gostaria de saber titulos e autores de livros que falem sobre controle emocional, desligamento emocional, metodos, terapias…
caso possa divulgar, ficarei grata!
Olá Sâmya!
Controle emocional em que sentido?
Para mudar um comportamento específico?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Felipe, gostaria de ler sobre “sentimentos de culpa” , como saber se tive culpa em certo acontecimento e como me livrar desse sentimento que me traz tanta angústia.
Olá Cristina!
Veja aqui – https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/2013/09/culpa-desculpa-alivio-dicas-psicologia-superar.html
Sim Felipe, mudar comportamentos que estao sendo nociveis. Pessoas que estao sendo conduzidas por emoções ruins e nao conseguem sair dessa sozinhos., parecendo que nao é dona das proprias emocoes e sim reféns. que outra pessoa é q vai determinar suas emoçoes e comportamentos.
Olá Sâmya!
Neste caso, é altamente recomendável que a pessoa faça terapia com um profissional capacitado, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
boa tarde! qual o nome do livro
A ciência da natureza humana.
onde posso compra esse livro no amazon aparece varios livros com esse tema, com varios autores com esse nome adler.
Este livro, em português, está esgotado.
Nossa que pena esse livro parece se muito bom, estou lendo os poste do curso são maravilhosos você esta de parabéns pelo trabalho que esta fazendo compartilhando conhecimento fico grato obrigado.