Conheça os 5 típicos papéis familiares descritos por Virginia Satir: distraidor, computador, nivelador, acusador e apaziguador.
Olá amigos!
Eu conheci o trabalho de Virginia Satir através da PNL, Programação Neurolinguistica. Como já expliquei aqui em outros textos, a PNL busca modelar os comportamentos excepcionais de pessoas em sua área de atuação ou atividade. Por exemplo, um homem que fala 56 idiomas fluentemente é, com certeza, um sujeito incrível no aprendizado de línguas. Não seria maravilhoso entender como ele aprende línguas?
A PNL, então, fez e faz isso. Para entender os resultados positivos de terapeutas considerados excelentes, os fundadores da PNL, Richard Bandler e John Grinder modelaram o comportamento também de Virginia Satir e foi deste trabalho de modelação que eu ouvi pela primeira vez sobre ela.
Quem é Virginia Satir?
Virginia Satir nasceu em 1916 nos Estados Unidos (Winsconsin). Ainda bem pequena, esteve doente e, por isso, perdeu a audição por dois anos. Segundo consta, neste período ela teria aprendido a observar atentamente o comportamento não-verbal das pessoas, a fim de com elas se comunicar.
A maioria de nós presta atenção no conteúdo do discurso, enquanto que o que é dito não-verbalmente permanece inconsciente. Com este “treinamento” ainda na infância, Satir teria criado a habilidade de ouvir não só o conteúdo. Ela diz: “Cada palavra, cada expressão facial, cada gesto ou ação dos pais dá para a criança uma mensagem sobre o seu próprio valor. É triste que tantos pais não percebam a mensagem que estão enviando”.
Sua formação, entretanto, não foi em psicologia. Formou-se para o ensino e, posteriormente, fez mestrado em trabalho social.
Outro aspecto que a própria autora conta sobre a sua história foi o fato de que seu pai era alcoolatra, o que a fez observar a dinâmica da relação entre o comportamento de um indivíduo e sua família.
E foi justamente na área do atendimento a família que Virgina Satir se destacou. Ela é aclamada, mundialmente, como uma das mais importantes terapeutas da linha da terapia familiar sistêmica que, inclusive, ajudou a consolidar, divulgar e acrescentar.
Os 5 papéis familiares
Satir desenvolveu a teoria dos 5 papéis familiares. Estes papéis (assim como no teatro o ator encena papéis) aparecem de modo mais evidente quando os membros de uma família não conseguem expressar seus sentimentos, pensamentos, afetos e ideias de uma maneira clara e direta. Os papéis também são chamados, em outros contextos além da família, de “posturas” de Satir:
1) Acusador
2) Apaziguador
3) Computador
4) Distraidor
5) Nivelador
Se pensarmos em situação de conflito familiar, veremos que não é difícil identificar cada um destes papéis. Os nomes são elucidativos do comportamento.
Assim, o acusador ou acusadora é aquele membro da família que fica apontando os erros, as falhas, os enganos, os problemas. O apaziguador é praticamente o oposto do acusador, é o indivíduo que tentar colocar “panos quentes” nas brigas e desentendimentos, sem, entretanto, tentar ou procurar resolver a situação em definitivo.
O computador e o distraidor tem, no fundo, um objetivo parecido: o de buscar apontar a atenção de todos para uma outra direção. Mas, enquanto o distraidor aponta para todos uma forma de não olhar para a dificuldade em questão, o computador tem a tendência de se fechar em seu mundo como um “intelectual distante”.
Por fim, há o papel do nivelador que é aquele que busca comunicar-se de uma forma sincera, aberta e compreensiva sobre o que está acontecendo e busca, de verdade, uma maneira de melhorar o que quer que esteja causando o problema. ao contrário dos outros 4 papéis que não enfrentam ou mostram os seus reais sentimentos.
Como exemplo, podemos pegar o desenho dos Simpsons – que creio que quase todos conhecem. Bart Simpson, o garoto levado e brincalhão, seria um exemplo de distraidor. Com suas piadas e brincadeiras visa distrair e entreter os outros membros da família. Lisa Simpson, a brilhante super dotada, seria um exemplo do computador, do uso da inteligência e da intelectualidade para não lidar com os próprios sentimentos (seus e dos outros da família).
Margie oscila entre os papéis de acusadora (é crítica e fica apontando os erros principalmente do seu marido Homer) e de apaziguadora (quando lida com os filhos). Homer, por sua vez apresenta-se como acusador (quando estrangula o Bart) e como um distraidor pelas suas burradas, seu alcoolismo e sua fuga da realidade. Meg é um bebê e não pode ser apontado para ela um dos papéis.
Apesar de tudo, das confusões e desentendimentos, o papel do nivelador, daquele que comunica os sentimentos reais aparece aqui e ali por um ou outro dos personagens, dependendo do episódio. Assim, Homer e Bart às vezes tem crises de consciência e falam do que sentem de verdade, mas o papel do nivelador é mais frequentemente assumido por Marge e Lisa.
Conclusão
Evidentemente, o trabalho de Satir não consiste em classificar e rotular as pessoas e pronto. Como qualquer classificação que podemos fazer em terapias (como um diagnóstico), o objetivo é encontrar uma orientação para auxiliar no problema do indivíduo ou, no caso da terapia familiar, da família.
Por exemplo, uma das técnicas desenvolvidas pela autora era de que estes papéis pudessem ser encenados pelas pessoas (individualmente) a fim de encontrar o seu próprio papel, o papel das outras pessoas que cresceram ao seu redor. Esta técnica é chamada de “festa das partes”. A ideia é criar um ambiente no qual seja possível a cada um reconhecer o papel que tem desempenhado e sair dele.
Uma das frases da autora que eu mais gosto é a seguinte: “O que permanece do passado individual dos pais, não-resolvido ou incompleto, frequentemente se transforma em uma parte de seu jeito irracional de lidar com os filhos”.
“Mudar os papéis” excelente estratégia!
Achei esse trecho muito interessante […] de que estes papéis pudessem ser encenados pelas pessoas (individualmente) a fim de encontrar o seu próprio papel, o papel das outras pessoas que cresceram ao seu redor. Esta técnica é chamada de “festa das partes”. A ideia é criar um ambiente no qual seja possível a cada um reconhecer o papel que tem desempenhado e sair dele.
Tem muita gente precisando “reconhecer” o seu verdadeiro papel para “mudar” certo?
Olá Felipe,
Parabéns pelo texto.
Me interessei muito pela teoria de Satir. Você poderia escrever outro texto sobre mais aspectos dos papéis e como revertê-los?
Oi Raquel, tudo bem?
A teoria sistêmica é muito interessante. Existem linhas de interpretação fantástica sobre os papéis que cada pessoa cumpre na família. Inclusive, por exemplo, como muitos doentes mentais não são doentes apenas por questões internas, mas principalmente por “carregarem” os problemas da família.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Luciana!
Obrigado!
Sim, este texto acabou sendo uma introdução sobre a Satir.
Em breve, vamos escrever mais sobre a sua obra, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Felipe,
Mesmo se o papel for de nivelador, a teoria diz que é preciso mudá-lo também? E qual é a sua opinião sobre isso?
Qual livro você recomenda dela, que seja mais didático, para entender mais sobre essa teoria dos papeis?
Obrigada,
Alane
Olá Alane,
Estou começando a estudar agora a Satir, então, não posso te dizer com total certeza.
Mas pelo que tenho entendido sim. O nivelador não entra como um dos papéis problemáticos.
Se você lê inglês, este capítulo é bastante completo – http://www.sagepub.com/upm-data/35409_Chapter4.pdf
Livros de Virginia Satir:
Aceitação
Contatos com tato
Encontre o Milagre em Você
Meditações e Inspirações
Terapia do Grupo Familiar
Atenciosamente,
Felipe de Souza