Olá amigos!
Há pouco foi meu aniversário e caiu em um dia de semana, dia de trabalho. Tínhamos pensando de aproveitar e tirar uma mini-férias, de uns dois dias. Mas foi muito interessante observar como para mim não é clara a fronteira entre trabalho e férias, entre produzir e tirar uma folga, entre ter prazer no dia-a-dia ou ter prazer nos finais de semana. Este é um sinal de que a carreira se tornou de tal modo satisfatória que não há aquela necessidade extrema de dar um tempo.
Mas não me levem a mal: não estou falando de ser um workaholic, um viciado em trabalho, que não pára para nada. Muito pelo contrário, aprendi a conhecer e a respeitar o meu limite de forças e alternar entre bons períodos de descanso e atividade laborativa.
O que quero dizer com este exemplo pessoal inicial é que a frase de Confúcio é verdadeira: “Escolha um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida”.
Uma carreira que parece férias e não um trabalho
Por outro lado, conheço centenas de pessoas (amigos, familiares, pacientes, clientes) que tem uma relação totalmente diferente com o trabalho. Para quem não sabe, a palavra trabalho vem do latim tripalium, que era um instrumento de tortura. E, portanto, não é difícil encontrar quem sinta o trabalho com tanto sofrimento que chega a ser uma tortura diária.
Veja bem, normalmente não uma tortura física como um trabalho braçal, e sim uma tortura psicológica, como quem reclama nas redes sociais que é segunda e comemora na sexta, indicando que vive 5 dias de sacrifício e 2 em perfeita liberdade da escravidão.
Assim, quando as pessoas sonham em ser milionárias ganhando na loteria, pensam logo na possibilidade de mandar o chefe se danar e ficar a vida inteira de férias, talvez em uma praia paradisíaca ou em uma mansão com tudo o que se tem direito. Porém, é curioso pensar em como passados alguns meses o tédio viria de maneira necessária.
E é ai que entra um bom critério para a escolha da carreira: “O que você gostaria de fazer no dia-a-dia se não precisasse trabalhar?” ou “Se você tivesse dinheiro suficiente para pagar os seus custos mensais, qual atividade você gostaria de realizar?”
Bem, estas perguntas podem parecer um sonho, porque excluem a premência das contas (e das dívidas que possam existir), mas continuo pensando que são boas perguntas para se pensar na carreira e na profissão e em ter um hobby.
Quer dizer, concordo que em certos momentos é necessário buscar a estabilidade financeira, mas não é incrível poder pensar que se você pensar a fundo nesta pergunta descobrirá que o que você gostaria de fazer pode ser feito?
Digamos que você queira ser um chef de cozinha. Talvez não seja possível trabalhar como chef no momento, mas você pode utilizar o seu tempo livre (assim como você utilizaria se tivesse milhões de dólares) e realizar a atividade desejada – independente do dinheiro.
Talvez você até descubra que o que você quer realmente fazer poderá te dar muito mais dinheiro do que sua profissão de sofrimento atual.
Conclusão
Por fim, gostaria de salientar que ainda que você encontre a profissão dos seus sonhos e consiga torná-la real, você ainda terá que lidar com os chamados ossos do ofício, ou seja, as dificuldades inerentes à profissão. E detalhes que poderiam parecer os mais atraentes podem vir a se tornar também aqui e ali uma pequena insatisfação.
Por exemplo, se você encontra uma profissão que não tenha que ter um chefe, você pode se sentir logo livre e sem cobranças, mas verá que você mesmo vai ter que assumir de certa forma esta posição para ti, o que nem sempre é fácil.
Sei que quando eu mencionei o exemplo de ganhar milhões na loteria e não ter que trabalhar mais, muitas pessoas devem ter pensando que aí que não trabalhariam de forma alguma. Porém, uma vida de férias, sem fazer nada, é uma vida vazia e entediante no longo prazo. É como quando somos crianças e ficamos torcendo pelas férias escolares, apenas para descobrir depois de uma semana depois já é um pouco entediante.
Quer dizer, quando adultos também somos impelidos por outros valores que não apenas o do prazer instantâneo, também queremos ser reconhecidos pelo nosso trabalho, valorizados pela nossa contribuição à sociedade, estimados pelo nossa capacidade de criar.
Nesse sentido, é instigante pensar na ideia de missão de vida. Missão vem de missa e missa vem do verbo latino mittere que significa enviar. Assim, e sem querer entrar em questões religiosas, psicologicamente encontrar a sua “missão de vida” significa encontrar o porquê de ter sido enviado para esta vida.
Alguns dizem que vieram e foram enviados a essa vida a passeio, apenas para se arrependerem quando estão mais velhos, com a sensação de que não fizeram nada. Portanto, para quê você foi “enviado” até aqui? O que você foi chamado a fazer? (A antiga ideia de uma vocação).
Existem certos critérios que podemos utilizar para saber se estamos perto de encontrar, como na brincadeira infantil se está frio ou quente, como a sensação de que o trabalho não é mais um tripalim, uma tortura. É a sensação de que estamos contribuindo de verdade com os nossos esforços e estamos ajudando a sociedade como um todo, é a sensação de que o tempo voou e já é o fim do expediente e nem vimos a hora passar. É a sensação de que se você saísse de férias, iria querer continuar fazendo as atividades do seu dia-a-dia porque elas te trazem tanta satisfação quanto estar em uma praia.
E você? Como vive o seu trabalho? Como gostaria de viver?
Boa tarde, Felipe!
Há um bom tempo atrás (quase dois anos? Não lembro) encontrei seu blog. Era um momento tempestuoso, onde começavam-se as dúvidas, coceiras, sobre aquilo que eu estava fazendo (trabalho) não ser, na verdade, aquilo que eu ‘achava que queria ser’ no futuro. Pois bem, esse seu post – depois de tantos que já li desde então – vem pra completar mais uma certeza de que fiz certo ao sair da minha zona de conforto e me redescobrir.
Depois desse tempo todo, e de terapia com foco em acompanhamento profissional, começarei a faculdade de Psicologia na segunda-feira (começo de semestre)! Hahaha… bom, queria passar aqui e dizer que seu blog foi e é muito importante para mim, para essa tomada de decisão, e pelo alargamento dessa visão sobre as coisas que o cotidiano nos cega.
Parabéns e muito obrigado!
Com relação a sua pergunta! Vivo bem. Sou feliz por realizar um trabalho onde posso orientar, interagir e aprender, resumindo: aprendo muito mais quando escuto do que quando ensino. Como gostaria de viver? Vivo todos os dias o real com seus bonus e ônus. A vida é assim, certo? Abs,
Realizar a atividade profissional de que gosta, escolhida por vocação, podendo obter o rendimento financeiro desejado e suficiente dessa atividade, ainda é, infelizmente, um privilégio de poucos, creio eu. No meu caso, p.ex., tenho de trabalhar com o que não gosto (direito) e fazer o que gosto apenas nas horas livres, porque essa atividade de que gosto (tocar bateria em bandas de rock) é uma atividade que, raramente, rende dinheiro suficiente frente ao custo de vida.. Creio que, em situações como essa, fica muito mais difícil, quase inviável mesmo, viver essa frase de Confúcio. Sorte de quem gosta de uma atividade que é socialmente valorizada, de modo a render dinheiro suficiente para cobrir os custo de vida. Azar de quem gosta de atividades socialmente desvalorizadas no mercado e que não rendem dinheiro suficiente. Estes terão de ganhar seu dinheiro fazendo algo de que não gostam tanto assim, pra conseguir mesmo o dinheiro necessário. Minha situação, aliás. Alguém aí sabe como ganhar uma boa remuneração tocando bateria em banda de rock? Me ajudem, por favor a ser um desses poucos privilegiados que podem viver de seus hobbies. Grato.
Olá Alexandre,
Entendo perfeitamente, meu caro!
Quando estava escrevendo imaginei que teríamos que conversar sobre este ponto.
Bem, em primeiro lugar, fico feliz de saber que você não abandonou o seu hobby. Veja aqui – A Importância de ter um hobby
Agora, sobre o sucesso em um área artística, não existe uma fórmula mágica, mas conheço muitas pessoas que vivem da música e vivem muito bem. Foi fácil? Evidente que não, mas eles conseguiram.
Deixo aqui um vídeo para refletir:
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Raquel!
Sim sim, aprendemos demais trabalhando e esta é, para mim, uma das funções do trabalho para as nossas vidas!
Obrigado por comentar!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Adriano!
Que bacana!
Fico feliz que você esteja acompanhando o site há tanto tempo!
É muito bom ter essa oportunidade de trocar ideias com tantas pessoas, de todas as regiões do Brasil e em todas as partes do mundo!
Estaremos então, logo mais, mais perto neste caminho junto da psicologia.
Sucesso pra ti!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Boa tarde Felipe,
Cara parabéns pelo site, muito bom, principalmente para quem esta começando o curso de Psicologia.
Espero um dia estudar com você
Abraços
Olá Weverton!
Obrigado!
Fico muito feliz com a sua avaliação!
Atenciosamente,
Felipe de Souza