Olá amigos!
Finalizando o nosso Curso de Contador de Histórias Grátis, hoje, na última Lição, vamos falar sobre o Tempo na Narrativa. Existe um livro excelente do filósofo Paul Ricoeur chamado Tempo e Narrativa. Eu o estudei em meu mestrado e gostaria de deixar aqui como uma indicação para leituras complementares ao nosso Curso. O capítulo mais interessante, em minha opinião, é o último capítulo, quando Ricoeur fala do conceito de identidade narrativa.
Quando nós vamos responder à pergunta – quem sou – (ou quem é o nosso personagem principal), vamos ter que contar uma história, estabelecer uma narrativa que será, inevitavelmente, ligada ao tempo. Em suma, toda narrativa desenrola-se no tempo e tem uma dinâmica própria de estabelecer o tempo.
Assim, é comum que a história seja contada no ritmo do passado, presente e futuro, mas nem sempre. Algumas histórias terão o que vamos chamar de Flashbacks e Foreshadowing, além dos chamados sub-plots. Não temos uma tradução correta ou exata para estes termos em inglês, tanto é que é comum vermos as pessoas falando de Flashbacks em filmes, novelas e séries ao invés de um termo qualquer traduzido.
A seguir, vamos explicar cada um destes termos e vamos entender como estes elementos podem vir a ser importantes na nossa criação ou contação de histórias quando a narrativa não é linear (passado – presente – futuro) ou quando precisamos voltar no tempo para informar sobre algum aspecto relevante na trama ou até antever um acontecimento futuro, a fim de despertar a curiosidade de nosso leitor ou ouvinte.
Definição de Flashbacks e Foreshadowning
Para facilitar o nosso entendimento, vamos dizer que flashback (literalmente um flash do passaddo, “olhar para trás) relaciona-se portanto com o passado e foreshadowing relaciona-se com o futuro. Então, se estamos contando um evento que aconteceu no presente, em nossa história, e temos que contar um outro evento que aconteceu no passado, vamos criar um flashback. Enquanto que, se pularmos do presente para o futuro, estaremos criando um foreshadowing.
O autor ou o contador de histórias irá criar um flashback quando houver uma causa, ou seja, quando o que estiver para ser contado depois não fizer nenhum sentido desde que voltemos ao passado. É diferente de uma digressão que só volta ao passado através de uma associação sem sentido.
Um flashback tem que ser inserido na narrativa quando a nova informação for afetar o modo como se compreende o que está acontecendo ou quando o conceito sobre um personagem deve ser alterado.
Por exemplo, digamos que a história que vamos contar possua uma dinâmica de conflito entre o protagonista e o antagonista. Vamos acompanhando o desenrolar dos acontecimentos e vamos ficando cada vez com um sentimento a favor do protagonista e contrário ao antagonista até que na cena de climax final, o autor insere um flashaback, um episódio de infância, que nos faz entender (mas não concordar) com as atitudes malignas daquele indivíduo.
Ou seja, o flashback é inserido sempre quando não há outra forma de continuar contando a história, a não ser voltando no tempo. De igual modo, temos que entender o foreshadowing, quer dizer, quando vamos ter um lampejo do futuro, temos que ter este lampejo quando é totalmente necessário ou, se for uma forma de antecipar algum evento, esta antecipação tem que instigar a curiosidade e prender a atenção.
Em alguns casos, podemos notar que os criadores de histórias, em filmes, romances, peças de teatro conseguem fazer uso do foreshadowing de forma brilhante. Em outros casos, vemos que a antecipação de um fato que só vai acontecer no futuro da história é desastroso, pois, ao invés de criar o sentimento de suspense e interesse acaba criando uma antecipação que faz com que a história perca a graça, justamente porque já vamos saber o que está para ocorrer.
Por exemplo, se a história começa dizendo algo como: “Naquela noite, ele ia acabar com o seu casamento, logo depois de perder o emprego. Tudo começou quando…”
Podemos ver que há aqui um foreshadowing, um antecipação do que o personagem central vai ver. Porém, antes que cheguemos a este ponto (naquela noite), vamos passar por todos os eventos que o levaram a romper a sua relação e, também, a perder o seu emprego.
Ora, o foreshadowing, ainda mais do que o flashback, tem que ser utilizado de uma forma muito criteriosa, porque os nossos leitores e ouvintes vão saber já a partir dali o que está por vir. Contudo, como disse, o foreshadowing às vezes acaba sendo um problema (e deveria ser evitado), enquanto que para quem sabe utilizar, é uma ferramenta excepcional. Em outra lição, já citamos o começo do livro Cem anos de solidão:
“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo”…
Então, desde o começo do livro, vamos saber o que o Coronel Aureliano Buendía iria enfrentar um pelotão de fuzilamento. Entretanto, este episódio futuro foi construído de forma tão magistral que ficamos pensando o que vai acontecer para que ele tenha que viver aquilo (será um crime? será uma vingança? um problema político?) e, também, o que vai acontecer (será que vão mesmo matá-lo fuzilado? será que ele vai conseguir escapar?) e logo na sequência a narrativa acaba descrevendo um flashback, “aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo”…
Portanto, em uma mesma frase, o gênio de Gabriel Garcia Marquez consegue unir um foreshadowing com um flashback. Embora, o flashback seja nesse caso não propriamente um flashback se pensarmos que o tempo passado acaba sendo teoricamente mais longo do que um flashback comum. De toda forma, o que vemos é que a dinâmica normalmente simples de passado, presente e futuro, em bons contos, em boas histórias é rompida para dar lugar a todo tipo de construção de tempo.
Em alguns casos, é a inserção de um flashback, em outros casos, é a inserção de um foreshadowing e em outros – como também encontramos na Odisseia, de Homero – um episódio do meio da história é o começo, o meio é o início e assim vai.
O que importante notarmos em todos os casos é conexão, o nexo, a ligação entre estes períodos de tempo, ou seja, não podemos nos perder ao contar ou criar uma história em digressões ou antecipações inúteis no que temos que contar.
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Olá,gostaria de parabeniza-lo pelo site primeramente,encontro muitos textos interessantes com questões bacanas a serem discutidas.Esse curso me chamou atenção porque eu gosto de escrever e achei que seria bom para mim, hoje que concluí, tenho certeza que foi ótimo ter o feito.Obrigada por ter criado esse curso!
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Felipe de Souza
Boa noite,gostaria de saber se o curso de contador de historia ainda está valendo,grato Eliete Medas
Olá Eliete!
Sim, claro!
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Atenciosamente,
Felipe de Souza
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Ficarei muito feliz,pois amei o conteudo exposto aqui no site.
Muito obrigada.
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Sou professora Marli, trabalho na APAE sou contadora de histórias,adorei suas dicas quero aprender sempre mais , eu adoro envolver os alunos nas histórias e eles participam do seu jeito isso é muito legal.Como faço para fazer o curso… aguardo retorno Marli
Olá Marli,
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