Olá amigos!
Neste texto, vamos falar sobre a Força do Caráter chamada de “Mente Aberta”, tradução literal para o termo, em inglês, “Open-mindedness”. Como já definimos em outro texto – O que é a Psicologia Positiva e o que são as virtudes ou forças de caráter estudadas por esta nova abordagem da psicologia – vou passar direto para a definição do que é ser mente aberta. Será que você é uma pessoa com a mente aberta?
Definição de Mente Aberta (Open mindedness)
Segundo Seligman e Peterson, no livro Character Strenghts and Virtues, a força do caráter chamada de Mente Aberta é a disposição para pesquisar ativamente por evidências contrárias às crenças, planos ou objetivos defendidas pela própria pessoa e para julgar estas novas evidências de forma justa quando estão disponíveis.
Pode parecer um pouco complicado de começo, por esta definição, mas é simples de pensarmos o que é ser uma pessoa mente aberta através de um exemplo.
Pare por um momento e pense: Você é a favor ou contra a liberação do aborto?
Em qual dos 3 pensamentos abaixo você assinaria embaixo?
1) O aborto é um direito básico que deveria estar disponível para todas as mulheres. Limitar o acesso ao aborto é limitar a liberdade das mulheres pelo seus direitos como cidadãs. Tal limite não deveria ser tolerado. Fazer com que o aborto seja proibido significa não entender ou respeitar a separação moderna entre o estado e a igreja que é fundamental para um estado laico.
2) Muitos veem o aborto como um direito civil básico que deveria estar disponível para todas as mulheres que quiserem exercê-lo. Outros, entretanto, veem o aborto como infanticídio.
3) Alguns veem o aborto como uma questão de direitos humanos para as mulheres – ou seja, o direito delas de decidir. Outros já entendem que o aborto não é mais justificável que um assassinato. Qual perspectiva deve ser defendida depende do modo como for definido o começo da vida, ou seja, na concepção ou no parto.
Bem, cada um de nós concordará mais ou menos com um destes 3 pensamentos. Eu quis utilizar o mesmo exemplo do livro do Seligman e Peterson porque creio que é um exemplo bastante forte, imerso em um grande debate no mundo todo e que, consequentemente, levanta os ânimos de todos para uma discussão do que é certo e do que é errado.
Quando nós dizemos que alguém é mente aberta não estamos querendo dizer que defende uma opinião mais liberal (que defenda o aborto). O significado do conceito de mente aberta dentro da psicologia positiva é de alguém que consiga ver – também – o ponto de vista dos outros, pensar sobre eles, considerar a validade ou não, e ainda que não mude de ideia depois da consideração, continua e permanece aberto para o diálogo e para uma mudança de visão a partir de novas evidências ou argumentos.
O contrário de mente aberta seria preconceito ou viés (bias, em inglês). Uma pessoa preconceituosa é aquela que defende apenas o seu próprio ponto de vista, vê apenas o seu próprio ponto de vista, está fechado para o diálogo e para a conversa, ou seja, vê o mundo como 8 ou 80, preto ou branco, sim ou não. O sim e a verdade, é claro, está do seu próprio lado e não dá sinais de que irá mudar com o tempo.
Assim, um sujeito altamente intelectual que acredita em uma determinada teoria científica – e apenas nela – seria tão preconceituoso como um religioso fundamentalista. Ambos não teriam esta força do caráter chamada de mente aberta.
Uma pessoa mente aberta tem concepções semelhantes a essas:
“Abandonar uma crença prévia é sinal de força de caráter”
“As pessoas deveria levar sempre em consideração evidências que são contrárias às suas crenças”
“As crenças devem ser sempre revisadas em resposta a novas evidências”.
Pessoas preconceituosas, por sua vez, tem opiniões totalmente diferentes:
“Mudar o seu modo de pensar é um sinal de fraqueza”
“É importante preservar firmemente em suas crenças mesmo quando evidências contrárias surgem”.
“Devemos descartar evidências que não concordem com o nosso ponto de vista”.
Conclusão
É fácil ver como a qualidade do caráter intitulada pelos autores da psicologia positiva como Open-mindedness, Mente Aberta, é importante para a vida individual e coletiva. Se a nossa mente se fecha em si mesma, tornando-se preconceituosa e imutável teremos diversos problemas para aprender novos conhecimentos e pior: teremos extrema dificuldade de nos relacionar com as outras pessoas.
Isto porque, ao contrário do que pensam as pessoas que são infantis mesmo depois de terem saído da infância, as outras pessoas não são reflexos de nós mesmos e o mundo não gira ao nosso redor. Cada um cada um, como se diz aqui em Minas Gerais. Ou seja, cada pessoa tem o seu próprio olhar, visão e entendimento sobre a vida e se cada um ficar fechado em sua própria perspectiva é impossível o convívio e até o diálogo não existirá.
O exemplo do aborto é bastante significativo. Não direi a minha opinião pessoal aqui, mas para quem não sabe direi que o Conselho Federal de Psicologia defende a legalização do aborto e a possibilidade de ele ser implementado na rede pública. Isto porque apesar de ser um crime, ele continua sendo praticado por milhares de mulheres todos os anos, de forma clandestina, o que, por sua vez, provoca (duas) mortes. Se pensarmos que há uma vida no embrião, veremos que este embrião morre, mas também a mulher morre quando não possui a sua saúde assistida.
Evidentemente, é uma questão bastante difícil e como diz o pensamento 3, tudo vai depender o que se acredita ser o começo da vida. De todo o modo, se formos utilizar o conceito que estudamos juntos aqui neste texto, da força do caráter da mente aberta, teríamos que suspender o nosso juízo pessoal e pensar também nas outras perspectivas.
Ou seja, se você defende o direito ao aborto, você teria que ver o direito do embrião ou do bebê. Se você não defende o aborto, teria que ver a perspectiva da mulher que corre o risco de morrer em um aborto clandestino.
Ser “mente-aberta” não quer dizer defender um ponto de vista mais liberal ou um ponto de vista mais conservador. Ser “mente-aberta” – na psicologia positiva – significa ter a habilidade de ouvir as opiniões contrárias, entendê-las, dialogar com elas e, se possível, chegar a um consenso ou continuar com a mente aberta para novas informações ou novidades.
Ola, estou apaixonada por cada post seu, comentei alguns dias atrás que estava em dúvida se deveria realmente deixar meu curso de ADM, e tentar psicologia no ENEM, mas, a cada texto que leio, fico mais curiosa e entusiasmada para ver mais sobre psicologia, já não penso em outra coisa, vou estudar e conseguir uma bolsa, quero aprender mais sobre esse mundo fascinante que é essa profissão. Parabéns, por mostrar um de forma simples e de muita relevância para o ser humano as maravilhas que a psicologia tem a nos oferecer.
Perfeito!
O que eu queria mesmo é que alguém me indicasse livros de Psicologia. Dou aulas numa universidade para a terceira idade e nenessito de temas sobre psicologia.
Fico muito agradecido
Sensacional esse texto. Parabéns!
Isso me fez pensar em um fato que começou a ocorrer nas ruas e na internet no último ano: alguns saem às ruas para pedir mais democracia, mais transparencia, alegando que não se sentem representados pelo Parlamento; outros, por sua vez, reivindicam (e não são poucos!!!) a volta da ditadura militar no País. Ou seja, as reivindicações – que temos visto na internet e nas ruas – são totalmente opostas.
Como conciliar isso? Será que as pessoas – alegando liberdade de expressão absoluta – não estão fazendo com que surja o caos e não uma democracia?
São assuntos para pensar…
Olá, Felipe! Eu não sei que tipo de gente sou, se mente aberta ou se sou preconceituosa. Mas gosto de inovar, saber das coisas, ver os problemas por um outro ângulo. Eu fiz três abortos e me arrependi por tê-los feito. Eu não tinha maturidade e era uma pessoa muito egoísta e principalmente medrosa. Eu fiz os abortos porque eu sofri muito na minha primeira gravidez (Eu tenho um casal de filhos lindos) e não queria passar por tudo outra vez. Quando fiz o primeiro aborto eu não fui ao médico e usei citotex, que é muito fácil de encontrar. Achei fácil me livrar daquela gravidez e fiz isso mais duas vezes. Hoje, mais sóbria, vejo que as coisas poderiam ser bem diferentes. Ainda sofro por ter me livrado dos meus três filhos. Fico imaginando como seria se eu tivesse ido ao médico e ele me orientasse para que eu me precavesse ou fizesse uma laqueadura. Eu só queria um filho, mas Deus quis me dar dois e a minha filha quase foi vítima de outro aborto. Eu penso que se eu tivesse ido ao médico e tivesse feito tudo certinho, como fiz da minha última gravidez, fiz laqueadura, eu não teria passado pelo que passei. Eu fui louca, insana e poderia ter morrido. Me arrependo do que fiz e sou veemente contra o aborto. A mulher que faz o aborto não é mais a mesma: sofrimento moral, psicológico, físico, te confesso por experiência própria que é uma tortura, sem contar o que dita a religião, principalmente o Espiritismo. Será que meus três filhos estão viajando por aí em busca da mãe que rejeitou-os. Nesse caso tenho a mente fechada. Um abraço!
Olá Tuanne!
Obrigado!
Fico muito feliz que tenha gostado!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Antônio,
Veja aqui https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/2013/06/melhores-livros-de-psicologia-para-comecar-a-estudar.html
Atenciosamente
Felipe de Souza
Olá Jéssica,
Fico muito muito feliz que esteja gostando do nosso site!
Qualquer dúvida, é só comentar, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Maria,
Isto é o que muitos chamam da contradição da democracia. Pela liberdade (suposta) presente na democracia, também poderíamos encontrar posições contrárias à essa própria liberdade…
O que vemos no Brasil atualmente é algo, em minha opinião, assustador com estas ideias absurdas de voltar à ditadura. De toda forma, acho válido a opinião do Voltaire. Apesar de não concordarmos, é melhor que as pessoas que acreditam nisso estejam livres para falar e expressar o que consideram melhor.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Zipora,
Entendo perfeitamente o seu sofrimento.
A questão que é tratada no texto é a habilidade – que podemos criar ou aperfeiçoar – de ver outros pontos de vista que não são condizentes com o que já pensamos ou acreditamos.
Por exemplo, eu posso ser totalmente contrário ao aborto. Mas posso ter uma paciente que está para fazer um. A psicologia clínica exige que tenhamos esta visão de mente aberta, porque como eu vou entender alguém que não tem as mesmas opiniões que eu se eu não estiver aberto para ouvir?
A questão do aborto é bastante controversa, eu sei. Aqueles que defendem, defendem o direito do acesso à saúde para mulheres que querem ou precisam ou pensam que é a melhor decisão (naquele momento) e que podem morrer – muitas morrem – se não tiverem esta assistência.
Atenciosamente,
Felipe de Souza