Olá amigos!
Há uns dias atrás eu escrevi a respeito da Psicologia Positiva, esta nova área da psicologia que ainda é pouco conhecida entre nós e que vem se desenvolvendo neste novo século em que estamos. A partir de agora, vamos ter aqui em nosso site um Curso Completo – gratuito e através de textos – sobre as 24 forças de caráter estudadas e, entre elas, está a criatividade.
Veja também – A Psicologia Positiva – A Curiosidade
No livro de Christopher Peterson e Martin Seligman, Strenghts and Virtues, A Handbook and Classification – ainda sem tradução para o português, podemos encontrar uma sessão inteira dedicada para a criatividade, como uma força de caráter, por vezes também chamada de originalidade ou ingenuidade.
Quando falamos sobre a criatividade, logo nos vem à mente os grandes gênios da humanidade, os grandes artistas como Mozart, Picasso, Da Vinci, Michelangelo. Entretanto, a criatividade é uma força do caráter que pode estar presente em todos nós, em maior ou menor grau.
A força do caráter da criatividade – Definição
Para a psicologia positiva, a criatividade possui dois aspectos fundamentais: 1) a pessoa criativa – para ser criativa – deve produzir ideias ou comportamentos que possam ser considerados originais; 2) Os comportamentos ou ideias originais tem que ser adaptativos.
Os dois aspectos tem que estar presentes, pois se levarmos em conta apenas o primeiro, teremos que definir sintomas como as alucinações e neologismos da esquizofrenia como criatividade. Ou seja, na esquizofrenia, a pessoa apresenta comportamentos ou ideias que são originais, mas não são adaptativas. Isto quer dizer que esta originalidade não a ajuda, muito pelo contrário, apenas a atrapalha.
Portanto, um comportamento ou ideia nova, original, tem que também possuir este aspecto de adaptação, no sentido de contribuir para a vida da própria pessoa ou das pessoas que estão em volta.
No livro que vamos utilizar sempre aqui – Strenghts and Virtues, A Handbook and Classification – os autores começam a parte sobre criatividade citando um exemplo de uma senhora comum, Elizabeth Layton, que depois de uma vida de sofrimento, com períodos de depressão, pensamentos suicidas, começa a pintar, aos 68 anos. Nas aulas de pintura, sua professora logo reconhece a sua capacidade criativa e a auxilia. Nos quinze anos seguintes, ela produz mais de 1000 trabalhos e a arte a salva da depressão e do isolamento.
Este exemplo é útil pois mostra que a criatividade não tem relação necessária com a genialidade de um artista renomado. Produzir arte é ser criativo, pois algo novo é produzido (seja uma música, poema, pintura, escultura) e esta novidade que é produzida é adaptativa, é útil, é benéfica para a pessoa e frequentemente para as pessoas que estão ao redor.
Considerando os dois aspectos da criatividade (originalidade e adaptação ou utilidade), vamos ver que dependendo da pessoa, os dois aspectos podem variar. Por exemplo, um cientista pode ser criativo tendendo mais para o lado prático e útil, enquanto um artista pode tender mais para o lado da originalidade, novidade, ingenuidade.
As pesquisas sobre criatividade na psicologia
No livro de Seligman e Peterson também encontramos uma breve revisão bibliográfica das pesquisas sobre criatividade dentro da psicologia. Segundo eles, J. P. Guilford deve ser considerado o primeiro teórico a chamar a atenção para a necessidade de estudar a fundo a criatividade, ainda na década de 1950 e, igualmente, por ter contribuído na tentativa de criação de testes psicológicos para medir a criatividade dos indivíduos. Nas décadas seguintes, os estudos cresceram enormemente com a criação de vários manuais, jornais científicos especializados e enciclopédias.
Para eles, agora “a criatividade pode ser considerada um tópico legítimo da pesquisa científica dentro da psicologia”. E, como não poderia deixar de ser, pelo fato de a psicologia ser um campo de estudos muito amplo e variado, as diversas áreas da psicologia se aproximaram do estudo da criatividade a seu modo.
A psicologia cognitiva estuda os pensamentos que estão por detrás do processo de ser criativo; a psicologia social concentra-se nas interações sociais que contribuem ou desestimulam a criatividade individual; a psicologia do desenvolvimento pesquisa a infância e a adolescência e como estas fases do desenvolvimento lidam com a criatividade e se a mesma continua ou desaparece na fase adulta.
A psicologia da personalidade investiga os traços de caráter, valores, motivações e estilos das pessoas criativas, enquanto a psicologia clínica utiliza a criatividade para a melhora dos pacientes, por exemplo, na arte-terapia.
Como um dos objetivos da psicologia positiva é o de criar, também, formas de estudar empiricamente as forças do caráter, os pesquisadores da área trabalham com testes psicológicos para medir e acessar a criatividade.
Para Seligman e Peterson, para medirmos a criatividade temos que levar em conta 4 questões fundamentais:
1) Qual é a idade da população?
2) Qual domínio da criatividade será investigado?
3) Qual é a magnitude da criatividade que será medida? (Por exemplo, resolver problemas do dia-a-dia ou o fato de a pessoa ganhar prêmios por ser criativa)?
4) Qual manifestação da criatividade será o alvo da medição? (Ou seja, a criatividade através de produtos, através de processos mentais ou através da personalidade)?
A última pergunta é a mais importante, porque permite uma avaliação mais detalhada e precisa. Quando eles dizem produtos estão querendo dizer da produção que advém da criatividade. Por exemplo, um cientista poderá ser avaliado como criativo a partir de sua produção acadêmica. Em termos de quantidade de publicação em um jornal científico ou termos da qualidade dos artigos, pela citação dos colegas.
Quando eles dizem sobre processos, eles se referem a formas cognitivas que predispõe à criatividade. Guilford, o autor que deve ser considerado o primeiro teórico a medir verdadeiramente a criatividade, salientava que o pensamento divergente era uma característica fundamental de uma pessoa criatividade. Em outras palavras, para que possamos avaliar uma pessoa criativa, vamos avaliar o modo como ela pensa – seu processo de pensamento – e uma das características residiria na capacidade de pensar em várias respostas para um problema e não apenas em uma forma.
E, finalmente, quando eles mencionam a personalidade – ou as medidas pessoais – eles estão interessados nas características de personalidade como ter sempre amplos interesses, bom humor, autoconfiança, tolerância à criticas e assim por diante.
Algumas questões interessantes sobre a criatividade
A famosa questão se uma pessoa criativa tem ou não um problema mental é bastante antiga. Na verdade, pode ser traçada desde os antigos filósofos gregos. Será que um poeta tem que ser depressivo? Um cientista criativo tem que ser maluco, estranho, esquivo?
Bem, não há uma resposta simples para a relação entre criatividade e psicopatologia. De acordo com os autores: “Os indivíduos altamente criativos são frequentemente inclinados a exibir níveis de sintomas de anormalidade que são frequentemente associados com diagnósticos clínicos. Exemplos incluem introversão com reclusão, depressão, episódios maníacos e comportamentos antissociais. E mais, estudos epidemiológicos indicam que a criatividade tende a ser maior naquelas pessoas que vem de famílias nas quais a psicopatologia está mais presente do que a média”.
Entretanto, a relação não é tão direta. Não podemos dizer que a criatividade depende da uma personalidade psicopática, com uma ou outra doença mental. Autores humanistas como Carl Rogers e Maslow argumentaram que a criatividade assenta-se na capacidade do indivíduo de se auto-atualizar, ou seja, ainda que a pessoa possa ter um traço ou sintoma de uma doença mental, a auto-atualização faria com que a pessoa utilizasse tais traços ou sintomas para criar, para ser original, para se adaptar.
Outra questão interessante é sobre a estimulação da criatividade. Diversos estudos da psicologia apontam que a criatividade pode ser nutrida com um ambiente que contenha livros e revistas, incentivo à ida a museus, concertos, viagens. Crianças que foram consideradas criativas – em testes psicológicos – possuem em geral pais que são mais educados (academicamente falando) e que estimulam frequentemente atividades criativas.
E, por fim, como podemos ser mais criativos ou como podemos estimular mais a criatividade nos outros?
A criatividade tende a ser maior em ambientes que são abertos a novas ideias, que elogiam com frequência, que são informais e que dão apoio incondicional. Por outro lado, a criatividade é inibida em ambientes de crítica constante, quando há uma supervisão exagerada (de um parente, professor ou chefe, por exemplo), e, também, quando há um tempo para terminar a atividade. Infelizmente, parece que é mais fácil inibir a criatividade do que estimulá-la.
Uma técnica que é constantemente utilizada para estimular a criatividade é a chamada técnica de brainstorming, literalmente tempestade mental. Nesta técnica, a pessoa – em grupo ou individualmente – tem que associar livremente e ir pensando e dizendo ou escrevendo todas as ideias novas que lhe surgirem, não importa se sejam tolas, ridículas ou sem sentido. O ponto central é evitar toda e qualquer crítica.
Para os psicólogos positivos, há uma grande evidência de que a criatividade possa ser estimulada por atividades de brainstorming, porém, é necessário acrescentar que esta atividade gera novas ideias, mas não necessariamente faz com que sejam produzidas, realizadas ou finalizadas.
No próximo texto, falaremos sobre a segunda força de caráter estudada pela psicologia positiva, a curiosidade.
Felipe, seguindo o assunto do texto. Gostaria de saber se pessoas com problemas familiares tem tendência a serem mais criativas.
Caro Felipe, o que você indicaria para ampliação de conhecimento sobre psicologia positiva?
Felipe, seus textos são sempre elucidativos, agradeço a você pela clareza e por passar conhecimentos.
Eu resolvi continuar a estudar e estou fazendo Licenciatura em Artes e como sempre gostei, faço uso desse recurso (pintura em tela, artesanato) sempre que posso, equilibrando meu emocional. Estou interessada em estudar arteterapia, lincando esses ensinamentos. Tenho que fazer o curso de Psicologia ou outro (s)? Aguardo suas sugestões,
um abraço,
Malu Poças
Olá Maria,
Bem, eu não sou um especialista em arteterapia, mas vejo que não seria necessário fazer psicologia para trabalhar na área, assim como não é necessário fazer psicologia para trabalhar com musicoterapia, ok?
Mas é uma questão de você investigar mais a fundo a legislação, até através dos cursos de formação disponíveis.
Qualquer dúvida, vamos conversando por aqui!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Rivaldo!
Você consegue ler bem em inglês?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Caro Felipe, para minha tristeza, não leio inglês. Não outras boas literaturas em língua portuguesa?
Um abraço, e muito obrigado!
Olá Rivaldo,
Infelizmente eu desconheço a literatura em língua portuguesa da Psicologia Positiva.
Eu estou lendo um livro chamado Character Strenghts and Virtues: A Handabook and Classification. É neste livro que estou me baseando para escrever os textos.
Mas, assim, acompanhe os próximos textos aqui do site que eu sempre estarei postando mais sobre Psicologia Positiva. Na verdade, é um projeto meu escrever um Curso Gratuito, com todas as 24 forças do caráter, ok? Até para preencher esta lacuna.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Mayk,
Segundo algumas pesquisas sim.
Mas não devemos nos concentrar neste fator, nem na relação loucura-criatividade, ok?
Qualquer atividade que nos fizer ser mais criativos, deve ser utilizada.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Ok, meu caro Felipe, sou-lhe muito agradecido pelo seu trabalho genuíno desenvolvido nesse site. Suas contribuições têm sido de grande importância para mim, e creio que para muitos também que visitam esse blog.
Um abraço, e que Deus o abençoe!
Olá meu caro!
Obrigado! Em breve, publicarei mais textos sobre psicologia positiva!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
muito bom
Olá Felipe,
Adorei este trabalho que está desenvolvendo, iniciei o curso e estou muito grata por você dividir teu conhecimento conosco. Assim como o Rivaldo, não sei inglês, mas se tiver alguma outra leitura que possa utilizar, agradeço!
Tudo de bom!
Abraço.
Olá Janise!
O Martin Seligman tem um livro chamado A Felicidade Autêntica, está em português.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Oi Felipe!
Achei muito interessante e gostaria de me aprofundar mais no assunto, voce tem algum curso rapido deste tema? Emite certificado?
Olá Bárbara,
O Curso que temos no momento está em andamento.
Veja as lições aqui – https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/2014/06/curso-de-psicologia-positiva-gratis.html