Olá amigos!
Continuando o nosso Curso de Contador de Histórias Grátis, vamos falar agora sobre a importância de entender que cada personagem tem um objetivo, tem um propósito, tem uma missão, assim como eu e você, assim como todos nós.
Se vamos contar uma história, seja ela fictícia ou real, nós temos que imediatamente captar o que o personagem quer, qual o seu alvo, qual a sua meta, senão, corremos o risco de criar uma história tão parada que não despertará o interesse do nosso ouvinte ou leitor. Em uma história com um personagem sem objetivo nós teremos, simplesmente, uma história sem sentido. E é até significativo observar que sentido também quer dizer direção, propósito, mira.
O que o personagem ou protagonista quer?
Devemos começar o nosso estudo tanto na criação de uma nova história como na preparação para contar qualquer história com a pergunta: “O que o personagem principal quer?” Temos que deixar claro desde o início qual é o objetivo a ser alcançado, geralmente superando obstáculos e dificuldades, até para que o nosso leitor ou ouvinte possa se identificar com o personagem e “entrar em sua pele”.
Podemos dividir o objetivo de nosso personagem central em dois pontos:
– objetivo externo;
– objetivo interno
Em outras palavras, o objetivo externo é o que ele quer, enquanto que o objetivo interno pode ser entendido como o porquê ele quer.
Por exemplo, temos o filme A Origem, com Leonardo Di Caprio. Para quem não conhece o filme, vou disponibilizar a sinopse:
Sinopse – A Origem
Em um mundo onde é possível entrar na mente humana, Cobb (Leonardo DiCaprio) está entre os melhores na arte de roubar segredos valiosos do inconsciente, durante o estado de sono. Além disto ele é um fugitivo, pois está impedido de retornar aos Estados Unidos devido à morte de Mal (Marion Cotillard). Desesperado para rever seus filhos, Cobb aceita a ousada missão proposta por Saito (Ken Watanabe), um empresário japonês: entrar na mente de Richard Fischer (Cillian Murphy), o herdeiro de um império econômico, e plantar a ideia de desmembrá-lo. Para realizar este feito ele conta com a ajuda do parceiro Arthur (Joseph Gordon-Levitt), a inexperiente arquiteta de sonhos Ariadne (Ellen Page) e Eames (Tom Hardy), que consegue se disfarçar de forma precisa no mundo dos sonhos.
O filme é interessante sob diversos aspectos, inclusive por abordar a temática dos sonhos e, mais especificamente, a temática dos sonhos lúcidos. No filme, podemos ver que o personagem central, Cobb, junto de seus amigos, plantar uma nova ideia na mente do filho de um bilionário para que ele desfaça o império do pai e, com isso, a concorrência possa ganhar o mercado para si. Este é, então, o objetivo externo.
O objetivo interno vai sendo apresentado com o tempo. Inicialmente, pode-se dizer que o objetivo interno é voltar para os EUA sem nenhuma acusação pela morte de sua esposa. Porém, como vamos entrando na mente do personagem, podemos reconhecer que o objetivo interno é outro: entender as suas memórias e se reconciliar com a projeção inconsciente de sua mulher e lidar com a culpa de ter sido, possivelmente, o responsável indireto por sua morte.
Bem, este é um exemplo que imagino que nem todos conhecem, mas fica aí mais uma dica para um excelente filme.
Podemos entender a diferença entre o objetivo interno e o objetivo externo questionando o que o objetivo externo, se for realizado, vai trazer para a pessoa, para o seu crescimento ou desenvolvimento. Por exemplo, um personagem que quer encontrar um grande amor pode com ele passar a se sentir amado ou digno de amor ou passar a ser capaz de criar empatia com os outros ou ser altruísta.
Em outras palavras, o que a realização do objetivo externo vai trazer para a mudança do personagem. A mudança interna, consciente ou inconscientemente, será também a realização do objetivo interno. Esta distinção é importante porque apenas a realização do objetivo externo é pouco para que o leitor possa se identificar com o personagem, ou melhor, podemos ir mais fundo na provocação da identificação também mostrando ou deixando claro qual seria o objetivo interno.
Um personagem que quer enriquecer tem apenas um objetivo interno. Mas um personagem que quer enriquecer para superar o seu sentimento de inferioridade possui muito mais profundidade, não é mesmo?
Conclusão e exercício
Para concluir, vamos pensar juntos nas questões que devemos ter em mente quando vamos analisar como contar ou criar uma história:
Se todos os protagonistas tem que ter um objetivo, um propósito, uma meta, vamos nos perguntar primeiro:
1) – Qual é o objetivo externo do personagem? O que ele quer mais do que tudo? O que o motiva em sua ação?
Lembre-se que o objetivo tem que ser específico. Por exemplo, querer um amor é inespecífico. Que tipo de amor? Uma relação amorosa? Se sentir amado pela família, pelos amigos?
2) – Qual é o objetivo interno do personagem? Por que ele quer tanto o seu objetivo externo?
Pense no objetivo interno como o sentido da sua motivação pela busca externa. Por exemplo, a busca pelo amor de um homem mais velho pode ser uma representação inconsciente, edípica, para que uma mulher consiga entender e reconhecer a relação conturbada que teve e tem com o pai ausente.
3) Para realizar ambos os objetivos o que o personagem terá que enfrentar como problema ou obstáculo? O que ele terá que superar? O que o personagem vai sentir? Medo? Raiva? Desespero? Vazio…?
Para criar curiosidade e interesse, temos que fazer com que quem está nos ouvindo ou lendo consiga se identificar com o personagem. E a identificação acontece especialmente na dimensão das emoções. Para atingir o seu grande objetivo, qual vai ser o sentimento principal que o personagem terá que lidar ou quais serão as emoções principais?
4) Qual é a verdade ou segredo que o personagem escondeu – dos outros ou de si – e que explica quem ele é e porque tem estes objetivos em especial?
Em uma boa história, temos que nos surpreender frequentemente. No filme utilizado aqui como exemplo, A Origem, podemos ver como personagem central escondeu de seus amigos uma importante verdade, que os coloca em perigo que é o da sua relação com sua mulher e o modo como os dois viveram antes de sua morte. Esta verdade vai sendo desvelada aos poucos durante a narrativa.
A ideia central aqui é que, ao criar ou contar uma história, você saiba qual é a história pregressa do personagem. Mas, claro, não é necessário criar ou memorizar uma biografia extensa e interminável. Precisamos ter em mente apenas os aspectos da vida pregressa do nosso personagem que afetam diretamente a história que estamos contando.
Podemos ver isto claramente no filme A Origem. Ficamos sabendo sobre a verdade do personagem apenas no que diz respeito à sua relação com sua esposa, relação passada e anterior ao momento da narrativa mas que afeta diretamente o seu desenrolar. Não ficamos sabendo de outros aspectos como relação com os pais ou trabalhos anteriores ou como foi a sua vida no segundo grau.
O escritor criou a história e também criou este background anterior – da relação com a esposa e os filhos – mas ele não criou o que era irrelevante para a narrativa do filme. Para chegarmos neste ponto – de expandir a história mas somente até o ponto da necessidade – podemos nos fazer ainda duas perguntas:
a) Que evento específico causou o seu problema ou o seu medo?
b) Que evento criou a necessidade do objetivo externo e interno?
Na próxima Lição de nosso Curso, vamos falar mais sobre as motivações internas dos personagens. Dúvidas, sugestões, críticas serão sempre bem recebidas nos comentários abaixo!
Boa tarde Felipe,
Agradeço mais esta postagem. Iniciei a leitura, mas devido aos intervalos entre as remessas, melhor esperar completar todo o curso para reiniciar e finalizar a leitura. As paradas dificultam um pouco a sequência do raciocínio.
Ficarei no aguardo da próxima.
Mais uma vez, obrigado.
Vicente
Olá Vicente,
Estou com um cronograma novo agora para este Curso Gratuito.
Devemos ter todas as Lições disponíveis já no começo de junho.
Hoje mesmo já postei a Lição seguinte – As motivações internas do protagonista
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Excelente notícia Felipe!
Abraço
vicente
Ótimo!! Estou adorando seguir as lições e descobri como atrair, de maneira agradável, a atenção dos meus alunos.
Obrigada, Felipe.
Luciana
Os conteúdos até aqui estão sendo valiosos para dois objetivos que eu tenho. Primeiro me preparar MUITO para oferecer o serviço de contação de histórias e segundo, escrever livros infantis que fascine e estimule a mente das crianças de uma forma especial. Adorando até aqui.