Olá amigos!
Vocês já notaram que uma história bem contada sempre possui uma dinâmica de que o pode dar errado, acaba dando? Eu já tinha observado este fato e pesquisando para escrever mais uma Lição aqui do nosso Curso de Contador de Histórias Grátis eu me fiz esta pergunta: Será que toda história necessariamente tem que ter esta dinâmica?
Em outras Lições, nós já falamos que o protagonista tem que ter um objetivo (interno e externo) que a narrativa conduz o leitor ou ouvinte nesta busca pela realização mas, no caminho da realização, o protagonista vai enfrentar problemas, dificuldade e terá que lutar ou lidar com o antagonista.
Isto não quer dizer que toda história será pessimista ou então como aqueles típicos filmes americanos em que tudo dá errado, absolutamente tudo, somente para causar um efeito cômico, engraçado, divertido.
Este aspecto – de que o pode dar errado, vai dar errado – tem uma outra concepção. Vejamos:
O que pode dar errado, vai dar errado
Um dado curioso da neurociência é que nós, como espécie, aprendemos muito observando o comportamento das outras pessoas. Assim como acontece na vida real, também podemos aprender pela ficção: em filmes, histórias em quadrinhos, desenhos animados, documentários, romances de todos os tipos. Observar o comportamento alheio (além de qualquer consideração moral sobre a fofoca), nos ensina a viver melhor.
Em outras palavras, se vemos um filme no qual um personagem se transforma totalmente após passar por uma experiência difícil (o ponto de que muitas coisas dão errado para ele), é como se nós vestíssemos a pele do personagem e entrássemos tanto na história que vivemos o que ele vive. Deste modo, saímos da história com uma experiência a mais e este fator seria benéfico para a nossa evolução enquanto espécie.
Teorias à parte, esta curiosidade “natural” do ser humano pela vida dos outros (reais ou fictícios) conduziria-nos a prestar atenção e a aprender com a experiência que, portanto, não precisa ser vivenciada diretamente. Assim, aprendemos com a experiência que se cria com os erros não nossos, dos outros.
De toda forma, o importante aqui é perceber que ao contar ou criar uma nova história é preciso elaborar uma dinâmica na qual o personagem passe por transformações a partir de situações difíceis ou complicadas que o levam a mudar. A mudança (ou até a incapacidade para a mudança) só pode aparecer no momento em que é inevitável enfrentar os medos, os problemas, os monstros internos ou externos.
A diferença que pode residir entre o que personagem admite e o que ele tem como segredo mais bem guardado, vai aparecer justamente através das condições adversas.
As dificuldades surgem aos poucos
Outro aspecto que é frequente encontrarmos em boas narrativas é que os erros, dificuldades, problemas vão surgindo aos poucos para que o personagem central possa ir crescendo com o tempo e, lentamente, ganhando a admiração ou conquistando o status de ser o herói ou heroína da trama. (Em inglês, hero, herói, é um sinônimo para protagonista).
Do mesmo modo que acontece na vida real, o personagem geralmente apresenta como que uma zona de conforto, ou seja, uma tendência a permanecer estático, imóvel em sua própria identidade. São os pequenos problemas que vão conduzindo-o para a mudança ou para o conflito que, talvez, o leve a mudar.
Nesse sentido, é como se o protagonista esperasse que as coisas mudassem por si mesmas, através do destino ou da vontade de Deus. Porém, em uma boa narrativa, “o que pode dar errado, vai dar errado”, quer dizer, problemas vão acontecer até que ele ou ela seja forçado a tomar uma atitude.
Como disse, a história acontece no que pode ser considerado uma luta de opostos, entre o protagonista e seu antagonista, entre o objetivo e a realidade, entre o querer e o não querer. Essa força contra a qual o protagonista tem que lugar – seja interna ou externa – terá que ser apresentada de forma gradual, aos poucos.
Um bom exemplo para o tema que estamos tratando aqui é a história do Ulisses, na Odisseia de Homero. Ulisses quer voltar para casa, depois de ter lutado na Guerra de Troia. Porém, o seu querer é contraposto com todo o tipo de dificuldade, divina e humana, de oposição. Toda a história centra-se nessa dificuldade, e as dificuldades vão se sucedendo durante longos vinte anos de exílio.
Em princípio, poderíamos ver a história do Ulisses e de praticamente qualquer protagonista em uma boa história e pensarmos: Ora, por que isto não acaba logo e todo o conflito é logo resolvido? Porque se for resolvido, a história acaba.
Se Ulisses conseguisse voltar direto de Troia para Ítaca não teríamos todas as aventuras com sereias, deusas, gigantes. As dificuldades que vão surgindo podem ser, portanto, consideradas a própria história. Sem a ideia de que “o que pode dar errado, dará errado” não teríamos nada para contar. (E esta questão daria até ensejo para um novo texto, sobre as razões que levam as pessoas a se interessarem tanto pelas tragédias, por exemplo, nas notícias dos jornais).
Mas voltando: com isso, podemos concluir que um protagonista, um herói, só será um herói se for digno e merecedor do título. Em outras palavras, o protagonista (em geral o mocinho ou a mocinha) terá que sofrer até superar o que quer que tenha que superar. E aqui entra um aspecto bastante surpreendente. Um bom mocinho ou uma boa mocinha – do ponto de vista de causar identificação – não precisa ser um personagem sem erros, sem falhas, sem o mal.
Um mocinho ou mocinha que seja apenas bonzinho e não sofra, não tenha culpa, não seja intenso ao seu modo, será provavelmente um personagem muito chato. E, nós como contadores ou como criadores de histórias, temos que nos atentar para este ponto. Se pudermos mostras as falhas, inseguranças, medos e temores dos nossos personagens, devemos fazê-lo, porque através destas características é que conseguiremos captar e manter a atenção do nosso público.
Conclusão
Ao contar, recontar, criar ou recriar uma história tenha em mente que as dificuldades são inerentes à narrativa. Uma história de felicidade eterna não será nada interessante. Afinal, estamos falando de narrativas e não de um comercial de margarina.
Em nossas histórias, a dinâmica do que “o que pode dar errado, vai dar errado” tem que estar presente, pois só assim nossos personagens conseguirão superar os obstáculos que tem que enfrentar para conseguir obter o que querem ou precisam.
Em suma, sem problemas não há nenhuma história.
Olá!
Meu nome é Elisângela e recebo seus textos por e-mail. São maravilhosos!
Eu estava com muitas dúvidas sobre qual pós graduação cursar,pois sou formada em Recursos Humanos. Depois de pesquisar bastante me interessei por Psicologia Organizacional. Pretendo cursar Psicologia. Sei que serão 05 anos de muito estudo, mas gosto muito de ler e me interesso por essa área .Estou correta em optar por esses dois cursos? Aonde eu posso encontrar uma instituição no Rio de Janeiro que tenha a pós em Psicologia Organizacional? E no Rio qual a melhor instituição que tenha Psicologia? Encontrei apenas a Estácio. Desde já agradeço.
Olá Elisângela,
Fico muito feliz que esteja acompanhando os textos e gostando do nosso site!
Bem, se você já é formada em Recursos Humanos você pode trabalhar na área como um todo. A única exceção é para a aplicação de testes psicológicos, que são um filão de mercado da psicologia. (Embora na prática aconteça da aplicação indevida, porém, para laudos é necessário o CRP).
Enfim, depende muito do que você quer fazer nesta área. Eu tive uma vasta experiência há alguns anos e pude ver que e que pesa mais para o mercado – além de uma pós-graduação em uma instituição renomada como FGV – é o tempo de experiência. Para ser Consultor de RH ou Analista Sênior, o que conta mais é o tempo de experiência.
Se você quer se especializar em RH, recomendo que você faça uma pós em outra área, mais ligada a administração ou economia (pois assim você terá mais oportunidades e uma visão mais ampla do mercado como um todo).
Porém, se você quiser trabalhar em qualquer área com a psicologia – mesmo no RH – ai sim é válido fazer a faculdade, ok?
Com relação à faculdade, a Estácio é uma boa faculdade. Se tiver condições, pesquise também pela FGV.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Bom dia Felipe, parabéns pelos textos, na minha opiniao sao excelentes. Ao lê-los me divirto, aprendo, reflito. Parabéns pela inicitiava do site. Obrigada!
Adriana.
Olá Adriana,
Obrigado querida!
Será sempre um prazer contar com sua participação por aqui!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Caro Doutor Felipe,
Acredito que se for feita uma enquete a respeito de o por que as pessoas escolheram esta e não aquela profissão elas dirão: escolhi Medicina para ajudar a curar as pessoas; escolhi a pedagogia para levar a luz do conhecimento às pessoas; escolhi Direito para promover a Justiça; escolhi Psicologia para ajudar a sanear o comportamento das pessoas… Creio ser este um discurso consciente embora não seja necessariamente uma inverdade. Apesar disto, haverá razões inconscientes na escolha de as profissões? Claro, para sabê-lo, faz-se necessário analisar cada pessoa. Entretanto, pergunto: em tese, a Psicologia diz por que as pessoas se dirigem para esta e não aquela profissão? Por gentileza, queira me indicar se já escreveu a respeito. Caso não o tenha, poderia fazê-lo? Desculpe pelo trabalho que lhe dou. É que aprendi a respeitá-lo como psicólogo. Para mim você é um referencial.
Atenciosamente,
Luís Monteiro.
Olá Luís,
Veja aqui – https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/2014/09/dicas-fundamentais-para-escolher-faculdade-certa-pra-voce.html
Atenciosamente,
Felipe de Souza