Olá amigos!
Com a minha vasta experiência no consultório e nos atendimentos online, penso que posso dizer certas verdades a respeito dos principais problemas de relacionamento. Na medida em que 80 a 90% dos pacientes – quando o assunto é relacionamento – são mulheres, este texto será sobre elas. Mas também são verdades válidas para os homens.
Quando nós começamos a falar de relacionamentos amorosos, entra em jogo um nível de funcionamento cerebral que geralmente excluí a lógica, quer dizer, é mais ligado ao cérebro “emocional”, o sistema límbico e as regiões adjacentes que controlam os impulsos, o desejo e as emoções. Por isso, muitos dos comportamentos amorosos parecem incompreensíveis, quando não uma loucura.
Como saber o certo se não se sabe o que se quer?
Já desde o início da minha faculdade de psicologia (em 2002) que eu notei um fato interessante, com as minhas namoradas da época e amigas de São João del-Rei. As mulheres não sabem muito bem o que querem. Por exemplo, se você for acompanhar uma mulher até uma loja para comprar um sapato, frequentemente descobrirá que o que ela quer não tem na loja. E não é uma desculpa para agradar o vendedor, ela realmente vê tudo, até gosta de uma coisa ou outra, mas ela vai escolher o que não tem na loja, ou a cor que não tem, ou o sapato que não tem o seu número, ou aquele cujo preço é alto demais…
Pode parecer um exemplo banal, e é, mas isto indica uma dificuldade de captar o próprio desejo.
Segundo diversas pesquisas, na maior parte dos relacionamentos amorosos, não é o homem quem escolhe a mulher, é a mulher que escolhe o homem. Ou seja, enquanto poderia parecer que é o homem que dá o primeiro passo, estudos indicam que o primeiro passo só é dado se a mulher o permite. Exceções existem, evidentemente. Porém, o que gostaria de notar desde já é este poder que a mulher tem de dar o sinal para o começo do flerte e, nos passos seguintes, decidir se a relação irá adiante ou não.
Fazendo uso das comparações com a biologia, podemos dizer que existem duas grandes opções disponíveis para as mulheres. Homens que são atraentes para a maioria das mulheres e tem um grande apetite na cama, mas não querem nenhum tipo de relação comprometedora ou estável e homens que não são tão atraentes para a maioria delas, mas que são homens ideais para cuidar dos filhos, para constituir uma família e ter estabilidade no relacionamento.
O primeiro tipo de homem é como aquele mítico pai da horda freudiano, o que conquista até as amigas (e não raro dorme com elas), que tem amantes em cada bairro ou cidade vizinha. Enfim, praticamente um ninfomaníaco, um don-juan, que possui todas as armas da sedução, e proporcionará prazeres inimagináveis, mas não ligará no dia seguinte.
O segundo tipo é geralmente mais reservado, talvez se mostre inseguro para se aproximar, contudo, se lhe for dado espaço para tanto, poderá se transformar em um ótimo companheiro, confiável e com o qual uma relação de longo prazo poderá ser construída.
Bem, e o que notamos é que o problema não está em ter relações com um ou outro tipo que, embora genérico, mostra-se representativo. O problema é não saber o que se quer. Quando se está com um, parece que não há satisfação. Quando se está com outro tipo, há a falta de um aspecto do outro, e assim vai.
Toda e qualquer escolha – inclusive nos relacionamentos – começa com saber o que se quer.
Detalhes tão pequenos
A psicanálise acumulou neste último século um grande acervo de conhecimentos sobre o desejo, tanto das mulheres como dos homens. No divã, vamos ver aparecer todo tipo de fantasias, de taras, de segredos. Mas não pretendo fazer uma grande lista com todas as principais formas.
Para os nossos propósitos deste texto, é suficiente notar que o desejo é despertado por detalhes muito pequenos. Para uma mulher, será a cor do cabelo, para outra, a habilidade de falar uma língua estrangeira, para outra, a brancura dos dentes, para outra, a capacidade de combinar cinto e sapato.
Enfim, quando vamos investigar a fundo o desejo, vamos notar que os detalhes contam, e muito. E isto é esperado, é claro. Entretanto, a questão é que este desejo detalhado é na maior parte das vezes inconsciente.
Então, a falta que faz, o anelo que anseia, a saudade indefinida podem ser explicadas pela inconsciência do detalhe do desejo. Assim como não saber o que se quer, em geral, entre um ou outro tipo de homem, também desconhecer os pequenos detalhes que despertam e mantém uma relação contribui para não dar certo, ou seja, só encontrar o cara errado.
Um pouco de questionamento faz bem
Isto tudo pode parecer demais abstrato ou teórico. Se formos perguntar para uma mulher que está insatisfeita em sua relação, ou está sozinha procurando um parceiro, porque o cara que parecia certo sempre se transforma no cara errado, o que ouviremos?
Muitas desculpas e muitas justificativas. Porém, não é que o cara errado tenha nascido de dentro do cara certo, inesperadamente. O fato é que, desde o início, já era o cara errado – veja bem – para ela. Pois, no fim das contas, não existe isso de cara certo ou cara errado, o que existe é compatibilidade no casal, ou não existe.
O problema de muitas mulheres é que, se estão sozinhas, querem logo encontrar o parceiro ideal. E essa vontade e essa pressa faz com que elas confundam um sujeito que não será bom para o estabelecimento de uma relação positiva com um sujeito que poderia ser. Em outras palavras, com o medo de ficar sozinhas, cria-se o desespero e, com isso, a ideia de que qualquer um serve.
Claro que no fundo, o pensamento não é este, o que a mulher vai é mascarar a realidade, insistir no que nunca poderia vir a ser uma relação saudável…
Conclusão
Neste breve texto, fiz um levantamento dos principais motivos que levam as mulheres a escolherem o cara errado. O primeiro aspecto que devemos levar em conta é que não podemos encontrar o que queremos, se não sabemos o que queremos. Qual é o desejo? Encontrar alguém para ter um relacionamento de verdade? Ou encontrar alguém para se apaixonar e passar um ou dois meses intensos? Ou ainda, encontrar alguém apenas para satisfazer o corpo, em noites descompromissadas?
São objetivos muito diferentes que colocarão em ação comportamentos díspares.
O segundo aspecto que deve ser considerado, é que além de um objetivo geral, cada deve passar a se conhecer melhor, a conhecer o que fascina no outro, o que desperta alegria, o brilho nos olhos, o frio na barriga. Às vezes é um detalhe tão pequeno, que só através da análise é descoberto. Porém, na maioria das vezes, é semi-consciente, é perceptível desde já, é o que todos chamam do “tipo”, na frase “ele é o meu tipo”.
O terceiro aspecto importante é que existe a personalidade. Em poucas palavras, podemos definir a personalidade como a constância dos comportamentos. Por isso, podemos dizer que um sujeito que é assim e assado não se transformará no oposto no próximo mês, nem no próximo ano. É necessário se desfazer da ilusão de que vamos mudar o outro…
O quarto e último aspecto é perceber que existem bilhões de pessoas no mundo e, embora a solidão possa estar presente, existe e continuará existindo esperança de encontrar o parceiro ideal, desde que se saiba o que se quer e desde que se procure.
Felipe,
Adorei o texto. Também acredito que é difícil que as pessoas mudem, elas são o que são. Contudo, gostaria de te questionar se tu acredita que há limite de idade para amadurecer ou, se depois de uma certa idade as pessoas que ainda não amadureceram não vão mais amadurecer porque são imaturas por natureza?
Completíssimo esse Texto Felipe. Tudo o que eu precisava.
você poderia reunir todos esses seus textos e publicar em um só livro, que tal?
Parabenizo ao Mestre Felipe pela sua capacidade de transmissão dos fatos com coerência e solidez. Obrigado e pode crer, estou sendo muito bem assessorado com seus competentes comentários sobre os diversos assuntos. Um abraço!
Olá Laura,
Muito bom ler seu comentário por aqui!
Então, esta é uma pergunta para o qual não há uma resposta exata. Muitas pessoas amadurecem com o tempo, por exemplo, depois dos trinta anos ou quando são pais ou mães.
Por outro lado, na chamada “crise da meia-idade” é possível uma grande mudança (nem sempre para mais responsabilidade) e até na terceira idade, estamos vendo o fenômeno da gerontolescência (idosos com comportamentos semelhantes a adolescentes).
Enfim, como em grande parte da psicologia, temos que pensar no nível individual, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Maria!
Obrigado querida!
Então, é sim um projeto, mas ainda um projeto. Quem sabe para logo mais…
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Antonio!
Obrigado meu caro!
Fico muito feliz com a sua avaliação!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
ESTOU CONHECENDO UM POUCO DE MIM ATRAVÉS DOS TEXTOS , E AQUILO QUE ACHAVA MAIS NÃO TINHA CERTEZA ESTAR SENDO ESCLARECIDO, SOU NOVA NESTE SITE MAIS QUANDO TENHO TEMPO LEIO OS TEXTOS E PASSO O TEMPO TODO REFLETINDO SOBRE ELE , OBRIGADA FILIPE POR SUA DEDICAÇÃO , VC É O MÁXIMO.
Olá Felipe, td bem?
Gostei muito de sua abordagem à respeito de um tema tão complexo para nós mortais, indiferente de sexo ou posição social. Estamos vivenciando uma solidão em meio a uma multidão, seja no carro, num coletivo, e até mesmo em família. Com a chegada de tantas informações ao mesmo tempo, como celular, internet, redes sociais…as pessoas estão ficando cada vez mais sozinhas e isso é preocupante, os jovens vivem com fones de ouvidos num diálogo corporal, tipo:- não estou aberto a nenhuma informação ou algo do gênero…Enfim, eu com a separação, vieram muitas surpresas e dores também, mas garanto que hoje prefiro uma boa leitura, uma música, um contato com meu verdadeiro Eu, a estar com pessoas vazias que devem estar perdidas dentro de si mesma e esqueceram de amar…
Abraços, Deus o abençoe!!!
Dra, Vilma de Lima
Olá Vilma,
Sim, existem algumas frases de efeito que são interessantes, como o “mal do século é a solidão”…
Enfim, um ponto que acho muito importante neste texto é a respeito das escolhas. Não quer dizer que temos que escolher alguém (certo), mas também indica a questão de saber o que queremos e com o autoconhecimento, escolher o melhor caminho, individualmente.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Josinete,
Fico muito muito feliz que esteja nos acompanhando e que os textos estejam servindo de reflexão!
Sempre um prazer contar com sua participação por aqui!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Felipe!
Parabéns mais uma vez pelo ótimo texto! Realmente é muito difícil fazer escolhas quando se trata de escolher uma pessoa para se construir um relacionamento amoroso, pois muitas vezes esquecemos que em um relacionamento vivemos em prol do outro e queremos muda-lo a nosso favor, pensando sempre em nós e esquecendo do outro. Por isso que a pessoa certa as vezes passa ser a errada, porque ao invés de a aceitarmos do jeito que ela é, queremos muda-la.
Olá Miriam!
É verdade, não é mesmo?
Se você soubesse como é frequente esta questão de querer mudar o outro (ou a outra)…
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Amei o texto e me ajudou a refletir sobre essa questão de só encontrar homens errados, parabéns pelos textos e sempre que tiver tempo continuarei lendo-os
Olá Tatiana!
Fico feliz de ter ajudado ainda que um pouquinho! :)
Será sempre um prazer contar com sua participação por aqui!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Leia Nehassan Alita — Como lidar com mulheres.
Neshassan diz que: “elas escolhem os kras errados porque estão mais interessadas em sentires emoções intensas, do que em se sentirem seguras e felizes. A segurança do kra de bom caráter, é entendiante para as mulheres. Elas querem sentirem as fortes emoções de serem maltratadas pelos cafajestes”.
Felipe parabéns pelo excelente texto, sempre ao ler seus artigos passo a refletir mais e melhor sobre minha vida.
Você levantou 4 aspectos importantes: saber o que se quer; os detalhes, o que nos fascina no outro; o comportamento e a personalidade da outra pessoa e que não devemos perder a esperança pois existem muitas pessoas nesse mundo.
Apenas me surgiu uma dúvida, se, ao definir o objetivo do relacionamento, qual a melhor forma de sabermos se a outra pessoa também tem o mesmo objetivo que o nosso? Por exemplo, se meu objetivo for como você citou encontrar alguém para se apaixonar e passar um ou dois meses intensos, como saber se o meu objetivo é compatível com da outra pessoa?
Abraços :)
Olá Camila,
Não existe uma regra. Na verdade, uma parte bastante interessante de todo relacionamento – de curto ou longo prazo – é esse mistério da descoberta do outro, do que o outro quer ou deseja.
E, para isso, o diálogo é o caminho mais fácil.
Atenciosamente,
Felipe de Souza