Olá amigos!
Esta é uma nova lição de nosso Curso de Neurociências Online Grátis. A partir de agora, vamos começar a falar da parte das neurociências que mais interessa à psicologia, que é a influência do sistema nervoso no comportamento que pode ser observado por todos. Como dissemos na primeira Lição sobre o que é neurociência, nós temos diversos níveis de estudo que vão desde o nível microscópico até o comportamento das pessoas em seu ambiente natural, no convívio social, enfim, o comportamento normal do dia-a-dia e também os comportamentos que são considerados doenças mentais.
Uma das doenças mentais mais claras que temos constituem o grupo que a psicanálise chama de grupo das psicoses: autismo, paranoia e esquizofrenia. Neste texto, falaremos a respeito do autismo e uma nova descoberta que está a revolucionar os estudos, o diagnóstico e o tratamento.
Em geral, no consultório dos psiquiatras e psicólogos ou na sala de aula de educadores, o autismo é descrito e analisado a partir do comportamento que pode ser observado. Para o diagnóstico final, leva-se em conta a interação social (quase nula), a ausência da linguagem, a consciência voltada para si mesmo (dai a palavra autismo de auto, para si) e para poucas atividades que despertam interesse.
Outro modo de entender o autismo é como uma síndrome que interrompe o desenvolvimento. Segundo o DSM-IV, “o Transtorno Autista é chamado, ocasionalmente, de autismo infantil precoce, autismo da infância ou autismo de Kanner.O prejuízo na interação social recíproca é amplo e persistente. Pode haver um prejuízo marcante no uso de múltiplos comportamentos não-verbais (por ex., contato visual direto, expressão facial, posturas e gestos corporais) que regulam a interação social e a comunicação”.
Se analisado na fase posterior, na adolescência, o sujeito pode até conseguir manter algum contato e comunicação com os demais, porém, não compreende as normas e convenções sociais e é, geralmente, incapaz de segui-las. Uma vez vi uma entrevista de um autista, que possuía a comunicação bem desenvolvida e era bastante inteligente, dizendo para o seu pai – que havia lhe ensinado que era importante perguntar para as outras pessoas “tudo bem?” ou “como você está” demonstrando real interesse no outro – e ele dizia que não demonstrava porque não sentia nenhum interesse em como as outras pessoas estavam, de verdade. Ou seja, ele foi sincero em seu sentimento, mas não conseguia entender a necessidade desta regra social.
O diagnóstico de autismo
O diagnóstico do autismo tem sido sempre comportamental até agora. Seria como dizer que a pessoa tem um problema de coração, apenas observando o modo dela andar. Pode ser útil observar o comportamento e ver uma pessoa ofegante e com o rosto corado, mas seria muito mais preciso utilizar um eletrocardiograma, não é mesmo?
E foi justamente o que a pesquisadora Aditi Shankardass percebeu. Para analisar qualquer distúrbio do cérebro que afete o comportamento, porque não analisar não só o comportamento mas também o próprio cérebro? Com uma nova técnica de eletroencefalograma, ou EEG, e programas de mapeamento da atividade encefálica, ela conseguiu fazer uma distinção no diagnóstico que vem transformando a vida de crianças que tinham um péssimo prognóstico de mudança.
O EEG, o eletroencefalograma é um método de análise das ondas cerebrais através de fios que captam a frequência no couro cabeludo ou diretamente no encéfalo. Observando diretamente as diferenças individuais ou as variações quando se realiza uma ou outra atividade, ela e sua equipe de pesquisadores da Universidade de Harvard conseguiram notar um fato até então desapercebido.
Aditi Shankardass conta a história de Justin Senegar, uma criança de sete anos que havia recebido o diagnóstico de autismo grave. Seu prognóstico era de nunca conseguir se comunicar ou interagir completamente e mal aprender a falar. Ela diz: “Quando nós utilizamos esta técnica de EEG para olharmos o cérebro de Justin, os resultados foram surpreendentes. Os resultados foram que Justin não era certamente autista. Ele sofria de convulsões cerebrais que eram invisíveis a olho nu, mas que estavam causando os sintomas que pareciam com autismo. Após receber os remédios anti-convulsão, sua mudança foi fantástica. Num período de 60 dias, seu vocabulário passou de duas ou três palavras para 300 palavras. E sua comunicação e interação social melhoraram tanto que ele foi matriculado em uma escola normal e até virou campeão de caratê”.
Veja o vídeo – Nova técnica de EEG revela lado invisível do autismo
Em síntese, pesquisas recentes comprovaram que 50% das crianças diagnosticadas com autismo possuem na verdade um outro distúrbio: micro-convulsões cerebrais que causam sintomas parecidos, mas que, ao contrário do autismo, são sintomas e causas que podem ser tratados com medicamentos.
Conclusão
Analisar o comportamento observável é útil na medicina, assim como é fundamental para a psiquiatria e para a psicologia clínica. Porém, se estiverem disponíveis testes mais aprofundados em casos mais graves – como é o autismo – o diagnóstico pode se transformar. Externamente, o comportamento de uma criança com autismo e de uma criança com pequenas convulsões escondidas, pode ser idêntico. O tratamento, por outro lado, segue duas rotas distintas para uma e para outra causa.
No autismo, o prognóstico geralmente não é dos melhores. É provável que o paciente mantenha todos os sintomas por toda a vida, embora técnicas da psicologia comportamental possam ajudar na interação social, podemos dizer que o autismo é uma doença para a vida toda.
No caso das convulsões cerebrais, o tratamento é medicamentoso e em alguns meses, uma criança até então reclusa, sem fala, e fechada em si mesmo, pode passar a ter um comportamento compatível com sua idade.
Por isso, e não apenas para saber mais sobre a mente e o cérebro, que as neurociências são tão importantes e por isso os governos de todo o mundo tem investido em pesquisas do gênero, porque, como no caso do autismo (como erro de diagnóstico), uma vida como a de Justin pode ser transformada com o diagnóstico correto.
Maravilhoso… Eu tenho duas sobrinhas autistas, já são adultas, aqui nós sabemos o quanto é preciosa qualquer descoberta que os ajude.
É verdade Fran!
Pelo que vi este tipo de avaliação ainda não está universalizado. Porém, é importante divulgar para quem trabalha na área ou tem parentes que possam se beneficiar.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Gostaria de fazer uma faculdade, mais tenho duvidas qual fazer.
Olá Maria Batista,
Recomendo neste caso a Orientação Profissional, ok?
Caso queira fazer online, veja aqui
Atenciosamente,
Felipe de Souza
E possivel avaliar a complexidade de tratamentos psiquicos nao medicaveis, pois e visivel a exigencia de haver uma interacao maior do profissional; ja q seus metodos imaterialisados representarao o fundamento mais aproximado da cura.
Olá Domingos,
A tese que eu levanto no texto é que, em alguns casos, a melhor abordagem é aquela que possibilidade ao paciente múltiplas abordagens complementares.
Se pensarmos de forma prática, veremos que o que o paciente quer é a resolução de seu problema ou a melhora dos seus sintomas. Em casos de doença mental mais grave é recomendável uma abordagem, portanto, transdisciplinar.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Seu curso é muito bom. Você está prestando um serviço a humanidade. Parabéns.
Olá Edilma!
Muito obrigado!
Fico muito feliz que esteja gostando!
O nosso objetivo é realmente disseminar o conhecimento que vamos acumulando com os anos!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Maravilhoso!
boa moite amigo.. Olha na faculdade passei uma situação meio chata, minha prof que estava ministrando aulas de neurologia mas ela não é especializada nessa área mas respeito muito ela pois é uma psicologa em que suas aulas anteriores aprendemos muito nas disciplina de comportamento e as patologias. e essa era a disciplina de bases biológicas do comportamento humano e quando ela estava nos ensinando através de slides de que ela tinha do instituto consciência em que na pg 4 mostra um crânio com o encéfalo e as 3 grandes estruturas onde na 1 mostra os hemisférios cerebrais na segunda o cerebelo e na terceira vem mostrando o tronco cerebral e entra uma linha marcando todo o tronco cerebral que erá para mostrar as estruturas do tronco como o mesencefalo, a ponte e o bulbo vinha uma linha mostrando demarcatória indicando tanto o tronco quanto toda a parte do corpo caloso, talamo,hipotalamo, epitalamo, o mesencefalo,ponte e terminando tal linha no bulbo. Foi então que comentei com ela em aula que o tronco cerebral ou tronco encefálico era apenas o mesencefalo, a ponte e o bulbo. A professora me perguntou se eu queria ensinar a ela ou se eu queria saber mais que o instituto, então eu respondi que nenhum e nem outro que pode ter havido um erro de digitação mas tentei explicar para ela que o encéfalo foi dividido para melhor em estudo em telecenfalo e mesencefalo onde a parte do tronco espinhal pertencia ao mesencefalo e não poderia entrar parte do sistema límbico que já pertence ao telencéfalo mas não me deu atenção e tivemos aquele mal está em sala de aula. Fico me perguntando se fiz correto tentar dizer pra ela que o site com o slide que ela baixou estava incorreto e vi que ela não quis se passar por não saber da aula que estava dando. ficamos um pouco apreensivo mais depois ficou bem entre aspas porque sei que ela não gostou nenhum pouco.
Obrigado Zípora!
Fico muito feliz que tenha gostado!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Gosto de todos os texto que vc me manda, são muito bons.
Olá Francisco,
Bem, a maior parte das pessoas não gostam de ser criticadas porque a crítica é vista de forma negativa.
Veja aqui Criticar para que?
No caso dela, talvez ela tenha se sentido ameaçada por ter sido criticada em público. Mesmo sendo você um aluno, é sempre bom a ideia de que bons líderes elogiam em público e criticam em particular…
Atenciosamente,
Felipe de Souza
boa noite amigo, gostaria de saber se o autismo é consequência de uma gravidez onde pode ter sido administrada na gestante algum tipo de medicação intravenosas, ou pode ter sido por drogas. a outra se pode ser genética?
Olá Francisco,
Ainda não se sabe totalmente sobre as causas do autismo, ok?
As pesquisas apontam causas genéticas e causas ambientais para o chamado espectro autista.
Como você pode ler no texto, muito do que é considerado autismo hoje pode ser um outro problema que pode ser tratado. Portanto, o que se conhece mesmo ainda é pouco para o que seria necessário para uma real cura, dos casos que são autismo e não pequenos derrames cerebrais.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Oi, Felipe!
Esta técnica de EEG está sendo usada no Brasil?
Abraço!
Olá Stephannie!
Então, eu participo de um grupo no facebook sobre pais de autistas e eles me disseram que iam buscar mais informações se esta avaliação já está disponível no Brasil. Eu creio que sim, nos grandes centros seja possível fazer esta avaliação. Mas ainda não é algo muito difundido.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Obrigada!!
bom dia, comprei um livro de neuroanatomia funcional pg 81 fig 9.4 em que mostra o caminho percorrido pelo liquor (LCR) e que em uma das cisterna que fica entre o tronco encefálico e a glândula pituitária tem especificado no livro como cisterna basal, e olhando outros livros encontrei cisterna interpeduncular e já olhando o livro de neuroanatomia tem especificando que a cisterna basal está dividida em cisterna quiasmática e cisterna interpeduncular e aparece outra como cisterna circundante que fica tanto de um como do outro lado do tronco encefálico. pergunto porque é considerado como cisterna circundante e cisterna interpeduncular e ainda em cisterna basal.
Olá Francisco!
Essas nomenclaturas mudam com o tempo, entende?
Por exemplo, quando era pequeno, dizíamos sistema digestivo. Agora, se fala em sistema digestório.
O importante não é o nome, mas a localização e a função.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
EU TENHO UMA FILHA QUE É ASPERGER,,,,,,ELA É UM ANJO…..EU BUSCO CADA DIA APREENDER MAIS SOBRE O AUTISMO…PARA COMPREENDER E AJUDAR MAIS ELA…
Isso mesmo Mariana,
O conhecimento ajuda a lidar melhor, não é mesmo?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
muito bom, gostaria de saber como podemos estabelecer a etiologia do autismo.
Olá Francisco,
Esta é, ainda, uma questão em aberto.
Atenciosamente,
Felipe de Souza