Breve história e definição:
A psicologia hospitalar surge no Brasil com a psicóloga Mathilde Neder no ano de 1954, onde realizava um atendimento preparatório antes, durante e depois para indivíduos que fariam cirurgias na coluna. (LAZARETTI, 2007)
Com passar dos anos já na década de 70 os ambulatórios e hospitais psiquiátricos tinham um número elevado de psicólogos, porém não voltado para psicologia hospitalar. Somente em 1974 é implantado Serviço de Psicologia no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP por Bellkiss Wilma Romano Lamosa.
Após inúmeros encontros, congressos e simpósios, o papel de psicólogo hospitalar vai ficando mais claro e descritível, porém ainda hoje existem dúvidas a respeito da atuação do psicólogo sendo necessário uma pós graduação para quem deseja trabalhar nessa área.
Hoje podemos dizer que a psicologia hospitalar:
“[…] tem sua função centrada nos âmbitos secundário e terciário de atenção à saúde, atuando em instituições de saúde e realizando atividades como: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e unidade de terapia intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral; psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica; psicodiagnóstico; consultoria e interconsultoria.” (CASTRO; BORNHOLDT, 2004)
Além disso, segundo Lazaretti (2007) o psicólogo hospitalar não possui um setting terapêutico definido, extrema relevância que o psicólogo hospitalar reflita e se habitue aos limites de sua atuação para não passar a ser mais um elemento invasivo ao paciente, minimizar o sofrimento que a hospitalização provoca nos indivíduos, afastando-se de uma psicoterapia clássica, calcada no setting terapêutico, pois a realidade ali presente não condiz.
Segundo o site do CRP:
Atua em instituições de saúde, participando da prestação de serviços de nível secundário ou terciário da atenção a saúde. Atua também em instituições de ensino superior e/ou centros de estudo e de pesquisa, visando o aperfeiçoamento ou a especialização de profissionais em sua área de competência, ou a complementação da formação de outros profissionais de saúde de nível médio ou superior, incluindo pós graduação lato e stricto sensu.
Atende a pacientes, familiares e/ou responsáveis pelo paciente; membros da comunidade dentro de sua área de atuação; membros da equipe multiprofissional e eventualmente administrativa, visando o bem estar físico e emocional do paciente; e, alunos e pesquisadores, quando estes estejam atuando em pesquisa e assistência. Oferece e desenvolve atividades em diferentes níveis de tratamento, tendo como sua principal tarefa a avaliação e acompanhamento de intercorrências psíquicas dos pacientes que estão ou serão submetidos a procedimentos médicos, visando basicamente a promoção e/ou a recuperação da saúde física e mental.
Promove intervenções direcionadas à relação médico/paciente, paciente/família, e paciente/paciente e do paciente em relação ao processo do adoecer, hospitalização e repercussões emocionais que emergem neste processo. O acompanhamento pode ser dirigido a pacientes em atendimento clínico ou cirúrgico, nas diferentes especialidades médicas. Podem ser desenvolvidas diferentes modalidades de intervenção, dependendo da demanda e da formação do profissional específico; dentre elas ressaltam-se: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e Unidade de Terapia Intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral; psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica; psicodiagnóstico; consultoria e interconsultoria.
No trabalho com a equipe multidisciplinar, preferencialmente interdisciplinar, participa de decisões em relação à conduta a ser adotada pela equipe, objetivando promover apoio e segurança ao paciente e família, aportando informações pertinentes à sua área de atuação, bem como na forma de grupo de reflexão, no qual o suporte e manejo estão voltados para possíveis dificuldades operacionais e/ou subjetivas dos membros da equipe.
Quais abordagens teóricas podem ser utilizadas no contexto hospitalar?
É importante afirmar que no contexto hospitalar toda abordagem teórica é válida, podendo atuar desde a linha behaviorista até da psicologia analítica. O que é preciso ressaltar é que o psicólogo terá que ter um domínio teórico e seguro do que dizer ao médico, para mostrar sua função e não apenas obedecer a ordens.
Referencias:
CASTRO, Elisa Kern de; BORNHOLDT, Ellen. Psicologia da saúde x psicologia hospitalar: definições e possibilidades de inserção profissional. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 24, n. 3, set. 2004 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932004000300007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 09 out. 2013.
LAZARETTI et al. Manual de psicologia hospitalar. Curitiba: Unificado, 2007.
Muito obrigada pela contribuição com esta breve conceituação sobre a Psicologia Hospitalar. Sou estudante do 5º semestre e ainda estou na escolha da minha área de atuação, portanto toda informação a respeito das diversas áreas de atuação da Psicologia, são muito bem vindas. Grata!
Onde posso fazer. A pos em psicologia? soraiapires911@gmail.com
Olá Sorsia,
Bem, fica um pouco complicado para nós listar todas as faculdades que oferecem pós graduação em psicologia.
Pesquisando no google, com as palavras chaves certas você conseguirá encontrar.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Boa noite.
Sou acadêmico do 7° período de Psicologia, estamos tendo a disciplina de Psicologia Hospitalar. Há algumas aulas, levantei uma questão em sala: Um psicólogo com abordagem behaviorista radical pode ser um psicólogo hospitalar? Falei isso baseado na premissa de que o behaviorismo desconsidera a subjetividade. Subjetividade essa que é o foco do psicólogo hospitalar. A professora me respondeu que independente da abordagem, o psicólogo deve usar os conhecimentos teóricos da psicologia hospitalar.
Argumentei ela falando que se um behaviorista (que desconsidera a subjetividade) trabalhar a subjetividade no hospital, ele está indo contra seu respaldo teórico, adquirindo assim uma atuação hipócrita. Ela me respondeu dizendo que minhas ideias estão inflexíveis. Confere?
Grato!
Olá Lucas!
Penso que é equivocada a afirmação de que um behaviorista desconsidera a subjetividade. No behaviorismo radical os nomes mudam um pouco, mas não significa que as ideias desaparecem. Por exemplo, não se usa o termo mente ou mental e sim comportamento verbal encoberto (e, nos que utilizam também a cognitiva, a cognição). A ideia de subjetividade, em si, é bastante ampla. No behaviorismo temos a ideia de repertório comportamental ou história comportamental, que é única. Não é possível fazer psicologia – seja ela qual for – sem ter por detrás a ideia de individualidade, pois é óbvio para todos que as pessoas não agem da mesma maneira.
E sim, cada profissional vai provavelmente puxar para a sua abordagem. Na faculdade, quem ministrou a matéria de psicologia hospitalar foi o Prof. Roosevelt Starling, na época presidente da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Esclarecedor, a subjetividade também é comportamento (não verbal).
Grato!
Te adoro, rs
Felipe, muito bom esse texto sobre a atuação do psicólogo hospitalar.
você que é um profissional experiente na área da psicologia, qual pós graduação você indicaria para o psicólogo que tem interesse na área hospitalar?
Estou no 7 semestre de psicologia, já pesquisei em minha cidade algo relacionado, e encontrei Pós em Saúde mental, Saúde coletiva e Saúde da Família.
Olá Lívia,
Estes cursos citados podem ser úteis também.
Recomendo o site – http://www.sbph.org.br/site/index.php
Lembrando que existe a pós-graduação com o nome “Psicologia Hospitalar” mesmo, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza