A importância dos sonhos não pode ser subestimada. Não só passamos uma boa parte de nossas vidas no estado de sono e de sonhos, como a sua influência no estado desperto ou consciente é comprovado pela psicologia. Quem nunca acordou pela manhã se sentindo feliz com um belo sonho ou, ao contrário, ficou o dia ou até a semana toda com uma sensação ruim a partir de uma imagem onírica?
No Livro Vermelho de C. G. Jung encontramos um referencial teórico que vem complementar os 18 volumes de suas Obras Completas. Além de sonhos, visões e pensamentos subjetivos do autor, também estão lá concepções gerais sobre o homem e a psique. E um dos temas de maior destaque são os sonhos.
No capítulo do Liber Primus – Livro Primeiro – intitulado “Alma e Deus” encontramos a frase: “Os sonhos são as palavras-guia da alma” (Jung, 2010, p. 233). É uma frase muito interessante que necessita, porém, de uma maior elucidação. Os conteúdos de um sonho podem ser divididos em duas partes: imagem e palavra.
As imagens oníricas possuem qualidades próprias e uma única imagem – como um símbolo – pode ser um marco para um grande período de nossas vidas. Podemos pensar, por exemplo, em um sonho com conteúdo numinoso, sagrado ou religioso. Se alguém sonha com a Cruz, com uma Mandala, com Deus, um anjo apenas esta única imagem do sonho pode ser profundamente significativa e mudar uma série de concepções da consciência, embora seu efeito possa não ser imediato.
As palavras no sonho, por sua vez, possuem duas dimensões: o que ouvimos ou falamos e, também, o que contamos e descrevemos após acordar. Ao transpor um grupo de imagens em uma narrativa, podemos entender melhor o significado. Por exemplo, uma pessoa pode sonhar que está caindo. Ao contar as suas sensações da queda passa a compreender que a queda não é literal e poderia ser interpretada como a queda ou declínio de um estado de coisas ou com “cair doente”, etc.
Por isso, Jung diz que “os sonhos são as palavras-guia da alma”. Os sonhos guiam a alma em uma direção determinada.
Isto fica ainda mais claro ao pensarmos em uma cadeia de sonhos. Jung, em seu livro “Psicologia e Alquimia” descreve e analisa 800 sonhos de um físico quântico chamado Pauli. Em um número grande de sonhos vemos que existe uma relação de sonhos passados com sonhos atuais. Com isto, surge a pergunta: – o que é guiar?
De acordo com o Dicionário Eletrônico Houaiss – o mais completo da língua portuguesa e o qual recomendo – guiar significa:
1) conduzir
2) amparar
3) aconselhar, esclarecer
4) dirigir, levar a
5) encaminhar
Por exemplo, se você sonha frequentemente com determinada situação um psicologo pode te ajudar a interpretar seus sonhos. Mas como achar um bom profissional? Recomendação sempre é a melhor opção, mas caso não conheça ninguém que possa te ajudar, buscar um guia de empresas também é uma ótima opção. Nele você pode visualizar quais os profissionais estão mais perto de sua casa e então só marcar uma consulta. Neste sentido, um guia é que conduz, dirige, leva na direção desejada, encaminha.
Pensando em todos estes sentidos, chegamos à conclusão que a frase de Jung indica que os sonhos conduzem a alma – ou psique – para determinada direção, para determinado caminho. Por outro lado, também poderíamos inverter a situação e considerar que é a própria alma, a própria psique que produz os sonhos e com isto ela mesma que se auto-conduz. Embora seja algo paradoxal, a ideia é esta.
Para a consciência, entretanto, os sonhos realmente nos guiam pois são como mensagens de partes de nossa vida inconsciente que devem ser consideradas para que possamos encontrar o nosso caminho. Se deixamos de lado algum aspecto que deve ser vivido e experienciado, podemos passar a ter problemas. Em casos mais graves, isto tem efeitos terríveis e seus efeitos acabam conduzindo a doenças mentais como neuroses (cuja melhor definição é o conflito interno entre duas ou mais partes) ou psicoses (ou simplesmente “loucura”).
Então, a dica da psicologia é que passemos a olhar com mais cuidado e carinhos os nossos sonhos. Uma boa técnica é anotar assim que acordamos e mantar um diário de sonhos. Passado algum tempo, poderemos descobrir coisas muito interessantes a respeito de nós mesmos que nem sabíamos e, nem sabíamos que sabíamos.