Este texto é continuação de A colaboração entre Freud e Jung
4) O período após o rompimento
Ao longo das obras de Jung posteriores ao rompimento, podemos notar diversas críticas à psicanálise de Freud. Duas são especialmente frequentes: a crítica à importância ou papel central da sexualidade na psique e a crítica ao método interpretativo. Falaremos, em seguida, também sobre a diferença das concepções sobre a religião ou religiosidade.
Jung fazia questão de frisar que a sua abordagem diferia da de Freud não só na questão da sexualidade, mas também no método interpretativo. Apesar de ter chamado a sua psicologia de Psicologia Analítica (quase uma inversão de Psicanálise), Jung dizia que o método de interpretação de Freud era analítico, enquanto o seu método próprio era sintético.
O método analítico ou redutivo procura dividir as partes de um conteúdo psíquico – como um sonho ou sintoma – em várias partes e analisar o sentido existente ali, encontrando na análise de cada parte a chave da interpretação. O método sintético ou hermenêutico procura fazer uma síntese de todo o conteúdo, sem analisar cada parte com associações livres, já que associar livremente a partir de um material levaria à outros conteúdos.
Por exemplo, se o paciente havia sonhado com um leão em sua casa junto da presença de sua mãe, a interpretação da psicanálise dividiria cada parte do conteúdo, buscando associações para cada parte: para o leão, para a casa, para a mãe. Assim, o paciente iria pensar livremente primeiro sobre o significado de leão (tudo o que lhe ocorresse), depois sobre o sentido de casa, e assim por diante. Possivelmente, a interpretação correta estaria mais nas associações retiradas de cada parte do que do próprio conteúdo. Já a interpretação sintética visa não fugir do conteúdo. Um leão é um leão e não deve ser associado com qualquer outro conteúdo.
Outra diferença é que Freud, em sua interpretação, retrocedia à história anterior do indivíduo, indo, frequentemente, parar na infância do paciente. Para Jung (assim como para Alfred Adler), era igualmente importante considerar o para que, o sentido teleológico do conteúdo psíquico, ou seja, considerar não apenas as causas, mas também as finalidades, a direção que o conteúdo tomaria ou poderia tomar no futuro.
Apesar do rompimento e das críticas de unilateralidade, Jung continuou a usar as algumas ferramentas elaboradas por Freud e Adler, com exceção do método da associação livre e do divã (Jung preferia que o encontro psicoterapêutico fosse realizado face a face). Em um de seus últimos livros, Prática da Psicoterapia, publicado em 1951, dez anos antes de sua morte ele escreve: “Nos casos mais graves de neurose, não se deveria aplicar indistintamente um ou outro método, mas, dependendo do tipo do problema, a análise deve seguir de preferência os princípios de Freud e Adler. Quando as sessões começam a ficar monótonas e repetitivas (…) está na hora de abandonar o tratamento analítico-redutivo e de tratar os símbolos anagogicamente, ou sinteticamente, o que equivale ao método dialético e à individuação” (Jung, 1985, 16).
Outra questão crucial é a diferença feita por Jung entre o inconsciente pessoal – conceito que, apesar de já existir de certo modo antes de Freud, foi praticamente elaborado e divulgado por ele – e inconsciente coletivo. No livro Os arquétipos e o inconsciente coletivo, Jung define inconsciente coletivo: “Uma camada mais ou menos superficial do inconsciente é indubitavelmente pessoal. Nós a denominamos inconsciente pessoal. Este porém repousa sobre uma camada mais profunda, que já não tem sua origem em experiências ou aquisições pessoais, sendo inata. Esta camada mais profunda é o que chamamos inconsciente coletivo” (JUNG, 2000, p. 15). O inconsciente pessoal seria objeto de pesquisa da psicanálise, tudo o que foi reprimido ou recalcado e que faz parte da história pregressa de cada um de nós. O inconsciente coletivo, por outro lado, é um dos temas mais estudados em psicologia junguiana e diz respeito à determinados conteúdos simbólicos que podem ser encontrados em culturas totalmente diferentes ou em tempos remotos, conteúdos que são arquetípicos. Na autobiografia de Jung, Memórias, Sonhos e Reflexões, há a definição de arquétipo: “O conceito de arquétipo (…) deriva da observação reiterada de que os mitos e os contos da literatura universal encerram temas bem definidos que reaparecem sempre e por toda parte. Encontramos esses mesmos temas nas fantasias, nos sonhos, nas ideias delirantes e ilusões dos indivíduos que vivem atualmente” (JUNG, 2006, p. 485).
Continuação e Conclusão: Psicologia da Religião para Jung
Olá, Felipe,
Estou estudando o texto de Freud, “Psicologia das massas e análise do Eu”, seria possível elaborar um texto sobre o assunto, o conceito de massa para Freud dentre outros, seria muito importante para mim ter a visão de uma pessoa experiente como você, pois me assolam muitas dúvidas, e seria enriquecedor para mim discutir sobre esse tema.
Espero que seja possível, aguardo!
Abraços!
Olá Luna,
Eu não conheço bem este texto, para ser sincero.
Infelizmente, como minha agenda está lotada, não posso prometer agora escrever um texto sobre o mesmo.
Recomendo a leitura do livro – “A trama dos conceitos”, de Renato Mezan.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá!
tudo bem, vou lê o texto que recomendou.
Espero que possamos um dia discutir acerca desse tema.
Obrigada!
Olá Luna!
Sim sim!
Mais pra frente poderemos dialogar melhor sobre o texto!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Oi Felipe, bom dia.
Gostaria de adquirir o certificado de participação neste curso básico de psicanálise para conseguir mais horas de atividades complementares na faculdade Estácio. Como faço para conseguir por favor.
Abraço
Elaine
Olá Elaine,
Veja aqui – https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/produto/certificado-dos-cursos-gratuitos
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Felipe, eu consegui lê todas as lições desse curso, em alguns momentos encontrei respostas em outros a minha falta de talento e abstração me pegou.
Cheguei a conclusão que psicanálise é uma atividade para poucos ou para àqueles que amam desvendar as emoções do ser humano. Parabéns pelo seu trabalho!
Vou fazer mais um curso, continuo acompanhando o seu Blog. Abs,
Olá Raquel!
Obrigado querida!
Até o próximo curso!
Atenciosamente,
Felipe de Souza