Embora o conceito de demência possa ser traçado desde antigos filósofos e médicos, tanto gregos quanto romanos, de acordo com a historiografia realizada por Berchtold (1988), Aloysius Alzheimer foi quem primeiro a definiu de modo preciso.
A demência é uma síndrome que se caracteriza pelo gradual declínio das funções psíquicas, podendo haver ou não comprometimento da autoconsciência e consciência do outro. As alterações das funções cognitivas incluem: afasia, agnosia e incapacidade de execução de atividades antes rotineiras.
De acordo com o DSM-IV, são incluídos na definição de demência o delírio, os transtornos amnésicos e os transtornos cognitivos não especificados. A principal definição de demência, portanto, consiste em um declínio das funções cognitivas ou da memória que modificam o ritmo de vida e de atividade da pessoa afetada, diminuindo-o. A alteração das funções psíquicas (desorientação, memória afetada, alteração na comunicação) ocorre em um período de tempo relativamente curto (em geral algumas horas ou dias) e existe a tendência de haver variações ao longo do um mesmo dia.
O começo da doença de Alzheimer apresenta-se gradualmente, com o conseqüente declínio das funções mentais. Segundo o DSM-IV, por haver pouca facilidade de obtenção de provas patológicas da doença, esta dever ser diagnosticada se outras etiologias de demência houverem sido descartadas:
Especificamente, os déficits cognoscitivos não se devem a outras enfermidades do sistema nervoso central que provocam déficit progressivos nas capacidades cognoscitivas e na memória (por exemplo, enfermidades cerebrovasculares, mal de Parkinson) nem as enfermidades sistêmicas que são conhecidas que provocam demência. (por exemplo, hipotireoidismo, deficiência de vitamina B12, infecções por VIH), nem tampouco aos efeitos persistentes do consumo de substancias.
O DSM-IV sugere que a doença de Alzheimer seja especificada em subtipos de acordo com a idade e com o tipo:
Inicio precoce: quando a demência se apresenta aos 65 anos ou antes.
Inicio tardio: quando a demência se inicia depois dos 65 anos.
Com idéias delirantes: quando as idéias delirantes constituem os sintomas predominantes.
Com estado de animo depressivo: quando sintomas depressivos se apresentam junto ao quadro da demência.
Sem Complicações: quando nenhum dos subtipos acima predomina na apresentação clínica atual.
Prevalência da doença
De acordo com os levantamentos epidemiológicos realizados por Lopes e Bottino (2000), a prevalência média da doença de Alzheimer apresenta variações, de acordo com a idade que a demência seja considerada e as regiões do mundo pesquisadas.
Por continente, na revisão bibliográfica levada a cabo pelos autores citados, a prevalência da doença constatada na África foi de 2,2%, na Ásia 6,4% na América do Norte, 7,1% na América do Sul e 9,4% na Europa.
Os resultados apresentam diferenças significativas, no entanto, dentro de um mesmo país. Segundo eles,
A menor taxa de prevalência geral (1,1%) foi descrita no único estudo africano encontrado, enquanto as duas maiores taxas de prevalência (respectivamente: 13,9% e 14,9%) foram referidas por dois estudos europeus, os quais investigaram populações com procedência rural. (Lopes, 2002).
Os resultados da Europa foram os seguintes: Holanda: 6,5%; Dinamarca: 7,1%; Bélgica: 9%; Espanha: 5,5%, 13,9% e 14,9%. A média de prevalência muito alta na Europa, 9,4%, foi bastante influenciada por 2 estudos espanhóis, que investigaram população rural e rural/urbana, obtendo os maiores valores entre as pesquisas européias.
No Brasil, de acordo com este levantamento, a taxa de prevalência apresenta-se intermediária, se comparada com os resultados internacionais, sendo esta de 7,1%.
Nas regiões em que houve pesquisa epidemiológica notou-se que a taxa de prevalência da doença aumenta com o transcorrer da idade. Tal tendência de aumento seria vista até os 90 anos. Após os 90 anos haveria estabilidade na tendência de aumento da taxa. No entanto, os autores indicam a necessidade de estudos complementares. Porém, segundo eles, o quadro mundial, a despeito das diferenças regionais, culturais e psíquicas apresenta-se semelhante, em média.
Com relação à idade, homens e mulheres não apresentam diferenças significativas na prevalência. Estudos anteriores apontavam para maior incidência feminina, o que pode ser explicado pela maior expectativa de vida entre as mulheres. De forma que, para além desta expectativa, a doença de Alzheimer não teria uma causa ligada especificamente ao gênero. Do mesmo modo, maiores estudos poderão corroborar de forma mais sistemática esta discussão quanto ao sexo.
O inicio tardio da demência é muito mais freqüente que o tipo precoce. Poucos casos são encontrados antes dos cinqüenta anos.
De acordo com o DSM-IV, comparados com a população geral, os sujeitos com familiares de primeiro grau com demência de Alzheimer de inicio precoce tem mais probabilidades de apresentar o transtorno. Os casos de início tardio também têm um componente genético. Em algumas famílias o inicio precoce da doença tem demonstrado uma herança de tipo dominante ligada a alguns cromossomos, entre eles o 21,14 e 19. No entanto, não se conhece uma proporção de casos relacionados com uma herança especifica.
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