Até onde nos é dado saber, não é possível ler a mente de outra pessoa. No entanto, pensamos que podemos ler a mente dos outros. Mas como poderíamos ler a mente dos outros? Não lemos de verdade, é claro!

Ler a mente (mind reading) é uma das distorções da linguagem estudada pela PNL, Programação Neuro-linguística.
Exemplos de leitura da mente são:

– Eu sei exatamente como você se sente.

– Eu sei que ele não se importa.

– Ela sabe mais que eu.

– Tenho certeza que aquela pessoa não gosta de mim.

De acordo com Bandler, “nós fazemos uma ‘leitura da mente’ quando pensamos e afirmamos que sabemos os pensamentos, motivos, intenções etc de outra mente (…) Mas a estrutura desta distorção revela muito mais sobre a experiência interna do falante do que dos outros. Desta forma, quando nós lemos a mente do outro, nós projetamos nossas próprias percepções, valores, questões, história etc”. [tradução minha do livro, The User’s Manual for the brain]

Por exemplo, o Sr. Limão pensa: – “Eu sei que o Sr. Ervilha quer me prejudicar. A intenção dele é péssima”. Pode até ser, eventualmente, que o Sr. Ervilha tenha realmente uma intenção ruim. Contudo, sabemos apenas o que o Sr. Limão pensa do Sr. Ervilha. Ou seja: sabemos os elementos que o Sr. Limão projeta no Sr. Ervilha. Afinal, temos acesso aos pensamentos do primeiro e não do segundo.

Uma história real: no hospital, já muito velhinho e doente, o pai chama o filho para conversar. O filho se abre com pai:

– Pai, porque você nunca me amou? Você sempre foi tão duro comigo!

– Te dei a melhor educação que eu pude. Fui realmente rigoroso com você, mas isso porque te amo muito! Você é meu filho! Ser duro, firme…em sua educação…foi minha forma de te amar!

Em outras palavras: o filho passou a vida toda lendo a mente do pai: – “Meu pai não me ama”.

Será que é mesmo necessário passar uma vida inteira “lendo a mente” dos outros para depois descobrir que os conflitos surgiram de uma projeção ou de um falso pensamento?

FELIPE DE SOUZA