Atendendo a pedidos, escreverei sobre o Agora. E você poderá dizer: Mais agora?
Nossos pensamentos e sentimentos vão e voltam no tempo. Quase nunca estamos vivendo o presente. Sem perceber, voltamos ao passado…devia ter dito isso, devia ter feito aquilo… E vamos logo a seguir ao futuro: mas da próxima vez vou falar disso… tenho muitas atividades para fazer hoje a tarde, vou pegar as coisas lá…
Enfim, quando estamos presentes no presente? Quase nunca. E a consequência é infelicidade. Afinal, o passado não volta (só em nossos pensamentos) e o futuro nunca chegará: sempre haverá um amanhã depois de amanhã. Ser feliz amanhã não adianta! Amanhã nunca chega…
A melhor pergunta é: porque fazemos isso, porque não estamos presente no presente?
O interessante no livro de Eckhart Tolle, O Poder do Agora, é o que ele conta bem no início – a experiência pessoal do autor com o Agora. Até os 29 anos, o autor era uma pessoa muito infeliz, angustiada, que vivia uma vida sem sentido.
Em uma noite horrível, ele pensa: “Não posso mais viver comigo”. E, em seguida, ele percebe algo muito curioso: “Eu sou um ou sou dois? Se eu não consigo mais viver comigo, deve haver dois de mim: o ‘eu’ e o ‘eu interior’, com quem o ‘eu’ não consegue mais conviver. Talvez só um dos dois seja real”.
A partir de então, ele reconhece quem ele é, de verdade. Quem ele achava que era – o ego – deixa de ter importância. Consequentemente, ele passa a não sofrer, tentando proteger ou defender seu ego. Passa a não se cobrar ou julgar. Independentemente de quem ele for ou se transformar – externamente – ele será sempre ele mesmo, seu “eu interior”, sua essência, que está para além (acima, abaixo, do lado) de seu ego.
O fato de descobrir quem ele é afasta a oscilação entre o passado e o futuro, o vai e vem no tempo. Fazemos isso para proteger, defender, cuidar, justificar o nosso ego. Em outras palavras, do que mostramos aos outros.
Se eu sou mais do que a forma que mostro (o corpo, os sentimentos, os pensamentos) não preciso me preocupar: vivo o Agora.
Agora fique em silêncio por alguns instantes.
Faça isso! Fique em silêncio e espere um pensamento surgir.
Certo. Responda: Quem pensou o pensamento? Quem observou o pensamento surgir? Na maior parte do tempo, acreditamos que somos o que pensamos e sentimos. Mas somos mais: somos quem observa os pensamentos e sentimentos.
A experiência que Eckhart Tolle teve é muito comum, por incrível que pareça. C. G. Jung reconhecia, desde criança, que havia o eu número 1 e o eu número 2. Esse reconhecimento é chamado em PNL (Programação Neuro-linguistica) de dissociação.
Faça um teste:
Lembre-se de você, hoje mais cedo, escovando os dentes. Agora imagine que você está em um cinema, sozinho(a), vendo na grande tela do cinema você mesmo(a), escovando os dentes.
Se você conseguiu ver a si mesmo(a) na tela de cinema, você conseguiu se dissociar de uma lembrança. Essa é uma excelente técnica para não nos afetar tanto (e criar sofrimento) com o que acontece conosco e consideramos ruim.
Somos o ator e o diretor, aquele que dirige e observa. E Agora, José? O que está acontecendo Agora?
Nossa cara seus textos sempre me faz refletir, muito foda esse. Parabéns ;)
Interessante ver que você como psicológo venha a estudar e talvez introduzir em seu trabalho perpectivas orientais sobre a mente humana – no caso, retratadas pelo Eckhart Tolle.
Bacana teu trabalho, Felipe.
Venho a te seguir.
Gostei demais do seu blog…fala de psicologia de forma acessivel e direta com exemplos do nosso cotidiano..apesar de ser estudante de direito acho que todo mundo deveria ter noções de psicologia pra entender melhor o mundo, as pessoas e a si mesmas…parabéns ..estou seguindo…fiz um texto no meu blog intitulado "eu vs eu" semelhante a este…ficarei grato se me fizer uma visita…
http://rocknomeucarnaval.blogspot.com/
sabe Felipe vivo brigando com meu eu o tempo todo,porque eu quero ser uma coisa a sociedade me cobra outra gostaria muito de ler esse livro como faço pra te-lo…
atenciosamente.irene fer