Tomar conhecimento dessas feridas é o primeiro passo para curá-las.
Olá amigos!
Existe uma visão romântica de que a maternidade é sempre boa. Infelizmente, como se pode comprovar na realidade, isso nem sempre é verdade. A relação mãe e filha, particularmente, pode ser muito difícil e complicada. O livro Mean Mothers – Mães Más – coletou histórias dessas relações tumultuadas de filhas que não foram amadas porque suas mães não puderam ou quiseram fazê-lo.
A sinopse do livro – ainda sem tradução para o português – diz o seguinte:
“Escrito a partir de pesquisas com experiências reais de jovens mulheres adultas, Mães Más ilumina um dos últimos tabus culturais: o que acontece quando uma mulher não pode ou consegue amar sua filha. Peg Streep, co-autora do aclamado Girl in the Mirror, Garota no espelho, colocou como subtítulo do seu mais novo livro, que explora o lado terrível do comportamento materno, como ‘superando a herança da dor’. Não existem mães doentes mentais no livro, o que livro retrata são os casos em que feridas profundas são criadas pelas mães ao não apreciar suas filhas – e oferece ajuda e suporte para aquelas mulheres que sofreram com a crueldade e negligência materna”.
A autora, Peg Streep, relata que ela também passou por situações difíceis em sua família e esse é o primeiro ponto a ser marcado, portanto: nem toda relação familiar é um paraíso conforme os ideais sociais ou as propagandas na TV do dia das mães. Ela menciona 7 feridas criadas por mães não amorosas:
1) Baixa autoestima
Na medida em que as experiências infantis acabam influenciando o desenvolvimento e a visão de mundo de cada um de nós, a primeira consequência que se pode notar da ausência do amor materno é a falta de confiança. Segundo Streep, muitas garotas não sentem que são dignas ou merecem o amor e a atenção das outras pessoas. E, consequentemente, muitas delas vão do extremo de não querer nenhum tipo de relacionamento (amoroso ou social) ou para o outro de cair em relacionamentos destrutivos que minam a sua autoestima.
2) Falta de confiança nas outras pessoas
Esta segunda ferida listada por Streep está bastante relacionada à primeira. Com as vivências negativas em casa, há a tendência de não confiar nas outras pessoas. Em uma das histórias do livro Mães Más, encontramos o seguinte relato:
“Eu sempre me perguntei porque alguma pessoa gostaria de ser minha amiga ou amigo. Eu não podia evitar pensar que haveria alguma intenção escondida, você sabe, e eu aprendi na terapia que tudo isso tinha a ver com o relacionamento com minha mãe”.
3) Dificuldade de estabelecer limites
Devido às dificuldades de relacionamento com a mãe, é comum aparecer no longo prazo a dificuldade de estabelecer limites em outras relações. Muitas garotas acabam sentindo que é impossível dizer não. Todos os relacionamentos acabam se baseando apenas na vontade de agradar à outra pessoa, excluindo os seus desejos e vontades.
Um outro aspecto dessa mesma dificuldade é a o aparecimento de problemas de relacionamento com pessoas do mesmo gênero. Nos estudos de Streep, focados no universo feminino, ela conta como é constante a ausência ou quase ausência de amizades ou relacionamentos mais profundos com outras mulheres.
4) Dificuldade de se ver com precisão
Como a identidade é construída na relação de identificação e contradição com o outro, a falta do amor materno pode ocasionar uma visão equivocada de si mesma que é muito mais fruto da avaliação negativa da progenitora do que a realidade.
Streep conta o caso de uma mulher que descobriu em seu processo terapêutico que a visão negativa da sua mãe, sempre salientando os seus defeitos fez com que ela tivesse a sensação de que nunca era boa o bastante. Portanto, no trabalho ela não se esforçava ou se esforçava o mínimo, embora tivesse muita capacidade e talento.
5) Manutenção da posição de evitamento
As feridas do passado também podem gerar na adolescente ou mulher o que Streep chama de posição de evitamento (avoidance). Em outras palavras, para não ser ferida novamente, para não ter que lidar com mágoas e ressentimentos de novo, há a tendência de se manter em uma posição constante de esquiva.
Com isso, diz-se não para uma série de situações que talvez dessem bons frutos, pelo medo de que consequências negativas também pudessem surgir.
6) Hipersensibilidade
Em certos contextos, uma palavra inofensiva ou um gesto neutro pode se transformar em uma dor muito difícil de lidar. A hipersensibilidade é muito bem resumida na expressão “fazer uma tempestade em um copo d’agua”. A explicação para isso reside no fato de que uma experiência atual reflete uma experiência difícil do passado, então, a reação é ao passado não ao que está acontecendo de verdade no dia de hoje.
Entretanto, com um tratamento psicoterapêutico correto, é possível entender o processo e diminuir a hipersensibilidade.
7) Duplicação de relacionamentos
Uma das mulheres ouvidas por Streep conta que depois de algum tempo se deu conta que havia casado com uma pessoa muito parecida com sua mãe (embora fosse um homem) suas atitudes eram extremamente idênticas à ela:
“Eu casei com minha mãe, com certeza. Na superfície ele era completamente diferente da minha mãe, mas no final da contas, ele me tratava do mesmo modo que ela. Como minha mãe, ele era indiferente e pouco atencioso e, em outros momentos, terrivelmente crítico ou pouco compreensivo”.
Conclusão
Fiz questão de compartilhar com vocês os conhecimentos de Streep em uma data tão próxima ao dia das mães para refletirmos juntos. O objetivo não é criar um sentimento de autopiedade e colocar toda a responsabilidade pelo presente no que aconteceu no passado.
Porém, o primeiro passo de toda e qualquer mudança reside no conhecimento do que está acontecendo, nos sinais e sintomas. Se você acha que as feridas acima fazem parte da sua história como fizeram da história da Peg Streep, procure ajuda. O futuro certamente pode ser muito melhor com a superação das feridas emocionais ainda não cicatrizadas.
Fiquei pasma! Me encaixo em todas e não tinha idéia disso! Já li vários livros de auto-ajuda, fiz um curso de autoconhecimento há alguns anos, até consegui melhorar a hipersensibilidade, mas todas as outras ainda me assombram! Acho que a pior é a estima extremamente baixa. Pois nunca evoluí em nada na minha vida profissional, a pessoa do lado sempre merece mais do que eu.
Amo minha mãe, mesmo com todos os defeitos dela. Até hoje ela não é muito maternal, mas todos temos defeitos, só quero ter o cuidado de não cometer os mesmos erros com meus filhos!
Como lidar com essa estima extremamente baixa?
Olá Roberta!
Eu penso que a melhor forma de aumentar a autoestima é desenvolver a autocompaixão.
Veja o nosso texto – https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/2015/03/autocompaixao-como-voce-trata-a-si-mesmo-3-dicas-uteis.html
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Venho há muito tempo buscando informações sobre o comportamento da mãe comigo, ela me renega qualquer ajuda .Diz que meus irmãos precisam da atenção dela e eu sei me virar sozinha. Ela não me visita ,mas vai a casa do meu irmão tds os dias , o filho que mais maltrata ela.
Hoje estou gravida, já estou com quase 4meses e nem Parabéns recebi ainda dela , choro tds os fins de semana ,eu quando mais nova fiz de tudo pra merecer o amor de minha mãe , fazia de td para ela me notar ,mas , não consegui .Ela nunca participou de nada meu , formatura, noivado, chá de cozinha , chá de bebê ,tenho uma menina de 11 anos .
Lendo a isso td ,ser hipersensível me incomoda bastante, e acabo transferindo essa carência para o meu marido .
Fiquei chocada! sempre soube que eu e ela temos um problema, mas sempre achei também que isso fosse uma coisa da minha cabeça. Todos os meus namorados me tratavam exatamente como ela me trata (com indiferença) e eu acabei me tornando uma pessoa super sensível, insegura, dependente (embora não demonstre isso à primeira vista).
Não sei como resolver isso, mas saber a “verdade” já é um grande passo! Obrigada!!!!
Meu deus lendo esse texto vejo que meu problema é ela…. minha mãe. Nunca foi amiga, parceira…. aquela que na hora do desespero estivesse positivamente ao meu lado. Sempre contdibuiu para minha baixa estima… me sinto desespetada ao ler isso e chegar nessa conclusão.
Me encaixo perfeitamente em tudo… Queria muito ler esse livro, mas não acho em lugar nenhum em português… Ele não tem uma versão traduzida? Se tiver aonde posso encontrar? Obrigada
Creio que ainda não foi traduzido Grabriella!