Quando vemos uma senhora idosa ajudando seus netos, pensamos logo que esta pessoa pode ser considerada uma boa pessoa. Porém, se o neto abusa desta ajuda e a senhora não faz nada para mudar, impedir ou pelo menos diminuir o comportamento de quem está abusando, podemos pensar que a avó – além de boa – está sendo boba.
Em virtude de minha experiência clínica, vejo que muitas pessoas confundem ser bom com ser bobo, como no exemplo acima. Outro exemplo muito comum é de mulheres que cuidam de seus maridos como se fossem crianças, cortando sempre o bife que comem, fazendo o pão e o café e pegando água… sendo que o próprio marido poderia muito bem fazer tudo isto.
Alguns pensam que ser bom é igual a ser bobo, ou seja, acreditam que qualquer pessoa que realize boas ações para os demais é uma pessoa boba, que perde seu tempo com os outros, ao invés de olhar para o seu próprio umbigo. Na direção contrária, existem pessoas que são boas para os que estão ao redor, mas são “boas demais” e, neste sentido, são bobos daqueles que tentam ajudar.
O fato de ajudarmos outras pessoas, seja uma pequena ação ou uma atitude que poderá levar anos (como contribuir com a faculdade ou doar uma parte do que se ganha todo mês), é o que podemos considerar como ser bom. Ainda que a bondade possa ser debatida sob o viés da filosofia, para os nossos propósitos, a bondade aqui é entendida como altruísmo, dedicar um parte de si, de seu tempo e de seus recursos, para a sociedade ou para uma pessoa que está próxima.
Ser bobo do outro quer dizer, por outro lado, ser enganado por alguém que utiliza – consciente ou inconscientemente – a boa vontade de alguém em benefício de si mesmo.
Quem pensa que para ser bom tem que se fazer tudo, geralmente não sabe dizer não. Tem problemas em ser assertivo, impor limites e, em certos casos, brigar, pois pensam que se o fizerem estarão machucando, ferindo as pessoas que amam. Se a avó do exemplo disser não, ou se a esposa “dona-de-casa” disser não para o seu marido, estariam indo contra esta pré-disposição de incapacidade de falar
Não conseguem dizer – “Não, faça você”. “Não, tente você”.
Em princípio, é positivo ser bom, ajudar, contribuir. Mas também é sábio ser bom consigo mesmo e, em certos momentos, “ser egoísta” e dizer não. É importante saber estabelecer nossos próprios limites. Como diz um ditado popular muito sábio: “Não adianta cobrir um santo para descobrir outro”.
muito bom foi muito claro gostei
Olá Leonice!
Obrigado!
Fico feliz que tenha gostado!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Realmente a diferença entre ser bobo e ser bom, é muito grande .Meu pai é tão bom, para as pessoas que chega a ser bobo , sempre falo isso pra ele!
Oi Isabella,
É verdade! Porém, devemos nos lembrar que isto também vem da criação da pessoa não é?
Quer dizer, seu pai é uma pessoa boa (personalidade) mas pode ter adquirido ao longo dos anos a incapacidade de dizer não ou de avaliar o que é necessário fazer, equilibrando-se entre o justo e o bom.
Obrigado por comentar!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Sou um leitor assíduo cá em Portugal :) tenho aprendido muito consigo Felipe de Souza, um obrigado de coração! Ricardo Ribeiro
Olá Ricardo!
É com enorme prazer que leio seu comentário!
Brasil e Portugal (e todos os países de língua portuguesa) são como grandes irmãos. Temos muitos acessos de todos os países lusófonos e isto para mim é motivo de grande contentamento!
Se tiver sugestões para novos textos, é só escrever, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Boa noite, gostei muito da diferenca entre ser boa ou boba, olha tenho 19 anos de casada 02 filhos e sempre vivi pros meus filhos e marido sou leal com ele em tudo, mais ele sempre faz umas coisas nas minhas costas que sempre nos prejudica para ajudar um irmao viciado em drogas, e quando descubro fico furiosa e ele ainda vem se fazendo de vitima pra mim. Nessa altura estou sendo uma pessoa boba ou idiota mesmo? Abracos.
Olá Maria!
Obrigado por comentar!
Bem, neste caso, você é que deve avaliar, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Sofro muito com isso, pois muitas vezes não consigo falar um não para a pessoa, pois acho que posso estar magoando-as ou deixando elas irritada e eu não consigo nessas horas ter nenhum tipo de argumento, fico tensa, atropelo as palavras, enfim, me sinto uma boba mesmo.
Olá Simone,
Entendo o que você diz.
Bem, uma forma de melhorar é buscar aumentar a autoestima. Eu gosto bastante deste áudio da Louise Hay – Aprendendo a gostar de si mesmo
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Comentário: esto feliz com o informe. Na verdade e bom ser bom de bom e, e mau ser bom de bobo.
Sei que o artigo é antigo, mas muito construtivo. Tento olhar mais para mim, e descobrir como deve se ter dosagem nas coisas. Sempre fui uma mulher muito Boa, coração bom, trato a pessoa muito bem, trabalhadora, sofrida, cuidadora e etc.. Mas eu acho que isso deixa o homem talvez numa posição de muita responsabilidade, talvez seja por isso que não tenho boas respostas na vida amorosa. Não sei, talvez eu tenha que me cobrar menos, talvez ser menos tudo para que alguém me ame pelo pouco que tenho que ser. Talvez sendo fraca, porém forte, talvez menos inteligente, mas sendo muito inteligente, talvez não mostrar tantos agrados, e esconder mais o jogo. Talvez, mudei em muitas coisas, mas o sofrimento da vida, faz sermos auto suficientes demais. Talvez eu acabe por obrigar a pessoa a ser o que eu gostaria, por eu ser boa demais e a pessoa em si não ter condições de me oferecer o mesmo; não por incapacidade, mas por obrigação de ser o que gostaria o tempo todo.
É uma virtude ser bom, ninguém passa a sê-lo, muito pelo contrário, há pessoas que nascem boas, diferente de outras que, infelizmente, não possuem esta virtude.