Bem, responder a esta pergunta é fácil. Os psicólogos não podem curar gays ou lésbicas porque a homossexualidade não é uma doença. Simples assim: se o psicólogo oferecesse este tipo de serviço, estaria sendo não só preconceituoso como criando uma doença aonde não existe uma doença.
Se você não conhece ou nunca teve contato com o nosso Código de Ética Profissional, clique no link abaixo:
Código Ética Psicologia Atualizado em PDF
Um dos itens do Código diz o seguinte:
Artigo número 2 – É vedado ao psicólogo: b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais.
Ou seja, não podemos em nossa profissão – e isto é óbvio porém deve ser repetido – induzir a qualquer tipo de preconceito. E repetindo, só podemos curar o que está doente, se estamos saudáveis não precisamos curar nada, certo?
A questão é que muitas pessoas ainda são preconceituosas, por diversos motivos, e o que notamos na atualidade é que o preconceito nasce de determinados grupos religiosos que subvertem os próprios princípios das religiões as quais defendem. O preconceito só gera ódio e afastamento dos demais e que fim bom ou ético ou religioso pode ter?
Recentemente, vi uma brincadeira no facebook na qual um grupo de homossexuais tentava aprovar uma Lei para que os evangélicos não pudessem casar. Invertendo os pontos de vista, vemos como é ridículo qualquer tipo de discriminação.
Podemos fazer o mesmo com a questão da cura de gays, dizendo que devemos criar uma Lei para curar evangélicos. Ora, os evangélicos precisam ser curados? Os gays precisam ser curados?
De acordo com o Código de Ética – e também com a Organização Mundial de Saúde – a homossexualidade não é doença. Portanto, não tem como ser curada. Simples assim. Ponto final. O que você acha?
De mais a mais, acredito que deveria ficar melhor explicado, pois vejo que ainda há muita gente confusa com relação a isso. Um amigo meu queria ajuda para entender a própria sexualidade, pois encontrava-se confuso e perdido, não sabia se encontrava-e no lado hetero ou no lado homo de sua sexualidade. Indiquei que procurasse um psicólogo, para que este o ajudasse a sentir-se bem e encontrar em qual lado o mesmo estava, não fazendo alusão a nenhuma dessa orientações, mas orientando o rapaz a decidir-se, pois isso lhe causava tremenda angústia. Contudo, por mais vontade que ele tivesse de buscar ajuda, teve receio em ir, devido a essa grande questão que está sendo discutida.
Olá Ruana! Obrigado por comentar!
Realmente, é necessário complementar o texto com esta informação. O Conselho Federal de Psicologia se pronunciou a respeito, pois está havendo muita confusão sobre o assunto.
Vou postar no comentário a seguir, a nota de esclarecimento do CFP
Em virtude de uma interpretação errônea da Resolução CFP 001/99 – que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual – o Conselho Federal de Psicologia esclarece que a norma não proíbe as (os) psicólogas (os) de atenderem pessoas que queiram reduzir seu sofrimento psíquico causado por sua orientação sexual, seja ela homo ou heterossexual, e nem tampouco, pretende proibir as pessoas de buscarem o atendimento psicológico.
De acordo com a regulamentação, em seu art. 1º, as (os) psicólogas (os) atuarão segundo os princípios éticos da profissão notadamente aqueles que disciplinam a não discriminação e a promoção e bem-estar das pessoas e da humanidade, o que também está disposto no art. 2º do Código de Ética da profissão, que veda à categoria praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão.
Estão sim proibidos as (os) psicólogas (os) de exerceram qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, e adotarem ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados. O que é corroborado pelo Código de Ética que em seu art. 2º, alínea i, que diz que é vedado à categoria induzir qualquer pessoa ou organização a recorrer a seus serviços.
Ao publicar a Resolução, o CFP atuou de acordo com a sua função de normatização e de regulação da atividade profissional, conforme estabelecido na Lei nº 5.766/71, que cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Psicologia. A tentativa de sustar a norma já foi matéria de decisão judicial da 15ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, que entendeu que a Resolução não viola princípios legais e constitucionais, em maio de 2010.
Por fim, cabe salientar que a norma orienta os profissionais da Psicologia a não se pronunciar e nem participar de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica. De forma alguma, essa orientação fere o direito de liberdade de expressão dos psicólogos, pelo contrário, ela defende o respeito aos direitos humanos e às diferentes formas de manifestação da sexualidade humana.
O que a psicologia pode fazer é exatamente isso! amenizar o sofrimento dessas vítimas da ignorância e falta de respeito advindos de uma sociedade que acha que não pode errar numa determinada ”coisa” mas podem fazer tudo errado em outra! hipócritas! As imagens e cores formam o nosso mundo psíquico, assim uma vez formada em nossa mente aquilo que determinamos e acreditamos para nós isto se torna o nosso universo! aqui tudo é muito individual , eu dou forma a ele e meu universo não precisa ser igual ao de ninguém! Com certeza não para seguir padrões de repetição onde todos acham que deve ser igual a todos para serem normal! o normal nunca foi meu forte, prefiro ser quem eu realmente sou! E acredito que quem critica ou é a favor desse projeto de cura gay tem muito a esconder de si mesmo e da sociedade! Hipócritas!
Bem,se o problema não é genético,doentil,espiritual,comportamental,então é o que?
Railson, o que é um problema? Ter desejos por pessoas do mesmo gênero?
Bem, O problema está na ignorância ou seja, falta de evolução mental, espiritual , comportamental , genético de muitos.Parece que alguns vieram com esse retardamento na genética e é muito difícil haver uma dissolução neste caso! ##Estou falando de pessoas que não aceitam ver o mundo e os outros sem de antemão estarem atados a sua ignorância e falta de respeito coletivo! Um dia um psicólogo me disse que uma pessoa que é resolvida com ela mesma quanto a sua sexualidade , esta pessoa não critica, não esculacha os gostos alheios pois tem certeza daquilo que buscam, do contrario elas ainda tem duvidas e costumam projetar suas mazelas nos gays! Ou seja, aquilo que mais odiamos ou questionamos em outrem pode levar a uma maior compreensão de nós mesmos!Mas é muito fácil ver a propria sombra no outro , as proprias duvidas e incertezas que temos com relação ao que queremos, ao invés de olhar com mais coragem e dignidade a nós mesmos e nos perguntar…Quem eu realmente sou??? Realmente, é preciso de muita coragem e caráter para assumir quem você é de verdade! ##O resto fica por conta do recalque de quem precisa de ajuda pra lidar melhor com seus complexos! me desculpem se falei demais, é que sou a favor da igualdade mais vendo tanta burrice por aí me revolto!
As pessoas precisam estudar mais psicologia! só assim saberão lidar melhor com suas proprias mazelas e saberão respeitar os outros! Não adianta se formar em N cursos, se não entender um pouco de subjetividade humana , com o tempo o humano se torna um animal desprezível!
“O maior trabalho político, social e espiritual que podemos fazer é parar de projetar nossas sombras nos outros”. Carl Gustav Jung
Olá Silas,
Então, meu caro. Realmente é necessário mais consciência! Esta frase do Jung, “O maior trabalho político, social e espiritual que podemos fazer é parar de projetar nossas sombras nos outros”, é extremamente útil para nos ajudar na questão da projeção.
Com isso, não queremos dizer que todos aqueles que criticam outras posturas sexuais, políticas ou o que for tenham exatamente o mesmo internamente. Mas é até possível que isto seja verdade.
O importante é compreender que vivemos todos em um único mundo e devemos nos lembrar dos princípios como justiça, igualdade, fraternidade, pois, sem os valores que permitem com quem convivamos em paz, não teremos nada além de guerras e conflitos!
Podemos discordar da opinião alheia, como dizia Voltaire, mas temos que ter o direito de discordar. Permitir que o outro seja outro é um desafio, mas é um desafio necessário.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Com certeza cada um sabendo respeitar o espaço do outro seria bem mais interessante! Não discordo de ninguém desde que saiba respeitar meus direitos e minha opinião!
Toda maneira de ver é relativa e todo julgamento de um homem é limitado de antemão pelo seu tipo de personalidade.Jung – é isso que muitos não entendem!
Realmente Silas , hoje em dia está tudo muito bagunçado e precisamos nos organizar .Como disse Felipe devemos ter os princípios como justiça e prezar os valores essências , bacana os seus comentários.Um abraço.
Ah, obrigado querido! posso até ter exagerado um pouco mais é resultado de minha indignação por esse pseudo Projeto de cura gay, eles não tem esse direito e isso só vai criar mais preconceito, agora além de viadinho vão começar a chamar os gays de doente! é assim que vão entender.Abraço colega.
Dr. Felipe, boa tarde.
Estava vendo essa história do pronunciamento do Levy Fidelix, e acabei achando esse blog.
Passeando por uma notícia, um rapaz se pronunciou da seguinte forma (aproximada, porque havia muitos erros de português): “se eu quiser procurar ajuda profissional pra me tornar homossexual tudo bem, mas se eu quiser ajuda pra me tornar heterossexual eu não posso?”.
Eu não cheguei a ler o código de ética, mas me parece que a lógica é a mesma: homossexualidade não é doença, da mesma forma que heterossexualidade não é, e o profissional apenas deve se manter neutro, apenas orientando o paciente a realizar uma escolha, mas jamais induzindo a esta ou aquela que ele – profissional – entende, mas àquela que o paciente está tendendo a adotar.
É isso mesmo, Dr? Agradeço a atenção.
Olá Paulo,
Na verdade, o primeiro ponto que devemos pensar é com relação a “escolha” do objeto sexual.
Não existe um consenso, mas existem fortes indícios que não há uma escolha consciente por parte do indivíduo de ter um tipo de orientação ou outra. Assim, um gay não escolheu ser gay, nem um hetero escolheu ser hetero. (Poderíamos inverter e pensar em uma sociedade que tivesse preconceito contra os heteros. Será que seria possível escolher ser hetero?)
Estes textos também podem ser de interesse:
A homossexualidade para a neurociencia
A homossexualidade para a psicanálise
Atenciosamente,
Felipe de Souza
E com relação à sua pergunta sobre a postura do profissional, sim. O correto pelo código de ética seria esta postura neutra.
Atenciosamente,
Felipe de Souza