São várias as teorias que tentam explicar o autismo. Psicanalistas, médicos, psicólogos e neurologistas tentam encontrar sua causa, o tratamento, mas nada parece responder onde estão os pensamentos de um autista, onde está a graça do andar, e o fato de parecerem não habitar o próprio corpo.
Neste texto, você saberá mais sobre o que a psicanálise diz sobre esta doença mental.
Como foi dito no texto A psicose para psicanálise, para Winnicott a mãe deve ser suficientemente boa, ele considera o par mãe-bebê essencial, o que parece não ocorrer em mães de autistas.
Em um congresso de psicanálise, René Diatkine descreve o estado depressivo materno nos primeiros meses de vida do bebê, onde a mãe não se preocupa realmente com a saúde psíquica da criança. Então para a psicanálise o autismo decorreria de uma falha recíproca no reconhecimento entre mãe e bebê.
Em um congresso de psicanálise, René Diatkine descreve o estado depressivo materno nos primeiros meses de vida do bebê, onde a mãe não se preocupa realmente com a saúde psíquica da criança. Então para a psicanálise o autismo decorreria de uma falha recíproca no reconhecimento entre mãe e bebê.
Seguem-se então dois tipos de psicoses autísticas:
– Psicose autística primária: forma calma
Entende-se por psicose autistica primária quando não se nota uma separação entre primeiras semanas de vida do bebê e as manifestações autisticas.
São crianças caracterizadas por um demasiado isolamento, acompanhado de movimentos anormais de cabeça, braços, pernas, com mais frequência nas mãos, movimentos que podem se prolongar por horas, independentemente do que ocorra ao seu redor, mas caso sintam-se invadidas reagem com excesso de agressividade.
No entanto, essas crianças evitam o olhar de todos que tentam entrar em relação com elas. Psicanalistas afirmam que quando conseguem ter um contato visual percebem uma angústia insuportável.
No entanto, essas crianças evitam o olhar de todos que tentam entrar em relação com elas. Psicanalistas afirmam que quando conseguem ter um contato visual percebem uma angústia insuportável.
Essas crianças possuem ausência de palavra e não de comunicação, percebe-se isso quando estão agitadas, agressivas e gritam e berram. São crianças inteligentes, escutam e aprendem o que querem.
Foi relatado por uma Psicanalista e docente da Universidade José do Rosário Vellano um caso em que ensinavam uma música para autistas e uma criança não apresentava nenhum sinal de que aprendera, mas em certo momento foi surpreendida sozinha cantando a musica.
Foi relatado por uma Psicanalista e docente da Universidade José do Rosário Vellano um caso em que ensinavam uma música para autistas e uma criança não apresentava nenhum sinal de que aprendera, mas em certo momento foi surpreendida sozinha cantando a musica.
Distúrbios na alimentação são constantes, apresentam-se no período de desmame. O sono é calmo, essas crianças permanecem na cama, imóveis e de olhos abertos.
– Psicose autística secundária: forma agitada
A psicose autística aparece em torno dos seis meses a dezoito meses de idade, apresentando os mesmos distúrbios e recusas dos autistas primários, mas autistas secundários parecem evitar as pessoas e construírem uma carapaça contra o ambiente.
São crianças caracterizadas por emitirem grandes quantidades de sons. Elas não ficam paradas, a agitação é incessante e se não são interditadas ferem seu próprio corpo, rasgando a própria pele, mas se são contidas, seguradas por adultos, a agressividade é dobrada. Outras vezes a contenção deixa a criança imóvel por alguns minutos.
O sono é perturbado, e possuem ausência de pudor, o olhar é desafiador e não angustiante.
“Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação”
(Mário Quintana)
Acho que a frase: "São crianças inteligentes, escutam e aprendem o que querem." Está um pouco forte, porque passa impressão que o autista, quando não aprende, não possui o desejo de aprender. O caso exemplificado não pode ser generalizado, cada caso é único.
Olá Luis Felipe!
A questão da generalização ou universalização é uma das questões mais complicadas para a psicologia e para as ciências humanas.
Escrevi um artigo que está para ser publicado, justamente sobre esta questão.
Em breve, disponibilizarei o link.
Uma das saídas encontradas na psicologia (e psiquiatria) quando se trata de casos clínicos é justamente a de sub-dividir em grupos menores um grupo maior.
No caso, como Jacqueline disse: autismo (grupo maior), autismo primário e autismo secundário (grupos menores).
É feito isso – assim com no DSM-IV.
Na psicanálise, através da distinção entre estrutura e sintomas.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
A questão da generalização é mesmo uma questão muito complicada como foi dito pelo Psicologo Felipe,o autismo em si é um assunto delicado.
Entrar na questão do desejo do autista,seria ir no para além dos meus conhecimentos,mas ele se interessa por aquilo que não o invade,que o permite ser,se interessa por aquilo que soa como um convite e não uma imposição.
Como estudante de psicologia poderia arriscar a dizer que até mesmo pessoas consideradas normais para sociedade,que não tem o autismo aprendem o que querem.
Jacqueline Fernandes Trinette
Obrigado pelas respostas, mas acho que elas não foram sobre o que eu havia dito. Entendo as classificações propostas, no entanto, estou falando sobre a descrição da capacidade de aprendizagem no caso descrito. O texto não aponta claramente que isto não pode ser generalizado, o que pode gerar insegurança em cuidadores de autistas que não observarem o mesmo progresso.
Pessoalmente, não gosto das divisões tradicionais porque elas classificam a resposta, e não a hipótese. Ao classificar a hipótese, cada resposta é única, ao classificar a resposta, por mais que reduza os subgrupos, ainda aproximam particularidades individuais e massificam tratamentos e comportamentos.
Gosto do blog, acho que ele permite bastante reflexão e que ele possui muitas informações importantes. Parabéns aos dois.