Durante longo tempo, mesmo sendo homem já feito (com mais de 40 anos), ele não conseguia dormir direito. Não era uma insônia pelas preocupações do momento, ou felicidade por ter conseguido o que queria: tinha medo do monstro embaixo da cama.
Todos podiam ver suas olheiras fundas e sua cara de cansado, o que era tão evidente que seu amigo lhe perguntou:
– O que você tem? Você não parece estar lá muito bem!
– É que não consigo dormir. Posso lhe confessar uma coisa?
– Claro! Não é para isso que servem os amigos? Pode confiar em mim.
– Então… é que… (vacilou ele)…é que eu tenho um medo desde pequeno. Não consigo dormir porque fico imaginando que tem um monstro embaixo da minha cama.
– Porque você não procura um psicólogo?
– Boa ideia, respondeu ele. Talvez seja isso o que eu tenha que fazer.
Na semana seguinte se reencontraram. O rosto já estava melhor e o amigo lhe perguntou:
– Procurou o psicólogo? Está fazendo terapia ou análise?
– Não, sabe que não? Tive uma ideia melhor: estou dormindo no chão. Assim não tem como ter um monstro embaixo da cama!
Comentário
Quando ouvi esta piada ri muito. Realmente parece a melhor solução! Ou talvez a solução mais econômica. Entretanto, como profissionais da psicologia temos que informar a todos que a longo prazo esta atitude não se sustenta.
Está mais do que provado que um sintoma (neste caso: o medo do monstro embaixo da cama) quando some aparece em outro lugar. Dizendo de outro modo: como a pessoa não resolveu realmente o seu problema, este problema, este sintoma irá aparecer depois de outra forma. Como?
Ao invés de ter medo de um monstro embaixo da cama, ele terá medo, por exemplo, de lugares fechados como elevadores ou mesmo de lugares com muita gente…
Não é possível afirmar com exatidão como aparecerá, de outra forma, o sintoma inicial. Mas sabemos, pela experiência da psicologa clínica, que o problema retornará, já que não foi resolvido.
Lembro de um caso clínico em que o paciente chegou reclamando que tinha medo de pegar ônibus. Este sintoma foi tratado. Mas logo em seguida, surgiu o medo de elevador. Este sintoma também foi tratado e logo mais reapareceu o medo de sair de casa…
A questão é: será que ele nunca ficará totalmente curado? O grande objetivo de um tratamento é que o paciente se conheça e conheça o motivo de fundo, o motivo original que o faz sentir medo.
Muito legal a deia, ainda não tive tmpo de ler, mas assim que puder o farei Grato
Reginaldo